Marina - Capítulo 44

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Felipe? O que ele está fazendo aqui?

- Oi.

- Olá, posso entrar?

- Ah, claro, desculpa...- dei espaço para ele passar.

Nos sentamos e ele ficou me olhando de um jeito diferente, não sei explicar.

- Deve estar estranhando, não é mesmo?

- Realmente...

- É, eu também estou. - sorrimos.

- Mas o que houve?

- É que sua mãe irá viajar há negócios amanhã e pediu para que eu te levasse ao médico para saber sobre o seu estado...- parecia preocupado.

- Ah tá.

- Podemos ir na segunda às 9horas, o que acha?

- Estarei na escola.

- Huum, a tarde então?

- Não, às 9horas mesmo. - sorri.

- Mas você vai estar na escola. - sua expressão era de confuso.

- Então...

- Aaah, entendi. - rimos.

- Há não ser que seja um problema.

- Claro que não, te busco às 9horas.

- Okay então. - sorrimos.

- Só não conte para a sua mãe que irei te buscar em horário de aula, se não... - fez sinal de faca no pescoço e rimos.

- Pode deixar, segredo nosso!

- Bom, já vou indo. - se levantou e me abraçou.

- Boa noite. - lhe desejei.

- Você está sozinha?

- Sim, o Edu já foi pra casa.

- E os seus amigos?

- Então, estou estranhando já que eles estavam na mesma reunião que o senhor.

- Ah, é que eu... eu... bom...- eu o interrompi.

- Saiu de mansinho porque a reunião estava chata. - rimos.

- Quase isso.

- Quase? - ergui a sobrancelha.

- Beleza, aquilo estava um porre! - exclamou e nós rimos.

- Sei como é, a primeira vez que fui, fiquei entediada. - revirei meus olhos.

- Eu sempre fico entediado. - rimos. - Por que a mocinha estava chorando?

- O que? - perguntei surpresa, como ele sabia?

- Confesso, eu ouvi e seus olhos ainda denunciam.

- Hum... é que...- eu não conseguia nem pronunciar uma frase toda.

- Não precisa falar se não quiser. - deu um sorriso acolhedor e eu permaneci em silêncio.

Não entendo porque ele apareceu ali, justo naquele momento mas e se for um sinal? Eu confio nele, não é a toa que o considero um paidrasto. Mas eu não quero que ele também me olhe com pena. Eu odeio tudo isso. Não aguento ser sempre a vítima, a coitadinha, mas parece que tudo coopera para que isso aconteça.

- Bom, eu vou indo. - se levantou.

- Mas já? - indaguei nervosa, eu queria contar.

- Precisa de mim?

- Eu tô pirando...- desviei o olhar e limpei uma lágrima rapidamente.

- O que está acontecendo? - se sentou ao meu lado e segurou firme a minha mão.

- É que... fazia tempo que eu não sentia esse nó na garganta que estou sentindo no momento, essa vontade de sumir e de chorar descontroladamente, essa saudade que me sufoca e me machuca profundamente, apesar de ter pessoas maravilhosas ao meu lado, eu ainda sinto muito a falta do meu pai, do modo como ele agia comigo e me entendia. Eu achava que era forte, mas eu não sou, eu só disfarço e acabo me forçando há ser assim, o que não adianta muito... e agora, ainda tem essa merda de síndrome que só veio pra me tornar um problema maior do que já sou. - desabafei chorando e ele me abraçou.

Eu achei que ele fosse falar o de sempre "vai dar tudo certo", mas por incrível que pareça, ele permanceu em silêncio, apenas me abraçando e ficamos assim por um bom tempo. Era disso que eu precisava! Ainda bem que não o deixei ir embora, ele também de certa forma, me entende. Estou começando há achar que foi Deus quem mandou o senhor Felipe para a minha mãe.

- Oi, Mari! Chegamos! - exclamou Henrique abrindo a porta e Laura vinha logo atrás, nos olharam e pareciam estarem surpresos.

- Oi. - me afastei de Felipe que me olhou e sorriu, retribui o sorriso.

- Olá pessoal. - se levantou e se dirigiu até a porta.

- Tia Clari estava te procurando. - avisou, Laura.

- Xiiiii...- fez o sinal da faca no pescoço novamente e nós rimos.

- Boa sorte! - sussurrei quando me aproximei.

- Está melhor? - me olhou, realmente, preocupado.

- Estou sim, muito obrigada! - agradeci e nos abraçamos.

- Te vejo segunda ou até antes.

- Tá bom então. - agradeci com o olhar.

Ele se foi e eu estava leve, ele foi mandado na hora certa!

- O que houve aqui? - perguntou, Henrique.

- Acho que Deus me mandou um pai. - sorri.

- Você parece estar ótima se não fosse pelos seus olhos que estão fazendo você parecer um panda! - Laura ria.

- Aiai...- revirei meus olhos.- Vou me deitar, boa noite pra vocês!

- Boa noite! - responderam em uníssono.

Tomei um banho rapidamente e me joguei na cama.

"Não se preocupe em perder alguém, Deus manda uma outra pessoa para ocupar um lugar no seu coração e te faz superar o lugar que parece estar vazio e destruído.". Não que eu vá substituir o meu pai, afinal, ele apesar de não estar aqui, é e sempre será o meu pai! Mas fico feliz de ter um outro pai. Valeu aí, Deus!


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