Eduardo - Capítulo 31

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Estávamos velando o corpo do meu avô, toda a família se encontrava ali e alguns amigos mais íntimos, com exceção da minha mãe e da Gabriela que estavam para chegar. Pedi para que Marina viesse, mas Gabriela disse que ela não poderia. Conheço as duas muito bem e sei que algo estranho está acontecendo. Desde a morte do meu avô, não tenho me sentido muito confortável e meu coração parece estar em chamas. Eu já havia aceitado, mas ainda sim, meu coração permanecia preocupado, como se algo estivesse acontecendo. Estava meio perdido entre meus pensamentos quando avistei Gabriela e por instinto, corri até ela. Realmente, Marina não estava com ela.

- Achei que ela viesse. - falei decepcionado.

- É... não teve como... - seus olhos nervosos denunciavam estar mentindo!

- Hum...- desconfiei.

- Para com essa cara, ela só está ocupada! - se explicou, mas eu sabia que era mentira.

- Então tá. - ergui as mãos em forma de rendição.

Logo que ela se afastou, liguei para Marina, mas só dava na caixa. Fiquei inquieto o enterro todo e travei na hora do discurso, dei sorte que meu pai me ajudou quando viu a minha situação.

- O que está acontecendo? - perguntou, meu pai quando saímos do foco de tantos olhares.

- A Marina não me atendi.

- E o que tem demais nisso?

- Você não a conhece...- tentei explicar.

- Essa noite era para você se despedir do seu avô.

- Eu sei, mas tem algo estranho acontecendo, ela não deixaria de vir!

- Ela deve estar ocupada, ela também tem direitos, não?! - perguntou, erguendo a sobrancelha.

- Tudo bem...- bufei.

Gabriela me encarou a noite toda, era como se quisesse me contar algo. Acho que era nóia da minha cabeça. Nada deve estar acontecendo. Prefiro pensar assim.

- Preciso conversar com você. - sussurrou, Gabriela.

- Sobre? - perguntei apreensivo.

- Depois. - pousou sua mão sobre meu ombro, como se quisesse me consolar.

Peguei em sua mão e fui arrastando-a disfarçadamente até a cozinha.

- O que deu em você? - se soltou e me encarou.

- Eu sei que está acontecendo algo e é melhor me contar agora, nada de depois! - exigi.

- Edu...- a interrompi

- Nada de Edu, fala logo.

- A Mari, ela...- disse pausadamente.

- Fala logo, ela tá com o Miguel? É isso? - perguntei já me preparando para o pior.

- Você é mongol, idiota ou o que? Marina nunca faria isso com você. - era notável a raiva em seu tom de voz.

- Idiota, talvez. - sorri ao lembrar dela.

- Estou vendo! - exclamou.

- Então, qual foi?

- Ela está no hospital.

- O que? Por que? O que houve? - segurei em seus braços e quando percebi o que eu iria fazer, a soltei e me afastei.

- O que deu em você? - repetiu.

- Sinto que está acontecendo algo desde que o vovô morreu e agora que você me contou o que aconteceu não consegui me controlar, desculpa. - pedi.

- Tudo bem...- me abraçou forte.

- Mas o que ela tem?

- Ela está naquele tipo de coma estranho que entrou da outra vez. - explicou.

- Não acredito!

- Calma! - pediu.

- Preciso vê-la, preciso fazer algo. - olhei para o lado e vi a chave do carro do meu pai.

- Você não vai...- disse e se auto-interrompeu.- É, você vai. - balançou a cabeça negativamente ao ver que eu já estava com a chave em mãos.

- Vem comigo?

- Vamos.

Não avisamos à ninguém, apenas peguei o carro e fomos direto para o aeroporto. Tentei trocar a passagem e o rapaz disse que não poderia, pois o último avião com destino ao Rio sairia em três minutos.

- Eu chego lá em menos de três minutos!

- E eu tiro o meu salto para conseguir também. - disse Gabriela.

- Mas não dará tempo. - insistiu o rapaz.

- Olha aqui, a minha namorada está em coma precisando de mim, então é melhor você dar um jeito porque eu vou nesse vôo! - falei seriamente enquanto o segurava pela gola da camiseta.

- Tudo bem...- disse se soltando. - Como disse que é o nome do seu pai mesmo?

- André Milano.

- Então agora corra e se não conseguir, não diga que não avisei. - disse sério mexendo em seu computador.

- Obrigado.

- Não me agradeça.

- Então, de nada. - disse Gabriela e eu ri.

Corremos e o avião ia partir.

- Cartão de embarque? - perguntou uma moça.

Nem fiz questão de responder, apenas entrei no avião que logo embarcou e não deu tempo da moça vir atrás de nós.

- Será que vai dar merda? - perguntou, Gabriela.

- Claro que não, relaxa.







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