Dar vida há uma esperança é uma grande responsabilidade pois nunca se sabe até quando ela se manterá viva. Dizem que ela é a última que morre mas depende muito da situação, pois ela é frágil e para matá-la basta uma cena ou até mesmo, uma palavra. Não digo isso só por dizer mas por ter experiência nisso. Eu dei vida há uma, à alimentei corretamente mas infelizmente, ela não dependia só de mim e só para esclarecer, a pessoa que deveria alimentá-la, foi quem a matou. Não posso culpá-la. Eu sempre soube que ela amava outro e que certamente, voltaria para ele mas não imaginei que seria tão rápido. Ele estava ali aos beijos com a garota dos meus sonhos. A lágrima foi inevitável, foi uma única lágrima que parecia descarregar toda a minha decepção. Eu não estava decepcionado com ela mas sim, comigo. Eu não conseguia pronunciar nenhuma palavra mas forcei tanto que um grito escapou acompanhado de alguns xingamentos. Eduardo nem se deu ao trabalho de me olhar e acho que se não fosse por Marina ter o afastado, eu ainda estaria aqui presenciando eles se amarem na minha frente.
— Miguel...— ela disse ofegante e totalmente constrangida, diferente do Eduardo que apenas abaixou a cabeça como se não fosse proposital eu ter presenciado e bem que, eu queria acreditar nisso.
— Desculpa atrapalhar. — falei quase em um sussurro.
— Tudo bem...— disse dando um pequeno sorriso que fez o Eduardo olhá-la de maneira diferente, como se a reprovasse por tal ato.
— Pelo visto, você o perdoou. — afirmei e ela me olhou, parecia estar bastante confusa.
— Na verdade, não. — me corrigiu e eu vi minha esperança ressurgir das cinzas.
— Como é? — Eduardo se pronunciou e logo depois, me olhou com raiva... como se eu tivesse culpa.
— Não é assim que as coisas funcionam, Eduardo. — Marina explicou e Eduardo parecia se alterar mais há cada segundo.
Presenciá-los discutindo me deixou bastante desconfortável. Beleza, isso me favorecia mas o Eduardo também a ama, sou amigo dele — Bom, eu acho que ainda sou. — há anos e nunca vi ele se sacrificar tanto por alguém, porém, eu não tenho culpa de amá-la também, tanto que se eu pudesse, já teria seguido a minha vida mas parece que algo me puxa para trás mas também não quero ser obstáculo para eles ficarem juntos. Bom, não que eu seja o amor da vida da Marina até porque se eu fosse, o Eduardo é quem teria que renunciar mas no caso, sou eu quem devo renunciar. Eu já deveria ter feito isso mas também não é minha culpa se ele quer esconder tudo dela, resultando na ausência do mesmo pois assim, ele abre espaço para que outras pessoas entrem na vida dela. Ele sabe — Todos nós sabemos. — que a base de um relacionamento é a sinceridade e a confiança, então pra quê esconder? Sei que seria tudo mais fácil se ela soubesse, mas Eduardo é assim, sempre opta pelo mais difícil.
— Miguel? — ouvi Marina me chamar, me despertando para a relidade.
Renúncia. Renuncia.
— Diga. — pedi e vi que ambos me olhavam, talvez se perguntando o porquê eu ainda estava ali.
— Preciso conversar com você. — afirmou e o assunto já estava claro qual seria.
— Termina sua conversa com o Eduardo antes. — sugeri e olhei para ele que me encarou, ergui a minha mão esquerda, ele me entendeu no mesmo instante e Marina nos olhava confusa.
Erguer a mão esquerda na nossa linguagem era como dizer "tudo bem, eu já entendi qual vai ser". Desde pequenos, um de nós fazia esse gesto quando os dois queriam a mesma coisa e ao mesmo tempo. Não tínhamos o mesmo gosto só para mulheres e sim, para quase tudo. Nem preciso dizer que usei esse gesto mais do que o Eduardo, não é mesmo?
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A Escolha Certa
RomanceSinopse: Fazer a escolha certa. Simples, não?! Mas e se, essa escolha tivesse duas opções irresistíveis que demonstram te amar incondicionalmente? E então, você saberia escolher diferenciando o verdadeiro amor do amor carnal? Marina levava uma vida...