Opostos - T3ddy

Décimo quinto dia (parte dois)

- Mentira! - Carol gritou dentro do restaurante ao ver o vídeo do Christian saindo do banheiro. - Isso vai pro YouTube, né?

- Não. - Christian desmancha a cara de velório que estava antes e da um grito chamando a atenção de todos no restaurante.

- Vai. - Lucas disse. - Tô pensando em fazer um vídeo no final dos trinta dias com um resumão dos melhores momentos e claro que esse vídeo vai estar.

- Vai ter momentos com a Isa? - Christian questionou com malícia. - Ou ela não fez parte dos melhores momentos?

O clima pesou. Não tinha necessidade nenhuma dele dizer isso, sabe muito bem que eu não gosto de exposições e pelo pouco que conheci do Lucas também. Senti meu sangue ferver nas veias.

- Por isso que eu não gosto e nem vou gostar desse cabeçudo. Só fala merda. - Disse irritada.

- Você se irrita com qualquer coisa, aposto que se eu gravasse você saindo nua do banheiro você não iria dar risada. - Christian disse bravo.

- Você adora falar bobagem e não aceita que falem nada pra você. Se fosse pra qualquer pessoa aqui eu não faria a brincadeira que fiz hoje, mas com você eu faço porque você é um babaca. - Gritei.

- Isa, calma. - Lucas pediu.

- Desde que eu coloquei o pé na sua casa você me trata mal, briga comigo e sempre responde qualquer coisa que eu disser grosseiramente. Você é babaca. - Christian também grita.

- Mano. - Lucas esfrega a testa.

- Desde que você colocou o pé na minha casa você foi um besta. Tentou invadir minha privacidade, implicou com meu jeito e sempre tentou me irritar. Se eu fui babaca com você eu fui pouco porque você merece muito mais. - Disse.

Há essa altura todas as atenções no restaurante já estavam em nós.

- Eu só perguntei pro meu amigo se ele iria incluir você nos melhores momentos já que 90% do tempo ele passou ao seu lado. Se você se ofendeu é porque sabe que não fez parte deles, ou... - Ele da uma risada maliciosa. - Porque tem vergonha do T3ddy.

- Ah cala a boca, garoto. - Joguei o guardanapo que estava no meu colo emcima da mesa.

- Cala a boca porque? Eu já percebi isso,  você nunca demonstra afeto nenhum pelo T3ddy quando tem outras pessoas por perto, não gosta de sair em público com ele, além de viver destratando o menino. - Christian diz.

- Você tem problemas. Me conhece a 15 dias e acha que sabe tudo de mim. Eu tenho dificuldades em demonstrar o que sinto, sempre tive, mas pelo menos sei perceber quando alguém tá dando emcima de mim. - Berro.

- Isa. - Lucas me chama.

- Quem tá dando emcima de mim? Você? - Christian debocha.

- Não, a Ca... - Quando eu ia dizer Lucas põe a mão na minha boca. Eu percebo o que ia fazer e então olho pra ele assustada.

- Melhor não dizer. - Lucas cochicha.

Olho pra Carol e ela está com de cabeça baixa esfregando as têmporas. Christian me olha sem entender. Lucas tira a mão da minha boca, eu olho ao redor e vejo todas as pessoas do restaurante me encarando, por segundos agradeço por estar falando português, isso faz com que a humilhação seja menor.

- Você é ridículo. - Levanto da mesa, mas antes paro na frente do Christian. - Ah e antes que eu me esqueça, vai se ferrar. - Pego meu copo e jogo a coca cola que estava dentro dele na cara do Christian.

Jogo minha bolsa no ombro e saio do restaurante, vou até o estacionamento e entro no meu carro, dei partida nele e sai daquele lugar.

Comecei a dirigir sem ter ideia pra onde iria. Procurei minha carteira de cigarros dentro da bolsa e acendi um, quase perdi o controle do carro o que fez com que eu freiasse bruscamente e o carro e ele ficasse atravessado na estrada, por sorte não tinha ninguém naquela estrada além de mim. Soquei o volante e gritei de raiva.

- Tudo culpa do Christian. Tudo culpa dele. - Gritei.

Um carro aparece atrás de mim e buzina pra que desobstruisse o caminho. Gritei pro motorista que me mostrou o dedo do meio. Respirei fundo e novamente dei partida no carro.

Dirigi praticamente a tarde inteira, fumei uns 5 cigarros e bebi uma cerveja, depois de muito xingar o Christian dentro do carro decidi voltar pra casa. Estacionei na garagem e mesmo sem vontade desci. Abri a porta e surpreendentemente não ouvi nenhum barulho. Respirei fundo e fui até meu quarto.

Assim que abri a porta me deparei com Lucas sentado na minha cama, ele me viu e levantou rapidamente.

- Você é louca? - Me questionou.