Felipe - Capítulo 77

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Não preguei os olhos a noite toda.

Será que eu estava agindo errado quando não contei para a Clarice? Nosso relacionamento anda tão bem que, se eu estiver fazendo algo para acabar com isso, estarei sendo o cara mais otário do mundo. Está resolvido, contarei hoje! Espero que Marina acorde hoje também.

Ouvi um choro bem baixinho, me levantei e corri até a cama da Marina. Ela estava chorando enquanto dormia, ignorei o fato do médico ter dito que acordá-la não seria uma boa opção e tentei, mas deu na mesma. Toquei em seu rosto e senti o suor gelado, algo estava muito estranho.

Corri até a enfermeira e a mesma me disse que, o médico não estava de plantão hoje, sendo assim, ele não estava ali no momento.

Sinto muito, hoje vai ser o seu plantão sim!

Pedi o número do médico para a enfermeira que fez menção em não dizer, bastou olhá-la sério para me passar rapidamente.

Liguei e ele me atendeu na primeira chamada, assim que contei o que estava acontecendo, ele pediu para que eu não saísse de perto da Marina enquanto ele não chegasse. O tom na sua voz me assustou tanto que enquanto eu ainda estava no celular, corri de volta para o quarto.

Acordei o Gabriel que, dormia como uma pedra. Ficamos cada um de um lado da cama da Marina.

— Isso é normal? — indagou, Gabriel apontando para Marina que parecia estar com dificuldades para respirar, se debatendo como se estivesse tendo uma convulsão.

— Nada disso é normal. — respondi apreensivo, segurando na mão da Marina que estava muito gelada.

Estávamos esperando o médico chegar quando ouvimos o monitor cardíaco emitir um bip contínuo, eu sabia muito bem o que aquela merda significava e isso não iria acontecer!

— Não saia de perto dela, por nada! — avisei para o Gabriel que apenas assentiu com a cabeça.

Eu já estava ligando novamente para o médico quando o mesmo, veio ao meu encontro.

— Ela melhorou? — indagou, indo para o quarto.

— Essa não é uma boa hora para você andar e sim, correr! — avisei.

— Como é? — indagou, estranhando.

— Corre! — avisei e corri na frente.

Enquanto corria, vi ele chamar algumas enfermeiras e todas correram para o quarto.

Assim que chegamos, o bip continuava na mesma frequência.

— Saiam do quarto, por favor. — o médico pediu e nós saímos.

Novamente, ficamos na recepção há espera de respostas.

— O que faremos? — indagou, Gabriel.

— Você, eu não sei... mas eu vou avisar a mãe dela. — respondi e me afastei.

Liguei para a Clarice e assim que ouvi o seu "alô", um nervosismo me tomou por inteiro.

— Amor? — chamou novamente.

— Oi linda. — respondi nervoso.

— Está acontecendo alguma coisa? — indagou, estranhando.

— Pior que está. — confirmei.

— É com a Marina, não é? — indagou e pelo seu tom, já estava mais nervosa do que eu.

— Sim...— respondi mas ela me interrompeu.

— Ele a encontrou? Responde, Felipe!

— Não, é pior...

— O que aconteceu? Me diz!

— Ela teve uma crise novamente...— respondi e ouvi seu suspiro de alívio, o que não durou muito tempo.

— Mas ela sempre acorda. — afirmou sorrindo.

— Não foi o que aconteceu dessa vez. — retruquei.

— Como assim? — indagou e vi o médico se aproximar de nós.

— Espera só um pouco! — pedi, enquanto colocava a mão para ela não ouvir, ainda não.

O médico nos contou que a Marina estava tendo ataques cardíacos enquanto "dormia" e ela não estava nada estável.

Contei para Clarice que disse que hoje mesmo, voltaria para o Rio.

— E aí, conseguiu falar com ela? — indagou, Gabriel.

— Sim, ela está vindo. — respondi encarando a parede.

— Por que está assim? — indagou e eu nem fiz questão de olhá-lo.

— Não é nada. — respondi "calmamente".

— Mas...— ninguém contou para esse moleque que eu odeio interrogatório?

— Não é nada. — afirmei novamente, o encarando e ele apenas assentiu.

A Escolha CertaOnde histórias criam vida. Descubra agora