Marina - Capítulo 66

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Senti meu mundo desmoronar assim que finalizei aquela ligação. Eu não o tinha mais, eu o perdi de vez! O idiota que me irritou desde o primeiro dia que eu cheguei aqui se foi e algo me diz que é para sempre... O que eu achava antes dele ir viajar agora é algo concreto, ele não voltará mais. O problema é que eu não sei o que eu faço para me reerguer, eu só consigo chorar.

Eu ainda estava na sala de estar com o celular na mão esperando que ele retornasse a ligação e ficássemos bem de novo, mas isso não aconteceu. Ouvi quando alguém abriu a porta, praticamente arrombando a mesma.

— O que aconteceu? — perguntou, Gabriel correndo em minha direção e me abraçando.

— Acabou....— foi só o que eu consegui dizer.

— O que acabou? — questionou aparentando estar mais nervoso do que eu.

— Ai, Gabriel! — exclamei sentindo meu peito queimar.

— Não é você que sempre pede calma? Então, tenha calma. — o abracei forte, apoiando meu rosto em seu ombro que após alguns segundos se encontrava encharcado devido as minhas lágrimas.

— Você tem razão... não dá para ter calma. — respirei fundo tentando controlar o choro que insistia em me dominar.

— Quer me contar o que houve? — questionou pousando sua mão sobre meu rosto e fazendo carinho no mesmo.

— Eu... eu... droga! Não consigo. — resmunguei, voltando há chorar.

— Consegue sim! Se concentra. — pediu enquanto apoiava suas mãos em meus ombros.

— Eu estou solteira. — soltei de uma vez.

— Como é? — me olhou com os olhos arregalados.

— Eduardo terminou comigo. — expliquei e chorei mais ainda.

— O que deu nele? — questionou enquanto se sentava no sofá.

— Acha que eu gosto do Miguel. — respondi me sentando ao seu lado e me aconchegando no seu braço.

— E isso é verdade? — me olhou sem reação.

— Claro! — ironizei e o encarei.

— Vocês vivem tão colados agora que... vai saber né. — deu risada e eu fechei a cara.

— Isso não tem nada haver! Mas sabe o que eu acho?

— O que?

— Que se ele queria terminar, era só falar que não queria mais ou que enjoou, sei lá, agora inventar motivo é algo ridículo!

— Você tem razão... mas não sente nada mesmo pelo Miguel? — questionou e eu o olhei.

— Ele é lindo mas eu sou trouxa demais, sei que daqui para frente estarei me iludindo de que o Eduardo voltará atrás.

— Você não pode esperá-lo para sempre.

— Isso quem decide não sou eu, é o meu coração.

— Escuta aqui! Ou você esquece ele ou vai sofrer muito! — exclamou apontando para o meu coração, como se estivesse conversando com o mesmo.

— Você é ridículo! — bati em seu braço e dei risada.

— Descobri um novo ódio. — disse sério.

— Ah é? E qual seria? — o olhei e ele me olhou, me puxando para um abraço.

— Tenho ódio de quem te faz chorar. — me deu um beijo na testa e eu o abracei mais forte.

— Droga, Gabriel! Você está me fazendo chorar. — ri enquanto algumas lágrimas desciam, lágrimas pelos motivos certos.

— Mas é de emoção que eu sei. — brincou e eu concordei, rindo.

— Obrigada, não sei o que faria sem você. — confessei.

— Provavelmente, ainda estaria esperando uma ligação daquele mané.

— Cem por cento de chance disso acontecer.

— Quero que você viva!

— Mas eu vivo. — o olhei sem entender.

— Viva por você!

— O que quer dizer?

— Chega de colocar os outros como prioridade, a prioridade aqui tem que ser você! Já te falei isso uma vez mas pelo visto, entrou em um ouvido e saiu pelo outro! — reclamou.

— Eu acabei de perder o meu namorado que eu amo mais do que tudo, desculpa por não conseguir rir dessa situação! — retruquei cruzando os braços.

— Está vendo? Você não pode amar alguém mais do que tudo porque esse tudo inclui você e você tem que se amar em primeiro lugar, beleza, seu relacionamento teve um fim mas você tem que ter em mente que o único que perdeu alguém aqui foi ele!

— Nossa! — ergui as sobrancelhas. — Pior é que você tem razão.

— Eu sempre tenho. — piscou.

— Ah, claro! — revirei meus olhos.

— Não quero nunca mais te ver na situação em que você estava quando cheguei aqui, sério mesmo! Se o Eduardo estivesse aqui, eu o espancaria sem pensar duas vezes!

— Ei, não fala assim! Parece um psicopata. — brinquei.

— Eu tenho um lado bem psicopata mesmo.

— Você é uma pessoa boa agora, esqueceu?

— Esqueci.

Gabriel fez questão de ficar comigo a noite toda, Murilo tinha mandado mensagem avisando que dormiria na Gabriela, como se isso fosse uma novidade... Felipe demorou para chegar e quando chegou, apenas nos cumprimentou e foi para o escritório, sua expressão era fechada, algo ruim deve ter acontecido mas preferi ficar na minha.

— Dorme aqui hoje? — pedi.

— Todo dia um cara novo dorme aqui, você está muito saidinha! — brincou e eu ri.

— Vem. — o puxei.

Aquela noite eu consegui ficar bem porque o Gabriel estava ali, mas ele não estaria todos os dias e eu sabia que era questão de cair a ficha para eu desmoronar de vez. Estávamos deitados na minha cama, nele eu confiava ficar assim, afinal nos víamos como irmãos e não havia maldade alguma ali, apenas uma amizade que eu esperava nunca perder.

— Não se preocupe, vou ficar com você todos os dias. — sussurrou como se estivesse lendo os meus pensamentos e eu me assustei.

— Obrigada. — sussurrei de volta e ele sorriu fechando os olhos.

Naquela noite, eu percebi que eu não precisava de um namorado e sim, de uma dose de amadurecimento. Chorar por causa de um término de namoro? O que aconteceu comigo? Nem com o Alex foi assim, se bem que não dá para comparar, mas ainda sim, essa situação é ridícula. Cheguei no meu limite! Vou viver do meu jeito agora e muitas coisas vão mudar, chegou a hora de crescer e ver que não dá para manter na minha vida alguém que quer ir embora. Se ele quis ir, pois bem, bom para ele e melhor para mim. 

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