Oitavo dia

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Não consegui dormir, virei na cama de um lado pro outro mais de mil vezes e quando deu 03:00AM não aguentei e levantei da cama, ia fumar um cigarro quem sabe assim não acalmo e consigo dormir.

Coloquei um robe de cetim por cima da camisola que vestia e passei a faixa entorno da minha cintura fazendo um laço, calçei um par de chinelos e fui pra rua com uma carteira de cigarros e um isqueiro.

Assim que abri a porta senti o vento frio da noite tocar minha pele e então sorri, gostava disso. Fui até a pequena mureta e me escorei, abri a carteira e percebi que havia apenas dois cigarros lá dentro, me impressiono. Uma carteira dessa dura em média um mês pra mim e agora acabou em poucos dias, talvez eu tivesse fumando isso demais, ignorei esse fato e acendi meu cigarro, dei a primeira tragada e soltei a fumaça a vendo se desfazer no céu escuro.

- Você fuma demais pra uma moça tão jovem. - Ouvi a voz do Lucas atrás de mim.

- Fumo socialmente. - Dou mais uma tragada e solto a fumaça.

- Sério? Engraçado por que sempre te vejo com um cigarro entre os dedos. - Ele se para nas minhas costas e então sinto meu corpo arrepiar. - Isso mata.

- Você já me disse isso.

- Você deveria ouvir. Pessoas que fumam tem problema de pulmão. - Ele e se senta no muro me encarando enquanto eu olho pra rua escura na minha frente.

- As que não fumam também. - Solto mais fumaça.

- Por que você é assim? - Lucas me questiona e eu o olho pela primeira vez. - Esse jeito que não liga pra nada.

- Porque eu realmente não ligo. - O encaro.

- Liga sim, todo mundo liga. - Ele sorri e eu o odeio por ter um sorriso tão bonito.

- O que você quer? Por que não está dormindo? - Encaro novamente a escuridão a minha frente.

- Por não consegui dormir. - Ele vira de frente e se escora como eu no muro. - Sabe o que dizem? Que quando duas pessoas não conseguem dormir é por que estão pensando uma na outra.

Gargalhei sem vontade do seu jeito convencido. Se ele pensa que isso vai colar comigo está tão enganado.

- Acredite se quiser. Em quem eu estava pensando está num sono profundo agora. - Traguei novamente meu cigarro que agora já estava quase acabando.

- Um amor? - Ele me questiona.

- O maior de todos. - Disse e o encarei, o brilho dos seus olhos sumiram.

- Um homem? - Ele me questionou com a voz fraca.

- Não, uma mulher. - Disse e então joguei meu cigarro apagado num cinzeiro. O olhei e percebi um grande ponto de interrogação no seu rosto. - Minha irmã.

Ele deu um risinho fraco.

- Está tudo bem com ela? - Ele pergunta.

- Acho que sim. Só está longe de mim e eu me sinto culpada por não ve-la crescer. - O olho e então percebo que não faz sentido eu estar falando isso pra um cara que nem conheço. - Mas isso não te interessa.

- Eu gostaria de saber. - Ele insiste e isso me irrita.

- Mas eu não quero dizer. - Digo e desço os poucos degraus que davam pro pequeno quintal que minha casa tem.

- Sabe qual o seu problema? Você não se abre com ninguém, guarda tudo pra você e se sufoca. - Ele diz vindo atrás de mim, me viro e então ele trava o passo e me olha assustado.

- Você não acha que tá falando demais sobre a minha vida pra alguém que nem me conhece direito?

- Eu quero te conhecer Isadora, mas você não da brecha. - Seus ombros caem pra frente.

- Deve ser porque eu não quero que você me conheça.

- Por favor me escuta. - Ele devagar da um passo na minha direção. - Você tá criando uma barreira desde que eu cheguei aqui e eu nem sei por quê, me da essa chance, me conta. - Ele toca suavemente meu braço e eu o puxo de volta.

- Você não cansa de ser chato né? Não quero contar. - Disse.

- Você se sentiria melhor.

- Você quer que eu conte então? Não aguento mais, não aguento vocês dois dentro da minha casa invadindo minha intimidade. É isso, satisfeito? - Digo e volto a caminhar.

- E seu ex? - Ele fala e sinto minha coluna travar. - A Carol me contou sobre.

- Merda, Carolina! - Cochichei.

- Sei que ele te fez mal. - Eu paro novamente pra ver o que ele vai falar. - Mas ele não é único no mundo.

- O que você quer que eu faça? - Perguntei com raiva.

- Dê uma segunda chance pro amor. - Ele disse e eu gargalhei. - É sério isso. Tem mais gente disposta a te fazer feliz.

- Quem? Você? - Pergunto sarcástica e ele confirma com a cabeça. - Ah garoto e poupe, né.

- Por que não? Você nem me conhece, não sabe o que eu faria pra fazer você feliz.

Ele se aproximou mais de mim, eu tentei me afastar, mas ele foi mais rápido e me abraçou. Aproximou seu rosto do meu e afastou uma mecha do meu cabelo do meu pescoço e pôs uma mão na minha cintura.

- Você merece. - Ele cochichou próximo a mim e por fim me beijou.

Ponto de vista: Lucas.

Tinha que me controlar pra não desesperar na frente da Isadora, sei que seria péssimo, mas diante dela eu não conseguia me controlar. Não sei se era seu jeito ou a forma como tinha domínio sob mim, mas eu tinha vontade de estar com ela.

Por mais que estivéssemos nos beijando a alguns minutos seus braços estavam caídos ao lado do seu corpo enquanto eu a segurava como se fosse a coisa mais importante pra mim.

- Preferia que você me abraçasse. - Disse soltando sua boca e colando nossas testas.

- Carente. - Ela disse me fazendo rir.

- Você me deixa assim. - Sussurrei.

Ficamos assim com as testas coladas por alguns minutos. Minutos o suficiente pra saber que ficaria muito tempo assim. Abri meus olhos e vi seu rosto, tinha uma expressão de preocupação, mas ao mesmo tempo tão linda. Sorri silenciosamente e então avancei alguns centímetros pra poder beija-la, mas então ela desviou e se soltou de mim. Deu uns dois passos para atrás e então ficou de costas pra mim.

- Ta tudo bem? - Perguntei reticente com a resposta.

- Tá. - Respondeu distante.

- Eu queria tanto saber o que você ta pensando.

- Que tô com sono. - Ele diz caminhando e então passa por mim rumo a porta.

- Espera. - Digo. - Onde você vai?

- Dormir, você não está vendo? - A Isadora mal humorada voltou.

- Mas por quê? - Digo desanimado.

- Por que eu tô com sono.

- Isadora... - A chamo e então ela ignora.

Dou um soco no ar, por que ela é assim? Por que eu me afeto tanto com isso? Ralho comigo mentalmente, sempre consigo deixa-la escapar.

Nota da autora:
   Gostaria de pedir desculpas, mas no último capítulo acabei dando um grande spoiler desse. A conversa entre o Lucas e a Isadora onde ele diz que ela deveria dar uma chance pra ele acontece nesse capítulo, mas eu antecipei e acabei dizendo isso no diálogo dela com a Carol no último.
Perdoem a autora cabeça de vento aqui.
Já arrumei aquele e a partir desse vou começar a prestar mais atenção, juro.
   Estou muito feliz pelos comentários que essa história tem recebido até aqui e gostaria de dizer que amo escrever pra vocês.
   Continuem acompanhando porque ainda vai acontecer muita coisa.

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