Marina - Capítulo 63

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Acordei bem animada e me arrumei rapidamente para ir à escola. Quando desci, Felipe e Murilo me olharam e depois se olharam.

— Bom dia para vocês também! — ironizei e me sentei com eles.

— O que houve para você estar tão animada? — perguntou, Murilo.

Eu já estava com a boca aberta para contar tudo, até que as palavras de Júlia ecoaram na minha mente "Vão tentar impedir, segredo nosso!".

— Ahn... — murmurei ao tentar formular alguma frase bem convincente. — Consegui falar com o Edu, é isso...— menti e dei um sorriso discreto e acho que os convenci, pois continuamos a refeição falando sobre outros assuntos.

Cheguei na escola e Júlia me esperava no portão junto com Gabriel, Miguel e Fernando. Laura não ia mais para a escola devido a gravidez e também porque não precisava, suas médias eram excelentes e a mesma se encontrava passada desde o terceiro bimestre. Henrique ia mais para manter as médias pois também já havia passado. Eu era a única aqui meio pendurada. Geografia. Desde a segunda série não me dou bem com isso. Júlia e Fernando também estavam pendurados, porém, em Matemática. Gabriel e Miguel só vinham para nos fazer companhia.

— Oi! — sorri e todos me olharam diferente.

— O que aconteceu, hein? — perguntou, Gabriel passando seu braço pelo meu pescoço.

— O que poderia ter acontecido? — o olhei, erguendo a sobrancelha e depois olhei para Júlia.

— Só foi uma pergunta, relaxa. — ergueu a sobrancelha e sorriu de leve.

As aulas demoraram bastante, parecia que eu estava ali há anos! Tive dois horários de Geografia e permaneci perdida em toda a matéria. Nada fazia sentido. Para que eu precisava daquilo? Eu vou ser uma veterinária, não uma guia turística ou sei lá o que, se é que isso faz sentido.

— Ei, vamos! — Júlia me puxou com tudo para fora da sala.

— Espera! — pedi enquanto jogava a mochila em um ombro e a seguia.

Os meninos pareciam impacientes.

— O que deu neles? — perguntei para Júlia.

— Estão te esperando há horas.

— Esperando para o que?

— Vamos para o Shopping! — exclamou sorrindo.

Passei a tarde com eles e os mesmos não paravam de falar na formatura e enquanto isso, meus pensamentos voaram e me tiraram dali. No momento, eu estava pensando se Eduardo voltaria há tempo para a nossa formatura.

— Marina! — senti um cutucão. — Marina!

— O que é? — perguntei impaciente.

— Onde você estava? — perguntou, Gabriel.

— Aqui, uai. — revirei meus olhos.

— Não, você estava em qualquer outro lugar, menos aqui. — afirmou e eu fiz careta.

— Diz logo o que quer.

— Você vai fazer a formatura?

— Acho que o Eduardo não vai voltar a tempo, então não. — afirmei e todos me olharam.

— Como é? Sabe que essa não é a vontade dele, não é mesmo? — perguntou, Miguel.

— Mas é a minha. — retruquei.

— Beleza, desculpa. — pediu erguendo as mãos em forma de rendição.

— Eu achei que poderíamos fazer algo mais divertido...— sugeri e sorri.

— Como o que? — perguntou, Fernando já animado.

— Podíamos ir a uma balada ou até mesmo organizarmos uma festa, o que acham? — sugeri erguendo as sobrancelhas freneticamente. — Mas fora da escola... é claro.

— Tem certeza disso? — Miguel parecia surpreso.

— Claro.

Todos desistiram da formatura, claro que pegaríamos nossos certificados, mas logo depois, iríamos embora. Eu estava torcendo para que o Eduardo pudesse estar presente, mas algo me dizia que ele não estaria.

[...]

Era 17h30 quando Felipe me buscou em casa para irmos a tal consulta. Chegamos e estávamos aguardando quando finalmente ouvi meu nome.

— Marina Blosfeld? — o próprio médico me chamou e eu me levantei.

Olhei para trás e Felipe permaneceu sentado.

— Não vem? — sussurrei nervosa.

— É pra mim ir? — perguntou surpreso e se levantando rapidamente.

— Claro! — afirmei e peguei em sua mão, senti que ele estava tão nervoso quanto eu.

O médico me examinou e se surpreendeu quando eu disse que não havia tido mais o momento de Bela Adormecida, pois normalmente, a síndrome deixa de apresentar crises após os trinta anos e bom, eu ainda vou fazer dezoito, ainda sim, ele passou alguns medicamentos e Felipe prestava mais atenção do que eu. O que me assustou foi o assunto sobre alucinações, eu ainda não tive nenhuma e é isso que me deixa preocupada, pois pelo que o médico disse, posso tê-las há qualquer momento.

Fomos embora e Felipe não parava de repetir que tudo daria certo, tive a impressão de que ele falava isso mais para se convencer do que para me convencer. Ele parecia estar assustado com essa situação e se eu estivesse de fora, também estaria.

Cheguei em casa e Miguel me esperava sentado no sofá enquanto conversava com Gabriela e Murilo.

— Oi. — o cumprimentei de longe e ele correu para perto de mim.

— E aí? Como foi? — aparentava estar ansioso.

— Não fiquei louca ainda. — ri e ele permaneceu sério.

— Não se pode brincar com isso. — me repreendeu.

— Ei, foi só uma brincadeira, relaxa. — toquei em seu braço e ele me olhou.

— Me preocupo contigo. — sorri com sua preocupação.

— Obrigada! — agradeci e o abracei.

O convidei para assistir um filme comigo e ficamos na sala assistindo até tarde. Era um filme de terror que o Miguel fez questão de transformar em comédia.

— Você tirou a graça do filme. — falei sorrindo e bocejei.

— Já está com sono? — fez careta.

— Esqueceu que está falando com a Bela Adormecida? — ironizei e ele riu.

— Vem cá. — me chamou e eu fui de encontro ao seu corpo, deitei minha cabeça em seu ombro e o mesmo envolveu seu braço em minha volta, como se estivesse fazendo um escudo, o que me deixou bem confortável e refém do sono.

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