Miguel - Capítulo 86

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Nunca havia presenciado um Eduardo tão agressivo. Durante a "briga", eu não conseguia nem ao menos revidar, mas a partir do momento que eu vi que aquele ali não era o Eduardo que eu conhecia, eu tive que tomar uma atitude até porque não ia apanhar à toa, né? O cara ganha e ainda vem me espancar por nada? Eu, realmente, achei que ele tava de zoação comigo mas pelo visto, ele entendeu tudo errado. Eduardo é um cabeça dura. Eu procurei ali o meu amigo e na moral? Não o encontrei. Procurei pelo moleque que jogava futebol comigo todas as sextas-feiras, o moleque que saía comigo todo sábado e só voltava na segunda, mas não vi! Não conquistei a garota que queria e ainda perdi meu melhor amigo. Parece que o meu barco nunca fica em equilíbrio, sempre está à deriva, isso é, quando não está naufragando.

Assim que estacionei meu carro na garagem, avistei minha mãe vindo em minha direção. Interrogatórios estariam por vir.

— Meu filho, o que aconteceu? — indagou desesperada, tocando delicadamente cada pedaço do meu rosto.

— Nada demais. — menti, não poderia dizer que meu melhor amigo tentou me espancar até a morte.

— Miguel...— disse séria, me encarando.

— Um amigo se meteu em confusão, tentei ajudar e me ferrei também. — menti novamente.

— Que amigo é esse? — indagou desconfiada.

— Prefiro não citar nomes, com licença. — pedi, lhe dando um beijo na testa e subindo imediatamente para o meu quarto.

Assim que entro no quarto, me deparo com  o meu reflexo no espelho. Até que no rosto, o estrago não foi tão grande mas ainda sinto falta de ar, os socos que levei no estômago foram a pior parte, digo, a pior parte é lembrar de todos os momentos que tive ao lado de um cara que agora, nem quer mais olhar na minha cara e se olhar, não vai ser para me cumprimentar ou fazer alguma gracinha e sim, para me agredir. Pensando bem, eu lamento mais por ter perdido a amizade dele do que não ter conseguido conquistar a Marina mas talvez a minha sina seja essa, estragar a vida dos outros e a minha também.

O som de alguém batendo na porta me desperta.

— Entre. — afirmo e logo me arrependo por ter permitido.

— Amor, o que houve com você? — Fernanda indaga correndo ao meu encontro e me abraça.

— O que está fazendo aqui? — indago de volta e me afasto.

— Sua mãe me ligou desesperada, vim correndo assim que soube. — contou enquanto encarava cada ferimento presente em meu rosto.

— Valeu pela preocupação mas estou bem. — afirmei e me joguei na cama. — Aiiiii. — gemi assim que senti o impacto das minhas costas com o colchão.

— Estou bem, ah claro, com certeza. — disse irônica. 

— Ok. — falei derrotado.

— Vou cuidar de você. — afirmou indo em direção ao banheiro e voltando com um kit de emergência.

Fernanda é uma garota carinhosa, atenciosa mas também é grudenta. Eu era louco por ela mas assim que consegui estragar tudo entre ela e o Eduardo, percebi que éramos melhor como amigos ou até mesmo, melhores amigos. Nossa amizade era a melhor até eu descobrir que ela gosta de mim de uma forma que eu não era mais capaz de corresponder. Não me sinto nada bem com isso, achei que ela também só me via como amigo. Desde que soube de tudo isso, me afastei bruscamente e ela sempre vem atrás, sempre está comigo até mesmo quando não preciso, eu poderia agradecê-la por isso mas me sinto sufocado com tanta aproximação. Ela é do tipo que força situações e digamos que se fosse há um tempo atrás, eu me amarraria mas não é bem assim, não mais. A culpa é minha por não ter analisado melhor os meus sentimentos. Quem sabe, agora ela não estaria com o Eduardo e eu com a Marina. Não, nada haver. Se aconteceu tudo isso é porque era para ser assim, nem adianta pensar em outras atitudes porque as que foram tomadas não tem como apagar.

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