Algum tempo depois (parte dois)

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Acordei no hospital deitada em uma cama, olhei pro lado e vi Sam mexendo no celular. Fechei os olhos e lembrei da última vez que estive nessa situação. A primeira crise de estresse me deixou 3 dias internada, jurei pra eu mesma que nunca mais passaria por isso, mas falhei e deixei a ansiedade me invadir novamente.

Eu me sentia extremamente impotente nessas situações.

- Você acordou. - Samanta disse empolgada.

- Sim. Me deixe adivinhar, eu desmaiei e você me trouxe pra cá. - Disse e ela confirmou com a cabeça. - Agora nossa chefe quer me matar por que não cuidei de mim mesma.

- Você não está errada, mas não pense nisso agora.

Olhei pro teto e fiquei pensando se dessa vez eu iria precisar ficar mais um mês em casa.

- Isadora, você quer me matar. - Carol gritou assim que entrou no quarto. - Eu disse pra você se alimentar direito garota.

- Ela não tem se alimentado direito? - Samanta questionou Carol que negou com a cabeça. - Você quer morrer?

- Mãe 1 e mãe 2, chega. Eu só fiquei estressada porque fui colocada sob pressão. Nada demais. - Respondi.

- Assim espero. - Carol disse.

As duas ficaram discutindo sobre meu estilo de vida até o médico entrar no quarto e pedir pra ficar a sós comigo. Elas saíram e então ele sentou na beira da minha cama, eu me sentei também é fiquei esperando o discurso que ele daria, afinal, a última vez que nos encontramos ele me alertou sobre cuidar da minha vida e saúde.

- Pensei que demoraria mais para nos encontrarmos. - Ele disse.

- As coisas fogem do nosso controle as vezes. - Respondi.

- Nossa saúde não deve ser uma dessas coisas.

- Ok. Quanto tempo vou ter que ficar em casa dessa vez?

- Mais do que da última. - Ele disse e me deu um sorriso consolador.

O olhei sem entender e ele continuou com meu diagnóstico.

...

Recebi alta do hospital e logo após o médico sair do quarto eu saí também. Encontrei a Carol no corredor caminhando de um lado para o outro, assim que me viu correu até mim.

- Cadê a Sam? - A questionei.

- Precisou voltar ao trabalho. - Ela disse. - Como foi a conversa com o médico? É estresse mesmo?

- Também. - Disse enquanto caminhávamos pelo corredor.

- E o que ele receitou dessa vez? Porque ficar em casa não adiantou da última.

- Ir para o Brasil resolver a minha vida. - Parei e encarei a Carol.

- Eu sabia que o seu estresse envolvia um moreno alto gostoso. Você vai?

- Sim, não tenho outra opção dessa vez. - Respondi.

Carol ficou me olhando e eu continuei contando da minha conversa com o médico.

~~

Uma semana depois...

Pedi duas semanas de folga pra minha chefe, comprei uma passagem de avião pro Brasil, comprei uma mala grande, enchi de roupas e decidi ir resolver alguns assuntos pendentes lá.

Depois que fui embora retornei pro Brasil apenas uma vez e lembro de ter prometido nunca mais voltar lá, mas então as coisas aconteceram e a vida me obrigou a mudar de ideia.

Olhando pela janela do avião as nuvens eu refletia em como deixei um mês interferir na minha vida pra sempre, como uma pessoa foi capaz de revirar minha vida e mudar meus pensamentos e planos. Tudo que eu queria era não precisar sair da minha zona de conforto.

Encontrei meus pais e minha irmã que me esperavam no aeroporto, fui pra casa com eles e no caminho conversamos um pouco, mas eu não conseguia tirar da cabeça que estava ali pra ver o Lucas.

Assim que chegamos em casa eu fui pro meu antigo quarto. Ainda estava como eu o vi da última vez, meus posters ainda estavam colados ali e até a colcha da cama era a mesma, mas por incrível que pareça eu não consigo me sentir em casa aqui.

Ouvi a porta abrir e então vi Dani entrando, ela fechou a porta e sentou na minha cama.

- Mamãe nunca quis mudar nada aqui. - Ela disse.

- Foi legal da parte dela, mas você poderia ter ficado com esse quarto, é maior que o seu.

- Ela ainda acha que um dia você vai voltar. - Ela respondeu enquanto eu ri olhando meus livros na prateleira. - Mas eu não acredito nisso. O que você veio fazer aqui?

- Tá me mandando embora?

- Não, só não acredito que você tenha vindo nos visitar porque ficou com saudade.

A encarei pensando no quanto essa garota é esperta.

- Eu preciso resolver algumas coisas com o Lucas.

- Ok. - Ela esperou que eu continuasse.

- Eu não tenho o endereço dele. Você tem?

- Não, vocês não trocaram número de telefone? Liga pra ele e pede.

- Eu quero fazer surpresa.

- Eu tenho o número do Mauro. Posso ligar pra ele e pedir.

- Você faria isso por mim?

- Sim, só um minuto. - Ela respondeu mexendo no seu celular.

Ela ligou pro Mauro e inventou uma desculpa incrível pra pedir o endereço do Lucas. Fiquei me questionando como ela aprendeu a mentir bem assim. Em minutos eu tinha o endereço do Lucas em mãos e já tinha chamado o Uber pra me levar lá.

- Filha, onde você vai? - Minha mãe questionou enquanto eu saía pela porta.

- Preciso resolver alguns assuntos.

- As 23:00? você nem comeu, nem descansou. Deixa pra amanhã. - Ela respondeu.

- Se eu deixar pra amanhã mesmo que eu não vou descansar. - Disse e saí pela porta.

O Uber chegou e eu entrei no carro rumo a casa do Lucas. O motorista falava comigo e eu achava estranho conversar com ele em português. A muito tempo isso não acontecia. Eu olhava pra rua vendo as lojas, casas e pessoas e me impressionando como tudo estava diferente.

Cheguei na portaria do prédio do Lucas e logo o porteiro me parou, falei pra ele que era uma amiga dele e foi assim que ele me identificou pelo interfone, eles conversavam por algum tempo, mas eu não podia ouvir, a única coisa que meus ouvidos captavam era o som do meu coração batendo e o sangue fervendo nas minhas veias. Logo aquele senhor veio até mim e me pediu pra esperar ali.

A cada momento eu ficava mais nervosa, porque eu tinha que esperar aqui? Me passou pela cabeça que o Lucas podia estar com alguém no seu apartamento, uma garota quem sabe e então me senti burra em ter vindo até aqui, até o Brasil e ate a casa dele.

Minha respiração já estava totalmente descontrolada quando vi ele descendo do elevador e caminhando pelo corredor, eu já não controlava minhas pernas e sentia toda força do meu corpo se indo embora, era como se a qualquer momento eu fosse desabar no chão.

Ele ainda não tinha me visto, por algum motivo eu me escondi atrás do portão, foi instintivo e idiota também, eu me sentia muito idiota assim. Ele falou com o senhor de meia idade que apontou pra onde eu estava, Lucas me olhou e ficou paralisado, assim como eu também. O homem falou com ele e ele acenou com a cabeça e então começou vir até mim.

- Isadora? É você mesmo? - Ele questionou.

- Sim. - Respondi.

Eu tremia nesse momento eu não sabia ao certo se era de frio ou nervosismo mesmo, mas pouco importava. Ele deu dois passos e parou bem na minha frente, nos encaramos por alguns segundos antes de um abraço juntar nossos corpos.

Seu abraço continuava exatamente como eu lembrava.

Opostos - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora