Marina - Capítulo 04

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Acordei com o Murilo me chamando, sua voz era grossa e firme, me fazendo acordar tomando um susto.

- Oi - falei entre um bocejo.

- Mamãe saiu pra ir ver a casa, o café da manhã já está aqui - disse.

- Ok - falei.

- Tá tudo bem? - perguntou.

- Você se importa? - perguntei, enquanto me espreguiçava.

- De boa, esquece - respondeu saindo e eu ignorei.

Tomei um banho e me vesti rapidamente, ao sair me deparo com Murilo me olhando seriamente.

- Saudade do seu bom dia - disse Murilo.

- Oi? - perguntei sem entender.

- Você não me deu bom dia - disse.

- Ah tá, acho que é porque agora você é um grosso que só magoa as pessoas - falei dando um sorriso falso.

- Chega, não vou tentar mais! - disse firme.

- Tentar o que? - perguntei.

- Prometi pra mamãe que tentaria me entender com você, mas não dá - respondeu enfurecido.

- Hum, então só tentou por que ela pediu? - perguntei erguendo a sobrancelha. - Então concordo, não tente mais! No dia que você cair na real e ver que eu estou sofrendo também, que pode até não ser na mesma intensidade, mas que eu também estou sofrendo, e quiser realmente minha amizade e ser considerado meu irmão de novo, aí sim, você conseguirá, enquanto isso, não adianta ninguém pedir, porque eu não vou ceder - disse piscando.

- Então, quer dizer que não me considera mais seu irmão? - perguntou zombando.

- Não, pra mim você é apenas um desconhecido - respondi.

- Ô menina burra, você me conhece - disse ele rindo.

- Errado, um dia eu conheci, hoje, nem sei mais quem é você - falei.

- Você está tão insuportável - disse me olhando com uma tristeza em seus olhos, que eu não compreendi o porquê, afinal, ele nem ligava mais pra mim, por que estaria ligando para o que eu penso ou deixo de pensar sobre ele?

- Ok, não está mais aqui quem falou - falei.

- Muito bom - disse.

- Perdi a fome - falei indo pro quarto.

- Ótimo, assim fico com a minha melhor companhia, ou seja, eu mesmo - disse rindo e eu ignorei.

Como ele podia ser tão idiota? Eu sentia falta do meu irmão. Deitei na cama e desabei em lágrimas, fiquei por horas ali, eu havia perdido meu pai, e pelo visto, meu irmão também.

- Mamãe falou pra gente ir pra praia, que ela encontra a gente lá - disse ele entrando no meu quarto.

- Ok, vou me trocar - falei me levantando e limpando o rosto.

- Estava chorando? - perguntou.

- Não te interessa, sai daqui - respondi batendo a porta na cara dele.

- Não bata mais a porta na minha cara - disse com muita raiva abrindo a porta novamente e vindo pra cima de mim, ele levantou a mão pra mim e eu fechei os olhos, ele ia me bater? É sério isso? Realmente, ele não é mais o meu irmão, continuei com os olhos fechados e protegendo meu rosto com a mão, enquanto lágrimas saíam - Por favor, não faça mais isso - disse de cabeça baixa e saiu rápido do meu quarto.

- Você não é mais o meu irmão - sussurrei ainda chorando e fui me trocar.

Coloquei um biquíni que a Laura havia escolhido, era o mais "decente", ele era preto com uns detalhes em dourado, coloquei uma saída de banho e uma regata por cima, preparei a bolsa com algumas coisas que eu precisaria e saí.

A Escolha CertaOnde histórias criam vida. Descubra agora