Marina - Capítulo 01

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"Todos dizem que amar é fácil mas não, fácil é se apaixonar, amar é complicado pois até você se acostumar e gostar do modo que a outra pessoa pensa, sente, fala ou age, você já desistiu. Caso você não desista, realmente é amor."

Há uma semana perdi meu pai e sei que será muito difícil superar já que foi tão injusto. Um policial matou meu pai! Sim, isso mesmo e injustamente, pois ele não era do tipo que mata, rouba ou trafica, ele era só um médico e por sinal, um dos melhores de Nova Petrópolis! Estou sofrendo muito com isso mas também não é justo minha mãe querer interromper a minha vida com essa história de mudança, isso não irá adiantar nada, tenho certeza. Estou sofrendo muita pressão. Meu irmão Murilo não é mais o mesmo, a terapeuta disse que ele está em choque e não tem consequência do que faz, isso explica o porquê dele não vir mais para casa e quando vem, é sempre bêbado. Éramos e apesar de sua morte, somos apegados demais ao papai. Está sendo bem mais difícil pra ele pois ele estava presente quando tudo aconteceu. Antes éramos muito amigos, compartilhávamos de tudo, agora, ele está fechado, tentei conversar várias vezes mas não me deu brecha, só falou sobre o assunto quando foi prestar depoimento para o delegado que está investigando o caso. Tem uma terapeuta nos ajudando e nos aconselhando, Dra. Leila Rodrigues. Só não gostei da ideia de mudar para o Rio de Janeiro mas foi a ideia que minha mãe aprovou de imediato, o que eu achei bem estranho. Consegui convencê-la de que se meu psicológico estiver bom o bastante, poderei voltar a morar em Nova Petrópolis, de onde, eu nunca deveria estar saindo, com muito custo ela aceitou a proposta. Sem contar que, há duas semanas, Alex terminou comigo mas ele é o amor da minha vida e eu sei que ele vai voltar pra mim. Nos amamos, eu sinto isso e é por isso que tenho que voltar o mais rápido possível.

No momento, estou arrumando minhas malas, mudaremos na quarta e hoje é segunda. Estava esvaziando o meu guarda-roupa, quando caiu uma jaqueta jeans, foi o último presente que papai me deu. Peguei e abracei, minha pressão foi caindo aos poucos, achei melhor me sentar na cama. A ficha ainda não havia caído, meu coração não aceitava de jeito nenhum. Lágrimas foram rolando sobre minha bochecha. Ouvi meu celular tocar, com muito custo o encontrei, era Laura, minha melhor amiga.

— Oi. — falei secando minhas lágrimas.

— Amiga, estava chorando de novo? — indagou, demonstrando um pouco de pena no tom de sua voz.

— Não, está tudo bem. — respondi e dei uma falsa gargalhada.

— Você não sabe mentir. — insistiu.

— Você deveria aprender à acreditar nas minhas mentiras. — afirmei e ela riu.

— Para amiga, seu pai não gostaria de te ver chorando. — afirmou e no fundo, era verdade.

— É... mas ele não está aqui, tem noção de como é isso? — indaguei revoltada.

— Sim e não, nossa situação não é a mesma mas é muito melhor você saber que o seu pai enquanto esteve vivo cuidou e amou você do que saber que ele abandonou sua mãe ainda grávida e teve a coragem de dizer que você nem havia nascido ainda mas já era uma desgraça na vida dele. — disse em um tom misto de tristeza e raiva.

— Desculpa por te fazer lembrar disso... Vamos falar de algo animado. — falei, tentando mudar de assunto.

— Algo animado? Como? Você vai embora na quarta, não tem nada de animado nisso. — disse e eu concordei.

Ficamos conversando por mais alguns minutos e combinamos de passar a terça-feira toda juntas.

Uma despedida. Eu odeio despedidas.

A Escolha CertaOnde histórias criam vida. Descubra agora