Acordei de madrugada com uma movimentação estranha dentro do apartamento, esperei um pouco e ouvi alguns gritos, provavelmente de Laura. Pulei da cama rapidamente e corri até o seu quarto, Henrique estava pegando a bolsa que havia as coisinhas do bebê e Laura estava sentada na cama com as mãos na barriga e chorando enquanto respirava fundo, fiquei sem reação ao presenciar aquela cena, não sabia como ajudar.
— Eu pego ela no colo e você pega as coisas do bebê, pode ser? — Henrique pediu e eu logo assenti.
Eu estava sentindo como se eu também estivesse tendo um filho, era uma aflição danada! Não entendi como Henrique estava tão calmo, pelo menos era o que aparentava até ele pegar no volante... me senti em um dos filmes do Velozes e Furiosos!
— Vai com calma. — pedi.
— Ele tem que ir rápido mesmo. — Laura disse, bem ofegante.
Ela segurava a minha mão e apertava toda vez que a contração vinha, não vou dizer que não doía mas eu estava dando a entender que era forte, eu precisava ser!
Assim que chegamos no hospital, avisaram que só uma pessoa poderia entrar, obviamente seria Henrique.
— Pode ir, ela vai precisar de você! — Henrique disse e eu não acreditei no que estava ouvindo.
— Ô coisinha, você é o pai, sabia? — ironizei, cruzando os braços.
— Eu tô nervoso! — exclamou, andando de um lado para o outro.
— Não mais do que ela, seja homem! — exclamei séria, o empurrando.
— Tem certeza que não quer entrar? — indagou, me olhando.
— Absoluta! Grava uma coisa: esse é um momento de vocês e é um momento inesquecível, vai perder essa oportunidade? — indaguei, erguendo a sobrancelha e ele realmente, estava muito nervoso. — Você ainda está pensando? É a sua filha, acorda! — falei óbvia e dessa vez, não precisei empurrá-lo.
Voltei para a recepção e a ansiedade veio à tona, precisava de alguém ali comigo. Liguei para o Gabriel e não demorou muito para que ele chegasse, parecia ter sido atropelado por três caminhões.
— O que houve? — indaguei, o abraçando.
— Tô virado. — disse fazendo careta e eu ri.
— Tem noção? Nossa afilhada está vindo! — falei sorrindo.
— Nossa? Então, eu vou ser o padrinho mesmo? — indagou surpreso.
— Tenho quase certeza. — falei, deixando a dúvida no ar.
É claro que seria o Gabriel já que assim como eu, Henrique já estava o considerando um amigo e posso dizer que um dos melhores. Gabriel sempre esteve presente, nunca demonstrou estar insatisfeito por estar ajudando, pelo contrário, se sentia ofendido quando evitávamos pedir a sua ajuda e o melhor, era verdadeiro o tempo inteiro. É difícil encontrar alguém assim e sou grata por ter o encontrado.
— Por que está me olhando assim? — indagou curioso.
— Por nada. — falei rindo e ele ficou sem entender.
Passamos a madrugada e um pouco da manhã esperando por notícias até ver um Henrique chorando e sorrindo vindo de encontro a nós.
— E aí? — indaguei sorrindo.
— É linda! — disse ainda em transe.
O abracei e choramos juntos. Eu sentia uma forte emoção por saber que meus melhores amigos estavam felizes e agora, teria uma coisinha para nos fazer mais felizes! Já sentia vontade de mordê-la e ficava imaginando como ela era, torcia para que fosse gordinha e tivesse aquelas bochechas que encantam qualquer um.
— E quando vamos vê-la? — indaguei deixando minha ansiedade e curiosidade transparecer.
Gabriel no mesmo momento segurou no meu braço, como se quisesse dizer "se ela vai, eu vou", o que nos fez rir.
— Eu deixo você vê-la. — Henrique brincou, se gabando.
— E então? — indaguei, o olhando.
— Assim que levarem Lavínia para o quarto, vocês podem ir visitá-la. — avisou.
— Vai demorar muito? — indaguei, fazendo careta.
— Um pouco mas por enquanto, podem ir vê-la no berçário.
— É sério? — Gabriel e eu indagamos juntos e automaticamente, nos olhamos.
— Imitão. — falei o beliscando e ele riu.
— Venham. — disse e nos guiou.
Assim que Henrique apontou, pude ver o quanto era linda! Tinha os cabelos clarinhos mas que não chegavam há ser tão louros quanto os de Laura, era gordinha e muito mais linda do que eu havia imaginado.
— É tão linda...— sussurrei sorrindo.
— Tendo eu como pai, como poderia ser feia? — indagou rindo.
— Por esse mesmo motivo. — Gabriel respondeu e eu não aguentei, tive que rir.
— É por isso que você não vai ser o padrinho dela. — disse sério mas piscou discretamente para mim.
Gabriel estava querendo tanto ser o padrinho de Lavínia que eu estava ficando com dó por colocarmos tantas dúvidas na mente dele.
Fomos para o quarto de Laura e assim que adentramos, ela nos encheu de perguntas, já que ainda não havia visto sua filha.
— Calma, a enfermeira logo virá. — Henrique disse e ela virou a cara.
— Você pede calma porque já a viu, eu só ouvi o choro. — disse séria mas logo sorriu.
Não demorou muito para que a enfermeira viesse com Lavínia, nos deixando vê-la de pertinho mas tivemos que nos retirar já que Laura iria amamentar pela primeira vez e logo depois, a enfermeira guiaria Henrique no primeiro banho da pequenininha.
— Você já vai? — indaguei para Gabriel.
— Tô precisando dormir. — disse aparentemente cansado.
— Eu vou com você, posso? — pedi e ele riu.
— Claro. — disse e fomos abraçados até seu carro.
O caminho todo foi um silêncio, até que tomei a liberdade de ligar o som e colocar em alguma música que eu gostasse. Começou há tocar uma música bem antiga e quando percebemos, estávamos os dois cantando e rindo.
— Por que você não vem comigo lá para a minha casa? — me convidou e eu o olhei surpresa.
— Uai, pode ser. — falei e ele riu, balançando a cabeça negativamente. — O que é agora? — indaguei, cruzando os braços.
— Nada. — disse e continuou rindo.
— Cada maluco...— sussurrei.
Assim que chegamos, fui bem recepcionada pelos pais do Gabriel, principalmente pelo o seu pai que me olhava com uma certa curiosidade se posso assim dizer. Senti uma coisa diferente mas tratei de esquecer.
— O Gabriel fala muito de você. — a mãe do Gabriel disse e eu o olhei, esperando que ele confirmasse.
— Quando se tem só uma amiga, dá nisso. — Gabriel disse e eu fechei a cara, o fazendo rir.
— Mas é só amizade? — o pai do Gabriel indagou e eu quase engasguei com o ar, se é que isso é possível.
— Claro. — dissemos juntos.
— Não consigo enxergá-la como outra coisa. — Gabriel continuou e eu sorri.
Era um alívio saber que não havia outro tipo de sentimento, além da mais pura amizade. Quando você faz um amigo, você corre o risco de se apaixonar ou considerá-lo eternamente como um irmão e digamos que se apaixonar por um amigo não é uma boa opção pois querendo ou não, enfraquece a amizade e como no nosso caso, somos como irmãos, não corremos o risco de nos decepcionarmos, só corremos o risco de ter que aturar um ao outro até o fim.
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A Escolha Certa
RomanceSinopse: Fazer a escolha certa. Simples, não?! Mas e se, essa escolha tivesse duas opções irresistíveis que demonstram te amar incondicionalmente? E então, você saberia escolher diferenciando o verdadeiro amor do amor carnal? Marina levava uma vida...