Eduardo - Capítulo 79

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Já faz mais de duas semanas que simplesmente, não paro em casa e se paro, é só para dormir e por poucas horas. Estamos perto de encontrar o cara, com a ajuda da polícia americana e até mesmo com alguns que trabalham para a empresa. Eu ainda não entendi bem o motivo mas desde quando tem que haver motivos para praticar o mal?

Com muito esforço, me levanto e faço minha rotina matinal. Olho para a cômoda e os papéis não estão lá, vasculho nas gavetas e em todos os lugares mas não os encontro. Vou até a cozinha, onde encontro Mirian, nossa "empregada".

— Bom dia, senhor Eduardo. — diz formalmente.

— Bom dia, a senhora lembra onde colocou alguns papéis que estavam na minha cômoda? — indago torcendo para a mesma se lembrar e a resposta não ser a lata de lixo.

— Claro, o senhor deu uma olhada em sua pasta? — questiona e realmente, lá eu não olhei.

— Eu vou olhar, obrigado. — agradeço e a mesma apenas sorri.

Pego minha pasta e reconheço a primeira carta, pego todas as outras e começo há abrí-las sem cerimônia. Me decepciono ao ver que são simples cartas, algumas são faturas dos cartões de crédito e outras nem são para mim.

Desço com as cartas em mãos à procura de Clarice.

— Pai, sabe onde Clarice está? — indago ao vê-lo jogado no sofá, não sou o único exausto aqui.

— No escritório. — responde e volta a mexer em seu notebook.

Encontro Clarice no telefone e pelo sorriso bobo, é o meu tio Felipe.

— Sim, eu conto para ele... É, eu sei que não vai durar...— diz mudando de expressão e me olhando.

Me sento na cadeira à sua frente e logo, ela se despede do meu tio.

— Oi. — ela diz me olhando.

— Oi... é... o que significa isso? — indago colocando as cartas na mesa, literalmente.

— Que você tem dívidas. — brinca e eu sorrio, balançando a cabeça negativamente.

— Achei que tivesse uma carta em especial. — afirmei.

— Achou? — indaga erguendo a sobrancelha.

— É, achei porque você sorriu daquela forma...— explico.

— É, eu sei mas você achou? Como assim? Não tinha? — indaga tão surpresa quanto eu.

— Não tinha nenhuma. — respondo.

— Mas eu coloquei lá. — diz sem entender.

— Que carta era essa? — questiono, bastante curioso.

— Esquece... agora não tem mais importância. — diz triste e decepcionada.

— E por que não? — indago estranhando sua reação.

— Eduardo... Felipe disse que a Marina está seguindo em frente. — diz com uma expressão triste e eu entendo o que ela quer dizer.

— Miguel? — sugiro e ela apenas assente com a cabeça.

— Não desiste dela, não. — ela sussurra.

— Como não? — indago estressado.

— Procura a carta novamente. — me aconselha.

— Não, está tudo bem... se ela consegue, eu também consigo. — digo e me retiro.

Me deito com os fones de ouvidos e acesso o YouTube, à procura daquelas músicas que me trazem tantas lembranças. Jorge e Mateus não sabem o quanto suas músicas me fazem bem e mal ao mesmo tempo. Estava quase dormindo, quando a reprodução automática me leva até um novo vídeo. Henrique e Juliano.

Outra dupla sertaneja.

Presto atenção na letra da música e há cada trecho, me sinto pior, me sinto um lixo para ser mais sincero.

— Cuida bem dela...— sussurro e sinto uma maldita lágrima escorrer pelo meu rosto.

[...]

Acordo sendo sacudido por Clarice.

— Acordei, acordei. — aviso meio grogue de sono.

— Eduardo, preciso que venha comigo. — pede me olhando e vejo seus olhos se desmanchando em lágrimas.

— O que houve? — questiono me levantando rapidamente.

— Preciso que me acompanhe ao Rio. — pede.

— Mas eu não...— digo mas ela me interrompe.

— Por favor, Eduardo. — pede novamente.

— O que aconteceu? — questiono preocupado com o seu estado.

— A Marina...— diz e meu coração para por longos segundos.

— O que tem ela? — questiono nervoso.

— Ela teve outra crise de sono, só que ela não está mais acordando. — explica.

— Como assim? — questiono sem entender. — Ela sempre acorda, é de lei.

— Não é mais, ela vem tendo ataques cardíacos enquanto dorme. — explica e eu me vejo sem chão.

Como dizer não, se o coração implora um sim? Sei que a razão é quem deveria mandar nesses momentos, já que a emoção sempre acaba nos ferrando mas eu não conseguiria dormir sabendo que ela está mal. Porra, ela pode até estar sendo feliz com outro mas o bem estar dela sempre será a minha prioridade. Eu não poderia ficar ali, apenas esperando telefonemas para saber como ela está. Ela não merece passar por tudo isso. Ela é uma garota extraordinária e não digo isso só por ser apaixonado por ela, beleza, é por isso também mas enfim, o pior de tudo é saber que eu estou longe...

Por pouco tempo.

— Eu vou com você. — afirmo com toda convicção que há em mim.

A Escolha CertaOnde histórias criam vida. Descubra agora