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Isabella

Meu coração estava em pedaços, enxuguei as minhas lágrimas e sai dali indo em direção a saída, olhei o Lobo que me encarava com a cara séria de sempre. Eu entrei dentro do carro e encostei a minha cabeça no vidro.

Tudo que aconteceu aqui foi tão intenso... os olhares, o sexo, as palavras. Seria perfeito se não fosse pela ocasião e pelo final que teve. Eu realmente não esperava ouvir isso dele, fiz o maior esforço para estar aqui e ainda tive que passar por isso. Eu não precisava me afastar por completo daqui, não conseguiria vir sempre por causa do meu filho, mas ainda iria me fazer presente.

Lobo: tá tranquila?

Isabella: eu tô.

Lobo: ele falou pra você não vir mais? —eu olhei pra ele tentando entender como ele sabia — eu conheço o Branco, eu sabia que ele não ia deixar você vir. Ele não quer que ninguém venha, aqui não é lugar pra vocês mesmo não. Parada é mais embaixo, muita humilhação.

Isabella: mas ele tá aqui por mim.

Lobo: ele tá aqui porque ele foi homem em assumir o b.o dele. Você tá grávida do filho dele, sem lógica ele deixar te levarem. Os caras não iam te levar pra dar um passeio, assim que soubessem que você não estava lá obrigada iam te prender por associação.... mas fica em paz, ele gosta de você.

Eu fechei meus olhos tentando afastar meus pensamentos do Michael e das palavras ditas por ele, acabei pegando no sono e acordei quando já estava na entrada da Penha. Ele me deixou na porta de casa e eu desci agradecendo.

Entrei e fui direto tomar meu banho e deitar na cama, eu estava extremamente cansada, com meu corpo mole e precisava dormir.

[...]

Talita: pensa pelo lado positivo, se ele prometeu é porque vai sair logo.

Isabella: eu não sei Tata —falei alisando minha barriga pra espalhar o óleo  — não teve nem a audiência dele, tenho certeza que em menos de um ano não sai. Ele quem decidiu que seria assim, eu não vou poder parar a minha vida por ele.

Talita: até parece Isabella — deu risada — qual último macho que você ficou sem ser o Branco? — fiquei quieta — tá vendo, nem você lembra. Você se prendeu a ele de uma forma que eu não entendo, até porque ele nesse meio tempo ficou com outras pessoas.

Isabella: é totalmente diferente, eu tô grávida e ele não. Não me sinto confortável pra conhecer outro cara com essa barriga assim, com o Michael é diferente... eu tenho intimidade já e ele que fez eu ficar redonda assim.

Talita: o neném nasce jaja, vamos só ver se enquanto ele tiver preso você vai viver ou esperar ele. Até porque ele disse que vocês iam ter a família de vocês né? E você confirmou.

Isabella: eu não confirmei nada. Não tivemos muito tempo pra conversar depois, foi rápido. Eu não vou me apressar pra ficar com ninguém.

Talita: ele não quer que você vá porque não é ambiente pra você, mas o que impede ele de botar qualquer vagabunda pra visitar ele? Ou você acha que ele vai ficar meses e meses sem sexo? — eu encarei ela pelo espelho sem saber o que falar — tô perguntando sincera, não quero que você fique sentada esperando por ele e ele recebendo outra.

Isabella: eu não vou fazer papel de trouxa.

Talita: vamos ver...

Esse papo da Talita pegou tanto na minha mente que eu não consegui parar de pensar nisso, eu não sabia o quanto tempo ele iria ficar lá dentro e só de pensar na possibilidade de eu estar esperando ele pra gente ter a nossa família e ele comendo outra, me dá um nojo enorme.

Coloquei a minha rasteirinha no pé e sai de casa acompanhada da Talita para irmos na antiga casa dela. Ela já tinha esvaziado tudinho, só ficou as coisas do Brito, não tivemos coragem nem de tocar. Seu semblante mudava de uma forma intensa quando estava aqui dentro, parecia que todas as memórias passavam na cabeça dela.

Eu fui ajudando a empacotar o que ela ia doar pra ONG daqui da favela, o restante iria guardar com ela como recordação. Eu saí com uma sacola no pulso e ela carregando uma caixa na mão.

Talita: já volto. —colocou a caixa no chão e entrou pra dentro da casa de novo.

Escorei na parede para esperar ela, olhei a Angélica junto com a amiga dela, Nicolle, vindo na nossa direção.

Angélica: Oie Isa, tranquilo??

Isabella: sim, de boa.

Angélica: ele está bem?

Isabella: na medida do possível, como diz ele.

Angélica: eu tô com tanta saudade, me dói saber que eu vou ver ele só daqui duas semanas e já era, ele não quer que eu vá mais.

Isabella: Branco é orgulhoso, vamos ver até quando ele vai ficar nessa de ninguém ir lá.

Nicolle: de certa forma ele tá certo, você tá grávida e a Angélica e a mãe dele não merece passar por isso. — se intrometeu e eu olhei pra cara dela incrédula.

Isabella: quando for o dia de você ir me avisa por favor? —ignorei a fala da outra e ela concordou.

Angélica: eu aviso sim. Fica bem você e a Talita, da meus sentimentos a ela. —assenti fraco com a cabeça.

Isabella: dou sim, tchau.

Ela me deu um beijo na bochecha e seguiu o caminho dela. Não temos intimida, mas ela é muito tranquila, se a Talita abaixasse a guardar eu tenho certeza que se dariam bem, porque as duas tem um jeito até parecido.

Talita: o que aquelas asinhas estavam fazendo aqui? — entortou a boca e eu ri.

Isabella: para de graça vai, Angélica te desejou os sentimentos dela.

Talita: agradeça depois.

Nós seguimos o nosso rumo de volta, no caminho passamos em frente a casa do Branco e quem eu vejo saindo de lá? A Nicolle com a Angélica. Mesmo sabendo que não pode ter nada haver já me subia um negócio esquisito.

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⏰ Última atualização: a day ago ⏰

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