Marina - Capítulo 19

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Acordei em um hospital, como fui parar aqui? Murilo estava dormindo todo desajeitado em um sofá que parecia ser duro. Eu não acreditava no que tinha feito na noite anterior, o sono tentou me matar? Não, é mais fácil eu ter tentado me matar. Havia uma confusão na minha cabeça, pois eu nunca fui dramática ao ponto de tentar me matar por causa de um namorado. Comecei a me arrepender e há pedir desculpas para Deus, quando Murilo acordou com uma de minhas orações de desculpas.

- Louca, que vontade de te bater! - disse pulando do sofá e me encarando.

- Desculpa, eu sei que errei - falei.

- Ontem era pra ser um dia especial, mas não foi e você tem culpa nisso - disse e meus olhos lacrimejaram, fazendo com que as lágrimas saíssem rapidamente uma atrás da outra.

- Desculpa, não foi essa minha intenção, me desculpa, por favor - pedi desesperada e o mesmo me abraçou forte.

- Não se desculpe, mas me conte o que houve - disse.

- Eduardo deduziu, não sei como, que gosto do Miguel - falei.

- Ele veio aqui - disse e eu não acreditei.

- É sério? - perguntei.

- Sim, mas foi embora quando viu o Miguel aqui - disse e eu chorei mais.

- Ele é um idiota! - exclamei.

- Calma, calma - disse alisando meus cabelos.

O médico veio e pediu que Murilo se retirasse.

- Está tudo bem? - perguntou.

- Não - falei e ele correu em minha direção, pegando o estetoscópio e ouvindo as batidas do meu coração.

- Mas estão normais - disse me olhando.

- Desculpa - pedi. - É que fisicamente estou bem, mas emocionalmente, não - falei.

- Quero saber cada detalhe do que aconteceu ontem - disse e eu contei. - Então, você tentou se matar? - perguntou.

- Acho que sim - falei.

- E esse sono é excessivo? - perguntou.

- Sim, muito, pareço uma ursa - falei e ele riu.

- Você tem quantos anos? - perguntou.

- Dezesseis - falei e ele foi anotando tudo em sua prancheta.

Logo, ele saiu e minha mãe entrou.

- Filha - disse e me abraçou, eu a abracei tão forte que sentia que iria sufocá-la, então me afastei. - Tudo bem? - perguntou tocando meu rosto.

- Sim - menti.

- Por que fez aquilo? - perguntou me abraçando novamente. - Só de pensar que eu poderia te perder também - disse e senti suas lágrimas em meu rosto e chorei também.

- Desculpa, não quis causar mal há ninguém - falei.

- O importante é você estar bem - disse beijando minha testa.

Alguém bateu na porta.

- Pode entrar - falei e Miguel colocou só a cabeça para dentro.

- Oi - disse me olhando.

- Entre - falei.

- Vou deixar você com seu amigo - disse minha mãe me dando um beijo na testa. - Oi Miguel - disse sorrindo.

- Oi Dona Clarice - disse e ela saiu. - O que aconteceu ontem? - perguntou direto.

- Primeiro me responda o que foi fazer lá em casa - falei.

- Você me ligou, depois desligou, achei estranho e fui até lá ver o que era - disse.

- Eu te liguei pra dizer que eu acredito no que você diz sentir por mim - falei e ele sorriu. - Mas, que não posso corresponder, porque eu gosto é do Edu - continuei e seu sorriso se desfez.

- Hum, e por que se jogou na piscina? - perguntou.

- Eu estava com sono, não sei explicar - falei.

- Por que o Eduardo não veio te ver? - perguntou desconfiado.

- Murilo disse que ele veio, mas que não ficou porque você estava aqui - falei e ele se levantou.

- Desculpa, eu vou embora pra ele vir - disse.

- Não - falei e ele me olhou. - Eu duvido ele vir, então fique - falei.

- Por que não? - perguntou.

- Ele terminou comigo - falei e ele arregalou os olhos.

- Por que? - perguntou.

- Achou que gosto de você - falei.

- Qual o motivo dele achar isso? - perguntou.

- Eu ter te ligado - falei.

- Ele é um idiota - disse.

- É exatamente o que eu penso - falei e ele sorriu.

Fiquei um tempo conversando com o Miguel, ele não era tão retardado como eu pensava, era até engraçado. Mas meu pensamento vivia no Eduardo.

Como ele pôde achar que gosto de alguém, que não seja ele?

Estava anoitecendo, quando Miguel foi embora. O médico apareceu e disse que no dia seguinte eu teria alta. Murilo, me confirmou que o sofá era duro, mas acabou dormindo novamente nele, porque minha mãe tinha o trabalho, ainda bem que ela trouxe algumas coisas pra ele, incluindo travesseiro, colxas, almofadas, o que deixava o sofá mais suportável. Eu já estava com sono, então dormi facilmente.

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