Assim que entrei no carro, o motorista me levou para um hotel onde eu encontraria meu pai e mais tarde poderíamos embarcar. "De verdade". Eu me sentia culpado por ter que esconder, mas seria melhor assim. Tudo iria ficar bem e logo, voltaríamos a estar juntos sem nenhum empecilho.
— Por que está com essa cara? — questionou-me, meu pai.
— Não está vendo que é pela Marina. — disse, Clarice.
— Sua filha fisgou o meu filho mesmo! — exclamou, meu pai.
— Eu sabia que iria dar nisso. — disse, Clarice e eu sorri.
— Você podia ir ficar com ela, não é mesmo? Ela precisa de você. — afirmei sem olhá-la.
— Ainda tenho umas coisas para resolver, infelizmente tenho sido a mãe mais ausente que existe. — pelo seu tom, se sentia culpada.
— Mas é isso para o bem dela, um dia ela entenderá.
— Torço por isso. — afirmou.
— Que horas embarcaremos?
— Às 21horas. — respondeu, meu pai.
— E tem vôo há essa hora? — ergui uma sobrancelha.
— Vamos com o particular. — piscou e eu sorri.
Meu tio Felipe logo apareceu e não desgrudava de Clarice, estava sentindo uma certa inveja por eles estarem juntos. Eu queria estar com a Marina agora e os pensamentos de que o Miguel pode estar cuidando dela não me acalma de nenhum modo. Miguel é insistente e por mais que briguemos, ele é um cara gente boa e pode muito bem conquistá-la, tirando a mesma de mim. Não, ele não pode tirá-la de mim. Nem ela pode fazer isso e muito menos eu.
[...]
Era 23h30 quando avisaram que o avião havia acabado de chegar no aeroporto e todos fomos ao seu encontro. O motivo da demora eu não sei, mas deixou o meu pai um pouco aborrecido. Clarice também viria com a gente e o meu tio só iria quando Clarice retornasse, eu via a preocupação estampada em seu rosto quanto à Marina. Ele, realmente, gosta dela como uma filha e isso me deixa mais tranquilo, sei que ela será muito bem tratada.
Um avião em especial nos esperava, achei ele grande só para nós três, mas me deparei com o pai do Miguel que é sócio do meu pai, entre outros funcionários.
Fixei meu olhar naquele avião. Eu tenho as opções de ir ou ficar. Parece ser simples, mas não, não é, principalmente por ter tanta coisa em jogo.
— Tem certeza de que quer ir? — perguntou, meu tio, tocando o meu ombro e eu respirei fundo, demorando para respondê-lo. — Não será covarde se decidir ficar, pelo contrário, será corajoso o suficiente para ter tomado uma decisão sensata.
— Não acha que eu devo ir? — o encarei.
— Sinceramente? — indagou e eu assenti. — Não.
— E por que?
— Se escolher ir, saberá o porquê. Faça a decisão correta. — apenas assenti, simulando um sorriso.
Decisão correta, em outras palavras, escolha certa. A minha escolha certa deve estar dormindo nesse exato momento e eu não posso fraquejar agora, se eu não for, algo de ruim pode acontecer. Sinceramente, prefiro ficar longe dela e ter em mente de que ela está bem do que ficar e ver o pior acontecendo.
— Eu concordo com o Felipe. — nem havia notado que Clarice estava próxima.
— Será que ela me espera? — a olhei e ela sorriu.
— Eu vejo em vocês um amor incomum, eu vejo em vocês um sentimento que eu não via há tempos! — exclamou sorrindo e eu acabei sorrindo. — Tenho certeza que ela te esperará.
— Mas por que acha que eu não devo ir?
— Edu, você é jovem e sinceramente, eu não iria querer a minha filha envolvida nisso... não sei o que deu na cabeça do seu pai! — reclamou revirando os olhos como a Marina sempre faz.
— Mas é para o bem de todos, certo? — franzi a testa e ela assentiu.
— Você é um homem especial! — sorriu enquanto dava umas batidinhas no meu ombro.
O que ela disse, de alguma forma, me afetou. Sempre me vi como um moleque sem noção que errava ao tentar acertar e com certeza, errava ao querer errar. Será que até nisso, a Marina me melhorou?
— Sou seu genro. — falei após alguns segundos e sorri.
— Volte inteiro para a minha filha. — me abraçou e eu retribui com intensidade, era como se eu estivesse abraçando a minha Marina.
Meu tio Felipe e minha sogra são pessoas sábias, mas ainda sim, prefiro ir pelo meu instinto. Me dirigi até o avião e me sentei ao lado do meu pai que sorriu surpreso ao me ver.
— Achei que ficaria. — confessou.
— Sacrificar é preciso. — afirmei e ele apertou minha mão.
— Há qualquer hora, poderá voltar... é só pedir. — avisou como se soubesse o que estava para acontecer.
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A Escolha Certa
RomanceSinopse: Fazer a escolha certa. Simples, não?! Mas e se, essa escolha tivesse duas opções irresistíveis que demonstram te amar incondicionalmente? E então, você saberia escolher diferenciando o verdadeiro amor do amor carnal? Marina levava uma vida...