Terceiro dia (parte dois)

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O problema não é levar o garoto insuportável pro curso, o que me incomoda é o trânsito até chegar lá.

Estava com o braço escorado no vidro do carro e o rosto apoiado na mão, o garoto tamborilava os dedos no celular freneticamente e eu já estava incomodada com aquilo.

- Da pra parar? - Pedi.

- Tudo bem. - Ele disse constrangido e ficou alguns segundos quieto. - Quantos anos você tem mesmo?

- 22. - Respondi.

- Sério? Parece ter mais. - Ele disse e eu revirei os olhos. - Quer dizer, não parece velha, só parece mais, mais...

- Tá, tá bom. - Disse.

- Desculpa. - Ele pediu

Eu o olhei, estava de cabeça baixa, ignorei e aumentei o volume do rádio, não deixei muito alto o suficiente pra eu ouvir.

- Acho legal seu gosto musical. - Ele gritou. - Parecido com o meu.

- Não grita. - Disse. - Eu consigo ouvir o que você fala.

- Desculpa. - Ele pediu novamente. - Sabe, ontem eu não conseguia ver direito por causa da camiseta, mas agora eu consigo ver direito suas tatuagens.

Ele diz e eu olho pro meu corpo, calça de moletom larga e cropped realmente deixavam minhas tatuagens amostra.

- Quantas tem? - Lucas perguntou.

- Sei lá. - Respondi indiferente.

- Ah fala sério vai, nem são tantas. - Ele gargalhou mas como me mantive séria ele parou de rir. - Desculpa.

- Eu não sei quantas são, umas 15 ou 20 eu acho. - Respondi.

- Nossa mas não parecem ser tantas. - Ele respondeu impressionado. - Tem alguma escondida.

O encarei e ele tinha uma expressão maliciosa no rosto eu suspirei pesado e revirei os olhos, então ele corou o rosto e riu tímido.

- Eu só falo bobagem, né? - Ele diz.

- Sim. - Disse impaciente.

- Você mora há quanto tempo nos Estados Unidos? - Ele reclinou o banco e escorou as mãos atrás da cabeça.

- Sete anos. - Respondi sem dar importância.

- Sozinha? - Ele questionou.

- Com Deus. - Respondi seca.

- Ah entendi. - Ele sentou novamente e me encarou. - E você sempre dirigiu?

- Aham, desde que nasci. - Fui irônica.

- Ah bom. - Ele riu tenso. - O trânsito é sempre assim aqui?

- Aham. - Disse e ele ficou quieto, então antes que ele dissesse alguma coisa aumentei o volume do rádio.

///

Carol tinha comprado pizzas pro jantar e por um milagre todos comiam em silêncio, fato inédito porque desde que a Carol resolveu ficar amiguinha do "Chris" eles vivem tagarelando e o Lucas junto.

- Isadora? - Minha amiga me chama séria demais.

- Fala. - Disse cortando minha fatia da pizza.

- Arrumei um trabalho. - Ela disse fria sem me olhar. - Se faz diferença pra você.

- Meu Deus Carol, claro que faz. - Disse surpresa. - Onde?

- Naquela loja no shopping que eu fiz a entrevista.  - Ela responde.

- Eu fico feliz por você. - Me estico e seguro sua mão.

- Obrigada. - Ela sorri aliviada.

- Bom T3ddy, podemos fazer nossas malas e ir embora. - Christian disse.

- Por quê? - Carol questiona surpresa.

- A Isadora deixou bem claro que nós só estamos aqui por causa do dinheiro, agora vocês não precisam mais. - Ele diz ofendido e eu reviro os olhos.

- E vocês dão ouvidos pro que a Isadora fala? - Carol gargalha.

- Ela não gosta de nós. - Lucas fala me fazendo suspirar pesado.

- Ela não gosta de ninguém. - Carol brinca. - Exceto o...

- A gente pode mudar de assunto? - Disse irritada.

- Não, não podemos. - Christian disse. - De quem ela gosta?

- O ex namorado dela. - Carol respondeu.

- Ex? E por que terminaram? - Christian perguntou.

- Ah, foi por que... - Carol ia dizer mas antes eu bati com as duas mãos emcima da mesa e levantei.

- Quer saber Lucas? Você tem razao, eu realmente não gosto de vocês. - Disse e por fim fui pro meu quarto.

- Isa... - Ouvi o grito da Carol antes de eu bater a porta do meu quarto.

Opostos - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora