Vigésimo quarto dia

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Ponto de vista: Isadora

Acordei no dia seguinte com muita dor de cabeça, q última coisa que me lembro é de ter vindo pra casa com o chato do Lucas, ele disse que eu já tinha passado do limite da bebida e que era melhor eu descansar.

Lembro dele ter tirado aquela saia que eu vestia e ter me colocado na cama, lembro também de ter deitado no peito dele e adormecido. Pareciamos um belo casal.

Olhei pro lado e não vi o Lucas nem a Dani. Não lembro da última vez que vi ela ontem, mas acredito que ela tenha vindo embora com a Carol e os meninos.

Me estiquei na cama e decidi levantar, eu ainda estava de calcinha e blusa somente, então joguei um robe por cima, já que ouvia sons pela casa.

Cheguei na sala e vi Carol, Lucas, Mauro e Christian conversando, eles cochichavam e eu não entendi o motivo. Me aproximei deles pra entender do que falavam, mas eles pararam assim que cheguei.

- Bom dia amiga. - Carol disse.

- Bom dia. Do que conversavam? - Os questionei.

- Nada demais. - Carol disse tensa me deixando curiosa.

- E porque pararam quando eu cheguei? - Questionei novamente.

- Não paramos, não. É impressão sua. - Christian disse.

Aquilo estava me irritando.

- Pararam sim e eu quero saber o porquê. - Olhei em volta e não vi a minha irmã. - Cadê a Dani?

Os quatro se entreolharam.

- A Dani... A Dani deve estar dormindo no quarto da Carol. - Lucas gaguejou.

- Cadê a Daniela? - Perguntei irritada.

- Acho melhor a gente contar pra ela. - Mauro disse.

- Até que enfim alguém que me entende. - Disse. - Conta Mauro.

- Então, a gente não sabe onde tá a Daniela. - Ele disse. - Nós achamos que ela tinha vindo com vocês ontem porque ela não tava conosco, mas aí o T3ddy disse agora que ela ficou.

Senti como se o chão embaixo de mim se desfizesse.

- Vocês tentaram ligar pra ela? - Questionei trêmula.

- Foi a primeira coisa, mas só toca e ela não atende. - Carol respondeu séria.

- Mas ela não sabe dar um passo sozinha aqui. - Choraminguei.

- Isa, calma. Tá tudo bem com ela. - Lucas me abraçou de lado e disse.

- Mas e se não tiver? - Olhei pra ele que parecia não ter resposta pra minha pergunta.

- Vai dar tudo certo. - Mauro segurou minha mão.

- E se a gente ligar pra polícia? - Questionei.

- A gente pode até tentar, mas eles só vão fazer alguma coisa depois de 24 horas. - Mauro diz.

- E a gente fica de braços cruzados enquanto isso? - Questionei.

- A gente pode procurar de carro pela cidade. - Lucas diz.

- Você sabe o tamanho dessa cidade? - Disse.

- A gente pode voltar na boate e pra ver se ela não está lá. - Mauro disse.

- Se ela não estava ontem. - Lucas disse.

- Mas pode ser uma boa ideia. - Me soltei do Lucas pela primeira vez empolgada. - Se ela tiver saído de lá ela pode ter voltado pra nos encontrar novamente.

- Também acho uma boa ideia. - Carol disse.

- Pronto, agora o Mauro vai ser o gênio. - Lucas disse irônico.

- Você tem alguma ideia melhor? - Mauro questionou.

- Pedir pra Deus. - Christian sugeriu fazendo todos rirem.

- A gente pode procura-la enquanto pedimos pra Deus. - Carol sugeriu e todos assentiram.

Pegamos as chaves do carro e fomos em direção da porta na intenção de voltar no lugar onde fomos ontem, mas antes que pudéssemos tocar na maçaneta a porta se abriu e entrou a Daniela e um outro menino. Eles estavam de mãos dadas e agiam como se nada tivesse acontecido, todos ficamos nos olhando até a Carol interromper o silêncio.

- Onde você estava? - Carol perguntou.

- Eu tava com o meu amigo. - Ela respondeu dando de ombros.

- Você quase nos matou de susto. - Lucas disse.

- Ah relaxa cunhadinho, não posso nem fazer amizades mais. - Ela respondeu rindo.

Nessa hora eu quis ser filha única.

- Porque você não nos atendia? - Mauro perguntou.

- Porque eu estava ocupada. - Ela debochou.

- Você não pode fazer isso menina, você é menor de idade e está sob nossa responsabilidade. - Carol disse visivelmente irritada.

- Eu sei me virar sozinha. - Daniela rebateu.

- Você é uma criança. Tem 17 anos, não sabe sequer atravessar uma rua sozinha. - Carol gritou.

- Você não grita comigo. - Daniela gritou de volta.

Eu estava com muita raiva. A minha maior vontade nesse momento era bater nela com um chinelo, exatamente como se faz com criança birrenta. Eu respirei, contei até 10 e mandei o garoto que estava com ela embora, sob pena de ligar pra polícia já que minha irmã era menor de idade. Ele não gostou da ideia e se foi sem ao menos olhar pra trás. Assim que fechei a porta encarei a Daniela e mesmo com vontade de mata-la, respirei fundo e tentei manter o auto controle.

- Mamãe vai saber disso. - Foi a única coisa que disse.

- Saber do que? Que você bebeu tanto que me perdeu ontem? - Ela me desafiou.

- Daniela, você não me provoca. - Disse com os dentes cerrados.

- Dani, não faz assim. - Lucas disse.

- Para de puxar o saco dela garoto. - Dani disse e revirou os olhos.

- Daniela, chega. - Disse tentando ainda manter o controle.

- Por acaso com 17 anos você não passava a noite com um garoto? - Ela insistia.

- Com 17 anos eu morava aqui, era independente e não precisava do dinheiro dos nossos pais pra nada, não era uma pirralha metida como você. - Gritei.

- Desculpa se eu não quis seguir os mesmos passos que você. Se não quis sair de casa porque brigava com os pais e fingir que eles não existem mais. - Ela gritou.

- Você volta pro Brasil ainda hoje. - Disse encerrando a discussão.

Ela me olhou com os olhos semicerrados, gritou e foi pro quarto. Carol e os meninos ficaram cochichando, enquanto eu apenas suspirei.

- Tudo bem? - Lucas me questionou.

- A ideia de traze-la foi sua, não foi? - O questionei.

Ele riu.

- Tudo bem. Eu assumo que foi. - Ele disse e me abraçou.

Opostos - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora