Eduardo - Capítulo 80

188 17 0
                                    


Sempre tive o costume de dormir durante o vôo mas dessa vez, não preguei os olhos nenhuma vez. Não via a hora de estar perto dela.

Será que o Miguel estará lá?

— Claro que estará, deixa de ser idiota.

Será que ela já está melhor?

— Claro que sim, ela tem que estar.

Será que ela ainda sente algo por mim como eu sinto por ela?

— Claro que... merda, não sei.

Será que eles realmente se beijaram?

— Droga, com certeza sim...

Bufo enquanto fecho meus olhos, frustrado. Sim, frustrado. Essa é a definição perfeita.

— É normal essa sua mania de conversar sozinho? — Clarice questiona querendo rir.

— Não estou conversando sozinho. — respondo óbvio.

— Ah, é? E com quem estava conversando? — questiona curiosa.

— Com ninguém, só estava respondendo algumas perguntas que a minha mente fez. — digo naturalmente e Clarice solta uma risada.

— Você é perfeito para a Marina. — diz debochadamente enquanto ri e ainda sim, eu sorrio por ela ter dito isso.

Somos perfeitos um para o outro... quer dizer, éramos até eu fazê-la terminar comigo.

Burro.

Assim que o avião pousou, descemos rapidamente e um táxi estava a nossa espera. Fomos direto para o hotel que ficamos da última vez.

— Que horas iremos vê-la? — indaguei, jogando as malas em um canto e me jogando no sofá.

— Poderíamos ir agora. — afirmou, erguendo a sobrancelha.

— Vou só tomar um banho. — avisei.

Assim que me arrumei, visualizei o relógio que marcava 21h30 e provavelmente, todos estariam lá. Parece infantilidade mas não quero que ninguém saiba que eu estive aqui, principalmente o Miguel. O conheço bem, é inseguro como eu e com certeza, faria algo para que eu não pudesse vê-la e porra, só estou aqui para isso.

— EDU, JÁ ESTÁ PRONTO? — gritou Clarice.

Fui até a sala, onde a mesma já se encontrava pronta.

— Você pode ir sozinha. — afirmei.

— E por que você não vem? — indagou estranhando.

— Eu vou mais tarde...— a olhei e ela continuou sem entender. — Beeem mais tarde.

— Você é quem sabe, só não sei se Felipe abrirá mão de acompanhá-la de madrugada. — disse e nós rimos.

Ele se apegou mesmo.

— Eu vou correr esse risco. — afirmo e ela sorri.

— Então okay. — disse indo em direção à porta e acenando.

[...]

Chamei um táxi e eu já não estava aguentando de tanta ansiedade, me senti como se fosse a primeira vez que fôssemos nos ver.

No percurso todo, eu só pensava em uma coisa: chegar perto dela, beijá-la e vê-la acordar como aquela princesa da Disney que ela já disse uma vez que a representa perfeitamente.

Viajei legal.

Assim que desci do táxi, vi Miguel ir em direção ao estacionamento. Esperei ele sair e entrei. Falei com a recepcionista que me levou até onde Clarice e Felipe estava.

— Enquanto uma dorme demais, o outro nem pisca o olho. — Felipe brincou e eu ri.

— Fazer o que... — dei de ombros enquanto o abraçava.

Felipe me levou até o quarto, onde Marina estava e senti que algo havia mudado, a observei e foi aí que percebi que a mudança não era externa e sim, interna.

Meu plano foi por água abaixo.

Não consegui nem ao menos me aproximar, apenas fiquei de longe.

Será que tem que ser assim?

— Claro, você fez ela te esquecer.

Babaca.

Na hora de ir embora, Clarice me chamou e vi que já estava amanhecendo.

— E aí, como foi? — indagou sorridente.

— Não consegui nem me aproximar. — confessei encarando o chão.

— Como é? — indagou estranhando.

— É hora de seguirmos nossos rumos e pelo que eu percebi, são rumos diferentes.

— Mas Edua...— disse mas eu a interrompi.

— O táxi chegou. — afirmei caminhando em direção ao táxi.

[...]

Nunca me senti tão inútil como estou me sentindo nesse momento. Estou de frente com a garota da minha vida e simplesmente, não sei o que fazer. Agora são 4h30 da manhã. Passo todas as madrugadas com ela, no total já foram três e nada aconteceu. Achei que minha presença fosse mudar algo mas não, não mudou em nada. Durante o dia, vejo mais o Gabriel aqui do que o próprio Miguel e isso me deixa bastante surpreso.

Meu celular vibra no bolso e vejo pelo visor que é o meu pai.

— Fala. — digo enquanto me retiro do quarto.

— Isso são modos? — indaga e eu estranho sua atitude.

— Como é? — indago de volta e escuto sua risada.

— Sua namorada já está bem? Já voltaram? Preciso de você aqui. — diz com seriedade dessa vez.

— Ela ainda não acordou, ela está com o Miguel e eu sei que você precisa de mim mas sinto que ela também. — afirmo.

— E desde quando você é desses de sentir? — indaga e acho que é apenas uma brincadeira, então não respondo, esperando sua risada mas ela não vem.

— É sério isso? — indago aumentando o tom.

— Você prefere ficar aí com ela ou me ajud...— diz mas eu o interrompo.

— Beleza, chefe! Amanhã eu pego o primeiro vôo. — afirmo.

— Boa, garoto! Já havia dado entrada na sua passagem. — diz e eu solto uma risada irônica.

— Tchau, pai. — digo e nem espero ele se despedir, apenas finalizo a ligação.

Volto para o quarto enquanto visualizo algumas mensagens que chegaram uma atrás da outra. Julian.

— O que você está fazendo aqui? — ouço e paro no meio do caminho.

Merda!  

A Escolha CertaOnde histórias criam vida. Descubra agora