Felipe? O que ele está fazendo aqui?
- Oi.
- Olá, posso entrar?
- Ah, claro, desculpa...- dei espaço para ele passar.
Nos sentamos e ele ficou me olhando de um jeito diferente, não sei explicar.
- Deve estar estranhando, não é mesmo?
- Realmente...
- É, eu também estou. - sorrimos.
- Mas o que houve?
- É que sua mãe irá viajar há negócios amanhã e pediu para que eu te levasse ao médico para saber sobre o seu estado...- parecia preocupado.
- Ah tá.
- Podemos ir na segunda às 9horas, o que acha?
- Estarei na escola.
- Huum, a tarde então?
- Não, às 9horas mesmo. - sorri.
- Mas você vai estar na escola. - sua expressão era de confuso.
- Então...
- Aaah, entendi. - rimos.
- Há não ser que seja um problema.
- Claro que não, te busco às 9horas.
- Okay então. - sorrimos.
- Só não conte para a sua mãe que irei te buscar em horário de aula, se não... - fez sinal de faca no pescoço e rimos.
- Pode deixar, segredo nosso!
- Bom, já vou indo. - se levantou e me abraçou.
- Boa noite. - lhe desejei.
- Você está sozinha?
- Sim, o Edu já foi pra casa.
- E os seus amigos?
- Então, estou estranhando já que eles estavam na mesma reunião que o senhor.
- Ah, é que eu... eu... bom...- eu o interrompi.
- Saiu de mansinho porque a reunião estava chata. - rimos.
- Quase isso.
- Quase? - ergui a sobrancelha.
- Beleza, aquilo estava um porre! - exclamou e nós rimos.
- Sei como é, a primeira vez que fui, fiquei entediada. - revirei meus olhos.
- Eu sempre fico entediado. - rimos. - Por que a mocinha estava chorando?
- O que? - perguntei surpresa, como ele sabia?
- Confesso, eu ouvi e seus olhos ainda denunciam.
- Hum... é que...- eu não conseguia nem pronunciar uma frase toda.
- Não precisa falar se não quiser. - deu um sorriso acolhedor e eu permaneci em silêncio.
Não entendo porque ele apareceu ali, justo naquele momento mas e se for um sinal? Eu confio nele, não é a toa que o considero um paidrasto. Mas eu não quero que ele também me olhe com pena. Eu odeio tudo isso. Não aguento ser sempre a vítima, a coitadinha, mas parece que tudo coopera para que isso aconteça.
- Bom, eu vou indo. - se levantou.
- Mas já? - indaguei nervosa, eu queria contar.
- Precisa de mim?
- Eu tô pirando...- desviei o olhar e limpei uma lágrima rapidamente.
- O que está acontecendo? - se sentou ao meu lado e segurou firme a minha mão.
- É que... fazia tempo que eu não sentia esse nó na garganta que estou sentindo no momento, essa vontade de sumir e de chorar descontroladamente, essa saudade que me sufoca e me machuca profundamente, apesar de ter pessoas maravilhosas ao meu lado, eu ainda sinto muito a falta do meu pai, do modo como ele agia comigo e me entendia. Eu achava que era forte, mas eu não sou, eu só disfarço e acabo me forçando há ser assim, o que não adianta muito... e agora, ainda tem essa merda de síndrome que só veio pra me tornar um problema maior do que já sou. - desabafei chorando e ele me abraçou.
Eu achei que ele fosse falar o de sempre "vai dar tudo certo", mas por incrível que pareça, ele permanceu em silêncio, apenas me abraçando e ficamos assim por um bom tempo. Era disso que eu precisava! Ainda bem que não o deixei ir embora, ele também de certa forma, me entende. Estou começando há achar que foi Deus quem mandou o senhor Felipe para a minha mãe.
- Oi, Mari! Chegamos! - exclamou Henrique abrindo a porta e Laura vinha logo atrás, nos olharam e pareciam estarem surpresos.
- Oi. - me afastei de Felipe que me olhou e sorriu, retribui o sorriso.
- Olá pessoal. - se levantou e se dirigiu até a porta.
- Tia Clari estava te procurando. - avisou, Laura.
- Xiiiii...- fez o sinal da faca no pescoço novamente e nós rimos.
- Boa sorte! - sussurrei quando me aproximei.
- Está melhor? - me olhou, realmente, preocupado.
- Estou sim, muito obrigada! - agradeci e nos abraçamos.
- Te vejo segunda ou até antes.
- Tá bom então. - agradeci com o olhar.
Ele se foi e eu estava leve, ele foi mandado na hora certa!
- O que houve aqui? - perguntou, Henrique.
- Acho que Deus me mandou um pai. - sorri.
- Você parece estar ótima se não fosse pelos seus olhos que estão fazendo você parecer um panda! - Laura ria.
- Aiai...- revirei meus olhos.- Vou me deitar, boa noite pra vocês!
- Boa noite! - responderam em uníssono.
Tomei um banho rapidamente e me joguei na cama.
"Não se preocupe em perder alguém, Deus manda uma outra pessoa para ocupar um lugar no seu coração e te faz superar o lugar que parece estar vazio e destruído.". Não que eu vá substituir o meu pai, afinal, ele apesar de não estar aqui, é e sempre será o meu pai! Mas fico feliz de ter um outro pai. Valeu aí, Deus!
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A Escolha Certa
RomanceSinopse: Fazer a escolha certa. Simples, não?! Mas e se, essa escolha tivesse duas opções irresistíveis que demonstram te amar incondicionalmente? E então, você saberia escolher diferenciando o verdadeiro amor do amor carnal? Marina levava uma vida...