Henrique - Capítulo 50

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- É o que? - me assustei.

- Ahn... nada... estou brincando. - forçou um sorriso que não me convenceu nenhum pouco.

- Acho melhor falar logo. - o encarei.

- Vai lá falar com a Laura, é melhor! - saiu rapidamente acompanhado do seu motorista.

Comecei a sentir uma sensação estranha, esse negócio de "papai" não me deixou nada confortável. Falei com a recepcionista e ela me deu um crachá, achei o quarto rapidamente, parecia que tinha algo ali que me chamava.

Respirei fundo e abri a porta lentamente, me assustei ao ver a Laura sorrindo e acariciando a barriga. Quando ela me viu, arregalou os olhos.

- Então é verdade...- sussurrei erguendo as sobrancelhas.

Não... Não pode ser! Eu tinha certeza de que era uma brincadeira, mas não é, eu realmente vou ser pai! Porr4, não estou acreditando nisso! Eu mal conseguia me mover.

- Calma, Henrique! - Marina pediu.

- Como você me pede calma, pô? Calma é uma coisa que eu nunca tive e você mais do que ninguém sabe disso! Ah qual é, só pode ser pegadinha! - praticamente gritei, mas não foi minha intenção, eu só estava... estou nervoso.

- Desculpa, Henrique... pode ir embora, não vou te atormentar com isso! - Laura estava chorando, o sorriso que eu vi ela dar ao acariciar a barriga havia sido desfeito assim que eu entrei, que merda que eu fiz?

- Desculpa, Laura. - pedi enquanto passei as mãos com firmeza em meu rosto.

- Está tudo bem, eu nunca tive um pai e sobrevivi, ele ou ela também vai!

- Aí você apelou! - a encarei.

- Apelei? É porque você não viu o modo como me olhou.

- Marina, nos dá licença? - pedi e ela saiu.

- Não seja um ogro! - sussurrou antes de sair.

Fiquei olhando para Laura que ignorou totalmente a minha presença, estava apenas sussurrando e acariciando a barriga, era como se estivesse conversando com o meu fil... com o bebê. Como ela se apegou tão rápido?

- É meu filho, certo? - ela finalmente me olhou e me encarou.

- Não, eu fiz sozinha. - ironizou e revirou os olhos.

- Nossa, você é uma gênia então! - retruquei.

- Agora já pode ir embora. - seu tom de frieza me assustou.

- Por que você está assim?

- Isso de você não querer ter um filho antes mesmo dele nascer me afeta, não percebeu? - acabei lembrando que aconteceu o mesmo com ela e me senti um verdadeiro otário.

- Me desculpa? Eu só estou assustado... - a olhei e ela me encarou.

- Eu também estou! - disse óbvia.

- Eu nunca passei por isso. - continuei.

- Ah, é sério? E eu já, não é? Claro, vivo tendo filhos. - sorriu sarcasticamente.

Ficamos um tempo em silêncio. Laura sabia há pouco tempo que teria um filho e se alegrou, enquanto isso, eu estou aqui, agindo feito um idiota ao invés de apoiá-la e amar essa criança que também é minha. Eu sei que não tenho nenhuma experiência, afinal, nunca peguei um bebê no colo. Nunca mesmo. Sempre tive medo por ser meio distraído. Minha mãe sempre falava que um bebê é muito frágil, então até mesmo quando meu irmão mais novo nasceu, eu evitei pegá-lo no colo. Mas esse é o meu filho! Eu não tenho direito nenhum de não amá-lo, de não querer pegá-lo, afinal, foi eu quem estava lá com tanta pressa que nem me liguei de pegar a camisinha. Ah, quer saber? Dane-se! Eu vou ter um filho e serei um ÓTIMO pai, assim como o meu pai foi para mim.

- Eu vou ser o pai dele. - me aproximei e acariciei sua barriga, apoiando minhas mãos em cima das dela.

- Está falando sério? - o sorriso que eu havia desfeito, surgiu novamente acompanhado de algumas lágrimas.

- Sim. - sorri enquanto secava as lágrimas dela, a beijei e uma adrenalina surgiu no meu corpo. - Cara, eu vou ser pai!

- Avá. - riu.

- Preciso falar para os meus pais! - a adrenalina se transformou em medo.

- O que? Está com medo dos seus pais? - riu.

- Você não...- dei uma pausa. - Hum, deixa.

Assim que terminamos de conversar, Laura trocou de roupa e marcou com a ginecologista.

Eu até me acostumei com essa parada de ter um filho, vou ensiná-lo há jogar bola, ele com certeza irá torcer para o Fluminense! E com certeza, vai ser o galã do jardim de infância, claro, tendo um pai como eu, como não seria?

Voltamos para a recepção, onde Marina e Gabriel nos aguardavam.

- Se acertaram? Ah, que lindo! Qual vai ser o nome do meu afilhado? - perguntou, Marina, toda animada.

- Quem disse que você vai ser madrinha do meu filho? - ergui a sobrancelha e ela ficou séria.

- Seu e da Laura! - me corrigiu.

- Mas eu sou o pai. - a encarei.

- Ei, eu sou a mãe! - Laura me cutucou.

- Estou brincando, não teria como outra pessoa ser. - confessei e Marina sorriu.

- Isso, vamos babar muito no meu bebê! - disse, Laura abraçando Marina.

- E eu quero ser o padrinho. - disse, Gabriel.

- Aí é um caso há se pensar. - brinquei.


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