Marina - Capítulo 48

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Acordei com o Gabriel me chamando.

- O que houve? - me levantei em um pulo.

- Desculpa, te assustei. - pediu e eu assenti.

- Cadê a Laura?

- Está vomitando novamente.

- Que horas são?

- 3h15.

- Vamos para o hospital?

- Certeza? E aquele papo dela não querer ir?

- Ela vai do mesmo jeito!

Fui até o banheiro e Laura estava escovando os dentes.

- Bicudo! - sussurrou.

- Quem?

- O Gabriel.

- Por que?

- Pedi pra ele não te acordar.

- Ele é ajuizado ao contrário de você!

- Vou é dormir que ganho mais.

- Laura Mulinari! - exclamei e ela me olhou assustada.

- Por que está desse jeito?

- Porque estou aos prantos, você nunca passou mal na vida e agora está colocando tudo pra fora como se fosse normal, mas acorda, não é! Troca de roupa que vamos para o hospital agora!

- Quem vai me obrigar?

- Eu vou te jogar lá dentro, tô avisando! - tentei não rir.

- Você não existe mesmo. - riu balançando a cabeça.

- Me preocupo contigo, agora por favor, vai se arrumar ou quer ir de camisola pro hospital?

- Tudo bem, já vou. - saiu bufando.

Fui para o meu quarto e tomei um banho, precisava acordar de verdade. Voltei para a sala e Gabriel estava dormindo.

- Ei. - o cutuquei.

- Oi? - balançou a cabeça rapidamente.

- Hospital.

- Ah, claro, vamos. - se levantou rapidamente.

- Se quiser, chamamos um táxi, você está exausto. - o olhei com dó e ele riu.

- Foi o primeiro dia depois de tanto tempo que eu durmo.

- Como assim?

- Estou pronta. - Laura apareceu.

- O carro deve estar com um odor horrível. - Gabriel mudou de assunto e Laura fez expressão de nojo.

- Vamos de táxi mesmo. - sugeri.

- Não, vou pedir para o meu motorista trazer o meu carro, dois tempos! - avisou, Gabriel saindo com o celular no ouvido.

- Ricos. - disse Laura e nós rimos.

- Ricos. - repeti rindo.

Minutos depois, a portaria ligou avisando a chegada do motorista de Gabriel. Descemos e Gabriel logo deu a partida. Detalhe: Murilo, Miguel, Henrique e Gabriela ainda estavam desacordados no tapete da sala, sim, Gabriela também estava. Como ela foi parar lá? Boa pergunta.

- Seu motorista vai voltar à pé? - perguntou, Laura.

- Não, pedi para ele levar o carro do Henrique para o lava jato, depois ele leva o carro dele para o hospital e pega o meu de volta. - explicou.

Chegamos no hospital rapidamente e quando olhei pra trás, Laura estava dormindo.

- Ei, acorda! - a cutuquei e nada.

- Acho que ela não está dormindo. - disse, Gabriel.

- Ela está o que então?

- Desmaiada?

- E você fala isso com naturalidade? Me ajuda aqui! - ergui a sobrancelha e ele a pegou no colo.

Entramos e quando reconheceram o Gabriel, trouxeram uma maca rapidamente e deitaram Laura. Não nos deixaram acompanhar, então voltamos para a recepção. Estávamos exaustos!

- Se quiser, pode ir.

- Por que eu faria isso?

- Você está com sono.

- E você também.

- Mas eu aguento.

- Aguenta? Quem é que dorme aqui igual a bela adormecida?

- Achei ofensivo.

- Desculpa...- me abraçou e me aconcheguei ali.

- Você tem sido um amigo e tanto, sabia?

- Ninguém nunca me disse isso antes.

- Tá brincando?

- Não.

- E por que não?

- Você sabe, tenho essa fama de mal caráter.

- Eu achava que você era assim mesmo mas me surpreendi.

- Ah é? - zombou.

- Sim, você é legal.

- Não, o Fernando é legal e eu sou mal. - piscou e deu um sorriso de lado.

- Por que acha isso?

- Porque é fato, nunca prestei.

- Por que não?

- Pô, pensa bem... Fernando é o exemplar e blábláblá, então eu tenho que ser o que? O que faz tudo errado.

- Não, não precisa ser assim.

- Relaxa, não sou infeliz com isso, pelo contrário, fico feliz do Fernando ser o bom moço!

- Ah tá. - ironizei.

- E para de mimimi.

- Eu não fico de mimimi!

- Fica sim, princesa. - bagunçou meu cabelo.

- Ele já estava muito arrumado para você fazer isso. - balancei a cabeça negativamente e ele riu.

- Já falei que gosto de te ver irritada?

- Já sim. - rimos.

Passamos a madrugada e boa parte de manhã ali, sentados em um banco duro, esperando notícias.

- Estão acompanhando Laura Mulinari? - perguntou, um homem que deduzi ser o médico.

- Sim. - respondemos juntos.

- São parentes dela?

- Amigos. - corrigi.

- E os pais dela?

- Ela é orfã.

- Hum... Podem ir vê-la. - avisou e comunicou a recepcionista que nos deu o crachá com o número do quarto.

- 401, sei onde é. - disse, Gabriel e eu apenas o segui.

Entramos e ela estava deitada, olhando para o nada e com cara de choro.

- Está tudo bem?

- Não, Marina, não está! - parecia estar assustada.

- O que você tem?

- Droga, Marina! Preciso de ajuda! - seu rosto estava encharcado de lágrimas.

- Querem que eu saia? - perguntou, Gabriel.

- Pode ficar. - respondeu, Laura.

- E então, o que você tem?

- É que...


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