Oitavo dia (parte dois)

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- Cara péssima é essa? - Carol disse entrando na sala.

- Não dormi. - Disse com a televisão ligada mas com muita dor de cabeça pra olhar.

- Que horror. Por quê?

- Sem sono, com dor de cabeça...

- Saudade do ex, carência, vontade de pegar nosso inquilino. - Ela completou.

- Idiota. - Revirei os olhos. - Levantei ontem pra fumar...

- Você não anda comendo cigarro igual uma fumante, não é mesmo? - Carol me interrompe aos berros.

- Dor de cabeça Carolina. - Disse com a mão na testa. - E não, eu fumo pouco você sabe.

- Mentira! - Ouço a voz do Lucas entrando na sala. - Eu até já alertei ela quanto a isso, Carol.  Ela vive fumando.

- Quem chamou ele mesmo? - Perguntei olhando pra Carol.

- Eu acho muito bom alguém que cuide de você. Agora eu ando trabalhando e não tenho tempo de ficar de olho.

- Pode deixar comigo Carol. - Lucas disse com o peito estufado.

- Quando foi que eu regredi pra 12 anos? - Me questionei em voz alta.

- É só cuidado Isa. - Carol insistiu.

- Eu ein, nunca precisei de cuidado. - Peguei minha carteira de cigarro e meu isqueiro. - Deu até vontade de fumar esse papo de vocês. - Disse saindo pra rua.

Fui até o quintal e me sentei numa cadeira que estava ali. Gostava desse lugar. A grama verdinha no chão, as árvores, até o canto dos pássaros... Tudo nesse lugar tinha um ar revigorante, por isso eu adorava estar aqui.

Ouvi os passos de alguém atrás de mim mas não liguei, estou muito cansada e tudo que menos quero é estresse no dia de hoje. Foi quando a Carol chegou do meu lado.

- Tenho que ir trabalhar. - Ela disse com a mão no meu ombro.

- Tem certeza que não vai querer ficar de babá? - Ironizo nossa conversa a alguns minutos.

- Lucas cuida de você. - Ela disse e riu. - O que foi? Ele é tão fofo. Você deveria dar uma chance a ele.

- Você também? Já basta a que ele pediu ontem.

- Sério? - Ela gritou. - Ele é um sonho de garoto.

- Ele é um babaca como qualquer outro. - Revirei meus olhos. - Não quero babacas agora.

- Aí Isadora, você realmente não sabe aproveitar as oportunidades que a vida dá. - A olho confusa. - Você não precisa casar com ele. Pensa comigo, ele vai ficar apenas um mês aqui, aproveita que ele tá te dando mole e curte esse mês com ele. Vocês nunca mais vão se ver mesmo.

- Ah claro Carolina, tudo é fácil pra você, mas é se o garoto se apaixona?

- E se você se apaixona?

- Aí Carolina, sinceramente...

Não sou nem capaz de argumentar nesse momento, apenas viro meu rosto pra não brigar com ela.

Não sou de apaixonar fácil, tive alguns namorinhos na minha vida mas nunca algo tão sério como tive com o Will. Minha mãe sempre me ensinou que precisava valorizar meu coração, depois de tantos amores que vão é ele quem permanece comigo.

- Bom, eu preciso ir. Daqui a pouco O Christian acorda, queria te pedir pra não brigar com ele. Eu sei que ele te irrita mas tenta ignorar. - Ela diz.

- Não prometo.

- Mas vai tentar, né. - Ela diz e eu balanço a cabeça. - Ótimo. Vai lá dentro ficar com o Lucas. Ele ficou fazendo café, ajuda ele.

- Eu não. - Dou de ombros. - Ele que se vire.

- Tenho certeza que você vai ir. - Carolina gargalha e antes que eu pudesse dizer alguma coisa ela ajeita a bolsa no ombro. - Tchau amiga.

- Tchau. - Reviro os olhos.

Me atiro pra trás na cadeira, pensei em acender mais um cigarro mas desisti, sabia que no fundo a Carol tinha razão, quando comecei a fumar de brincadeira, prometia que ia fumar apenas 1 por dia, mas nós últimos dias eu estava realmente exagerando.

Minha barriga ronca e me lembra que eu preciso comer, penso em não ir na cozinha mas a verdade é que eu gosto da forma como afeto o Lucas.

Entro na cozinha e assim que ele me vê ajeita a postura, fico em silêncio e me sento à mesa.

- O que foi? - Ele pergunta sem me olhar.

- Carol me disse que você ia fazer café. - Disse tranquilamente.

- Você quer? - Me questiona empolgado e eu balanço a cabeça em positivo. - Espera aí que eu vou pegar uma xícara.

Rapidamente ele pega uma xícara no armário e me serve café, dou um gole e  pego um pãozinho no cestinho, mordo e então encaro Lucas que está sentado na minha frente de cabeça baixa.

Ele não é feio, pelo contrário, ele é muito bonito. Tem um jeito fofo, parece ser uma boa companhia e por mais que eu o trate mal ele sempre tenta me agradar.

- Isadora, Isadora. - Interrompi meus pensamentos quando ele me chamou. - Tem alguma coisa errada? Você tá me olhando.

- É que o café tá bom. - Eu disse e ele sorriu.

Esqueci de dizer que ele tem um sorriso bonito também.

Por segundos me questionei se a Carolina realmente estava totalmente errada no que me disse a minutos atrás.

Ele me olha e abaixa a cabeça rapidamente, um sorriso aparece em seu rosto, me questiono o que ele estaria pensando e então viro o rosto, o garoto já estava tímido.

- Óia, vocês dois aqui sem grito, sem briga. Vai chover. - Christian diz entrando na cozinha.

- Bom dia mano. - Lucas cumprimenta o amigo.

- Bom dia Isadora. - Ele diz sentando ao meu lado e colocando a mão no meu ombro.

- Bom dia Christian. - Digo tirando a mão dele.

- Eu atrapalhei alguma coisa? - Ele questiona.

- Minha digestão. - Cochicho.

- Não cara, a gente tava tomando café só. - Lucas responde.

- Ah bom, então não tem problema eu ficar junto.  Né Isadora. - Ele diz e eu dou de ombros. - O que vamos fazer hoje?

- Vocês não tem aula? - Questiono surpresa e eles negam com a cabeça.

Droga!

- A gente podia sair, conhecer alguns lugares. - Lucas diz empolgado.

- Boa sorte. - Digo indiferente.

- Pra você também, porque você também vai. - Christian diz.

- Quem determinou isso? - O encaro querendo esgana-lo.

- O fato de nós não sabermos andar na cidade e você ser a única que conhece tudo por aqui. - Ele responde e eu reviro os olhos.

Empurro a minha xícara e levanto da mesa, fico em pé e encaro os dois.

- Meia hora, daqui a meia hora eu vou sair e quem não tiver pronto vai ficar. - Disse indo pro meu quarto. - Ah e eu quero essa cozinha brilhando antes de sairmos.

Virei as costas e fui pro meu quarto, vou matar a Carolina.

Opostos - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora