Sexto dia

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Após chegar da balada, passei o dia anterior inteiro na cama, não tinha ânimo pra nada. Não era somente a questão dele aparecer com outra, era finalmente abrir os olhos e perceber o mais doloroso de tudo:

Que acabou.

Ficar com o Lucas foi uma loucura, mas foi o que me fez tirar dos pensamentos que insistiam em me levar pro Will, no que tinha acontecido, o problema é que tenho a impressão que ele vai grudar em mim agora e o que eu menos quero é um grude.

Ouço batidas na porta e saio do meus pensamentos, olho no relógio e percebo que marcava 15:46, mais um dia desperdiçado emcima da cama, sento e abro a janela, me estico e esfrego meus olhos com preguiça ainda. Mais batidas na minha porta.

- Entra. - Grito irritada. - Que caralho! - Exclamo baixinho.

- Tô entrando. - O Lucas entra no meu quarto e eu me atiro emcima da cama.

- O que você quer? - Pergunto.

- Posso sentar? - Ele aponta pra cama.

- Não. O que você quer? - O encaro com uma sobrancelha erguida.

- Ok. - Ele enfia as mãos nos bolsos constrangido. - É que você não levantou o dia inteiro, queria perguntar se você não vai comer, a gente poderia ir a algum lugar.

- A gente? - Gargalhei. - Eu não vou em lugar algum com você.

- Por que? - Ele me olha confuso.

- Primeiro por que eu não to com fome. - Levantei e fui até minha bolsa, peguei minha carteira de cigarro e acendi um. - Segundo por que eu não quero sair com você.

- Mas é só pra comer...

- Não estou com fome. - Disse.

- Tudo bem Isadora. - Ele disse nim suspiro saindo do quarto.

- Ei, garoto espera. - Gritei e ele parou. - Não era pra você estar estudando?

- Hoje é sábado. - Ele disse sem graça.

- Ah, é verdade. - O olhei dos pés a cabeça. - Pode ir embora agora.

Ele assentiu com a cabeça e saiu do quarto. Apaguei meu cigarro e abracei meu travesseiro. Não quero que ele fique na minha cola.

\\\

Sai do quarto somente depois que a Carol chegou, ou seja, foi realmente um dia inteiro no quarto. Pouco me importei com os gritos ou a bagunça que eu ouvia vindo da cozinha e da sala, se eles eles quebrassem algo ou colocassem fogo eu aparecia lá, caso contrário ficaria quieta.

Já era noite quando a Carol decidiu ir preparar o jantar, então me propus ajuda-la na cozinhava, enquanto ela administrava as panelas, eu cortava os legumes.

- Como foi seu dia? - Carol perguntou.

- Normal. - Respondi sem dar importância.

- O que é um dia normal pra você? - Carol riu baixinho.

- Dormi o dia inteiro. - Disse cortando a cebola sentada à mesa.

- E isso é normal?

- Não sei. Acho que sim. - Disse passando o braço nos olhos que ardiam.

- Você não ta bem né? - Carol se vira pra mim. - Você está chorando Isadora? O que aconteceu? - Gritou.

- Claro que não. - Ri sem graça. - É a cebola.

- Que susto! - Carol coloca a mão no peito. - Deixa que eu termino isso pra você. - Ela pega a cebola e começa a cortar.

- Você leva mais jeito que eu! - Disse de pé ao seu lado.

- Eu sei. Eu gosto disso. - Se gabou. - Mas me diz, você não está muito bem, não é mesmo?

- Sei lá. - Apoiei minhas duas mãos sob a mesa. - Eu ando pensando muito.

- No Will? - Ela disse terminando de cortar e colocando dentro da panela.

- Sim. - Disse num suspiro. - Ele é um babaca, mas eu passei tantos anos da minha vida ao lado dele que agora é estranho não tê-lo aqui.

- Não fica assim amiga. Você vai ver, com o tempo isso vai passar e você nem vai sentir falta dele.

- Odeio esse seu lado psicóloga. - Revirei os olhos e ela riu.

- E me diz outra coisa. Como foi com o Lucas? - Ela cochichou.

- Normal. - Disse tentando não parecer afetada.

- Como normal?

- Ah não sei Carolina. Sexo é tudo igual. - Joguei meu cabelo pra trás.

- Sexo sim, mas as pessoas não.

- Você quer saber do desempenho dele? - Debochei.

- Claro que não, pelo menos não agora. Quero saber como foi, onde foi, quem tomou a iniciativa. - Ela me encarou.

- Foi no carro e eu tomei a iniciativa. - Disse sem dar importância.

- Safada! Não tem nem uma semana que ele tá aqui. Quando crescer quero aprender a tomar iniciativa com os boys como você.

- Idiota. - Ri e apoiei meus cotovelos sob a mesa ao seu lado. - Quer saber mais alguma coisa?

- Muitas mas agora não da. - Ela disse mexendo a panela.

- Por que? - Questionei.

- Óia o cheiro ta bom. - Christian gritou ao entrar na cozinha.

Me ajeitei e fiquei de pé, os meninos entraram na cozinha, Christian foi logo encher o saco da Carol perto das panelas enquanto o Lucas ficou escorado no batente da porta.

- O que as duas mocinhas estavam conversando? - Christian pergunta do jeito retardado dele.

- Nada que seja da sua conta. Você não acha que ta a muito pouco tempo aqui pra querer se meter nos assuntos de duas amigas que se conhecem a anos? - Respondi.

- Carol, eu não entendo como alguém tão doce e legal como você pode ser amiga de uma chata que nem aquela ali. - Christian responde e eu reviro os olhos.

- Chega os dois. - Carol pede. - Não gosto de brigas antes das refeições, deixem isso pra mais tarde quando a digestão ja estiver feita.

- Ela que começou. - Christian disse.

- Babaca. - Reviro os olhos.

- Deu crianças? - Carol disse arrancando um riso do Lucas. - Isa, você arruma a mesa? - Carol perguntou.

- Eu não. Todos os dias sou eu quem arruma e quem lava a louça, parece que só tem eu nessa casa. - Disse.

- Preguiçosa. - Christian cochichou.

- Preguiçosa não querido. Só não vou ficar fazendo favor pra macho folgado. - Gritei, detesto que me chamem de preguiçosa.

- Agora eu sou folgado? - Christian gritou também.

- Não briguem. - Lucas pediu. - Eu arrumo a mesa.

- Ai que amor. - Carol disse. - Pelo menos alguém da paz nessa casa além de mim.

- Da paz nada Carol. Ele tá é querendo impressionar uma menina ai. - Christian debochou.

- Beleza Christian. - Lucas disse constrangido e eu senti meu sangue ferver de raiva.

Opostos - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora