Acordei com o Gabriel me chamando.
- O que houve? - me levantei em um pulo.
- Desculpa, te assustei. - pediu e eu assenti.
- Cadê a Laura?
- Está vomitando novamente.
- Que horas são?
- 3h15.
- Vamos para o hospital?
- Certeza? E aquele papo dela não querer ir?
- Ela vai do mesmo jeito!
Fui até o banheiro e Laura estava escovando os dentes.
- Bicudo! - sussurrou.
- Quem?
- O Gabriel.
- Por que?
- Pedi pra ele não te acordar.
- Ele é ajuizado ao contrário de você!
- Vou é dormir que ganho mais.
- Laura Mulinari! - exclamei e ela me olhou assustada.
- Por que está desse jeito?
- Porque estou aos prantos, você nunca passou mal na vida e agora está colocando tudo pra fora como se fosse normal, mas acorda, não é! Troca de roupa que vamos para o hospital agora!
- Quem vai me obrigar?
- Eu vou te jogar lá dentro, tô avisando! - tentei não rir.
- Você não existe mesmo. - riu balançando a cabeça.
- Me preocupo contigo, agora por favor, vai se arrumar ou quer ir de camisola pro hospital?
- Tudo bem, já vou. - saiu bufando.
Fui para o meu quarto e tomei um banho, precisava acordar de verdade. Voltei para a sala e Gabriel estava dormindo.
- Ei. - o cutuquei.
- Oi? - balançou a cabeça rapidamente.
- Hospital.
- Ah, claro, vamos. - se levantou rapidamente.
- Se quiser, chamamos um táxi, você está exausto. - o olhei com dó e ele riu.
- Foi o primeiro dia depois de tanto tempo que eu durmo.
- Como assim?
- Estou pronta. - Laura apareceu.
- O carro deve estar com um odor horrível. - Gabriel mudou de assunto e Laura fez expressão de nojo.
- Vamos de táxi mesmo. - sugeri.
- Não, vou pedir para o meu motorista trazer o meu carro, dois tempos! - avisou, Gabriel saindo com o celular no ouvido.
- Ricos. - disse Laura e nós rimos.
- Ricos. - repeti rindo.
Minutos depois, a portaria ligou avisando a chegada do motorista de Gabriel. Descemos e Gabriel logo deu a partida. Detalhe: Murilo, Miguel, Henrique e Gabriela ainda estavam desacordados no tapete da sala, sim, Gabriela também estava. Como ela foi parar lá? Boa pergunta.
- Seu motorista vai voltar à pé? - perguntou, Laura.
- Não, pedi para ele levar o carro do Henrique para o lava jato, depois ele leva o carro dele para o hospital e pega o meu de volta. - explicou.
Chegamos no hospital rapidamente e quando olhei pra trás, Laura estava dormindo.
- Ei, acorda! - a cutuquei e nada.
- Acho que ela não está dormindo. - disse, Gabriel.
- Ela está o que então?
- Desmaiada?
- E você fala isso com naturalidade? Me ajuda aqui! - ergui a sobrancelha e ele a pegou no colo.
Entramos e quando reconheceram o Gabriel, trouxeram uma maca rapidamente e deitaram Laura. Não nos deixaram acompanhar, então voltamos para a recepção. Estávamos exaustos!
- Se quiser, pode ir.
- Por que eu faria isso?
- Você está com sono.
- E você também.
- Mas eu aguento.
- Aguenta? Quem é que dorme aqui igual a bela adormecida?
- Achei ofensivo.
- Desculpa...- me abraçou e me aconcheguei ali.
- Você tem sido um amigo e tanto, sabia?
- Ninguém nunca me disse isso antes.
- Tá brincando?
- Não.
- E por que não?
- Você sabe, tenho essa fama de mal caráter.
- Eu achava que você era assim mesmo mas me surpreendi.
- Ah é? - zombou.
- Sim, você é legal.
- Não, o Fernando é legal e eu sou mal. - piscou e deu um sorriso de lado.
- Por que acha isso?
- Porque é fato, nunca prestei.
- Por que não?
- Pô, pensa bem... Fernando é o exemplar e blábláblá, então eu tenho que ser o que? O que faz tudo errado.
- Não, não precisa ser assim.
- Relaxa, não sou infeliz com isso, pelo contrário, fico feliz do Fernando ser o bom moço!
- Ah tá. - ironizei.
- E para de mimimi.
- Eu não fico de mimimi!
- Fica sim, princesa. - bagunçou meu cabelo.
- Ele já estava muito arrumado para você fazer isso. - balancei a cabeça negativamente e ele riu.
- Já falei que gosto de te ver irritada?
- Já sim. - rimos.
Passamos a madrugada e boa parte de manhã ali, sentados em um banco duro, esperando notícias.
- Estão acompanhando Laura Mulinari? - perguntou, um homem que deduzi ser o médico.
- Sim. - respondemos juntos.
- São parentes dela?
- Amigos. - corrigi.
- E os pais dela?
- Ela é orfã.
- Hum... Podem ir vê-la. - avisou e comunicou a recepcionista que nos deu o crachá com o número do quarto.
- 401, sei onde é. - disse, Gabriel e eu apenas o segui.
Entramos e ela estava deitada, olhando para o nada e com cara de choro.
- Está tudo bem?
- Não, Marina, não está! - parecia estar assustada.
- O que você tem?
- Droga, Marina! Preciso de ajuda! - seu rosto estava encharcado de lágrimas.
- Querem que eu saia? - perguntou, Gabriel.
- Pode ficar. - respondeu, Laura.
- E então, o que você tem?
- É que...
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A Escolha Certa
RomanceSinopse: Fazer a escolha certa. Simples, não?! Mas e se, essa escolha tivesse duas opções irresistíveis que demonstram te amar incondicionalmente? E então, você saberia escolher diferenciando o verdadeiro amor do amor carnal? Marina levava uma vida...