Décimo oitavo dia (parte dois)

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Acordei abraçada no Lucas dentro da barraca. A noite passada foi incrível, conversamos bastante e eu senti que consegui conhecer mais um pouco dele. Contei algumas histórias de terror com uma lanterna no rosto pra assusta-lo, afinal preciso manter meu estilo.

No fundo eu estava aprendendo a gostar do Lucas, só não posso admitir já que logo ele vai embora. Não posso me apegar pra sofrer de novo.

Ele ainda dormia enquanto eu o olhava. Sua respiração mexia alguns fios do seu cabelo que estava na sua testa. Ele é tão bonito. Tão carinhoso.

Ele acorda e olha ao redor, me olha e sorri. Continuo o olhando até ele se esticar.

- Você tava me olhando? - Ele me questiona.

- Tava imaginando de que jeito posso te fazer sofrer. - Respondo.

- Mentira, você tava me olhando. Você gosta de mim. - Ele debocha cantarolando.

- Eu olhar pra alguém significa que goste dessa pessoa?

- Olhar a pessoa dormindo sim. - Ele debocha.

- Claro que não garoto. Não viaja.

- Você tá com frio, né. - Ele diz.

- Como você sabe?

- Não largou esse cobertor até agora. Inclusive você tá bem quente. Será que não é febre?

- Não sei, não sou médica. - Dou de ombros.

- Hora de voltar pra realidade. Isadora grossa voltou. - Ele diz eeu reviro os olhos.

- A gente podia entrar, né? Tô com dor nas costas de dormir nesse colchão. - Digo sentando.

- Nossa, mas eu achei tão bom dormir aqui.

- Dorme todos os dias aqui então. - Abro o zíper da barraca e saio sinto um calafrio assim que saio.

- Você tá bem? - Ele sai da barraca.

- Sim. Só frio. Vamos entrar. - Sorrio sem vontade.

Entramos dentro de casa, vou direto pra cozinha já que minha barriga roncava. Christian estava sentado sozinho lá. Assim que nos vê fecha a cara e olha pra tela do celular. Sento do outro lado da mesa. Lucas grunhi quando vê a cena.

- Vocês podiam deixar de ser crianças e conversar né. - Lucas diz.

- Não sei falar língua de cobra. - Christian diz.

- E eu não sei zurrar como os burros. - Digo.

- Certo eu falo pelos dois então. - Lucas diz. - Christian é meu melhor amigo. Isadora a menina que eu escolhi ficar aqui. Eu quero aproveitar os dias que restam aqui com os dois, não quero ter que escolher entre um ou outro. Os dois são importantes pra mim e eu não quero viver sempre o embate dos dois. É difícil demais vocês conviverem, por mim que seja.

- É. - Christian e eu respondemos juntos.

- Desiste T3ddy. Esses dois só matando e esperando nascer de novo. - Carol aparece na cozinha. - É difícil demais pra eles viverem como duas pessoas civilizadas.

Christian e eu continuamos sem nos olhar.

- Qual é pessoal. Faz uma forçinha. Chris, é pela nossa amizade. - Lucas insiste. - Isa, por tudo que a gente viveu legal aqui.

- Tá bom. - Reviro os olhos. - Eu posso tentar.

- Já é um começo. - Lucas diz num suspiro.

- É por você irmão. -  Christian levanta e troca cumprimentos com o Lucas.

- Isa, vem cá. - Lucas estende o braço pra que eu pudesse abraça-lo e assim eu faço. - Fico feliz que vocês tentem. Vocês podiam dar um abraço pra selar a paz?

- Não exagera Lucas. - Reviro os olhos.

- É só um abraço só Isa. - Lucas insiste.

Olho bem pra cara do Christian que também não parecia estar gostando da situação e em seguida pro Lucas que praticamente implorava com os olhos. Me rendi e abri os braços pro Christian abraçar, mesmo relutante ele fez. Foi o abraço mais sem emoção que dei em toda minha vida, pra dar mais graça dei um beliscão das costas do Christian que retribuiu apertando minhas costelas com o braço. Ficamos ambos em silêncio, mas a vontade de xingar um ao outro nitidamente era recíproca.

- Que cena linda. - Carol diz. - Se eu não tivesse que ir trabalhar ficaria aqui assistindo.

- Pode ir Carol. Eu vou ficar cuidando desses dois. - Lucas diz.

- Tudo bem. Qualquer coisa se eles resolverem voltar atrás e se matarem você me liga, tá bom? - Ela diz.

Lucas ri e a Carol sai em direção a porta.

Sentamos os três juntos a mesa pra tomarmos café. Minhas costas continuavam doendo e eu já começava acreditar que não era simplesmente o colchão inflável. Sem contar que o frio aumentava. Coloquei a mão no meu pescoço e achei que estava quente demais. Peço licença para os meninos e fui pro meu quarto. Me deitei na cama e me encolho, em seguida fechei os olhos e não consegui abrir mais. Dormi.

Opostos - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora