Opostos - T3ddy

Décimo terceiro dia (parte quatro)

Depois do jantar fomos pra sala e resolvemos tomar um vinho, não era como os que tínhamos em casa, mas no momento era uma boa opção. Lucas sentou ao meu lado, Christian numa poltrona na nossa frente e Carol em outra ao lado.

Lembrei dos momentos com o Will, meu ex namorado. Tantos momentos como esse, sentados um de frente pro outro com uma taça de vinho em mãos e jogando conversa fora. Se eu dissesse que não sinto falta disso estaria mentindo, mas nunca pensei que ele iria me decepcionar como fez e isso me fazia querer ficar longe dele.

Lembro do dia que cheguei no ateliê as 08:00 AM e encontrei ele bêbado gritando coisas sem sentido com a minha chefe. Só de lembrar sinto meu estômago embrulhar de vergonha. As vergonhas, os momentos de tristeza e toda a raiva que eu senti foram capazes de tornar sem sentido tudo que vivemos antes.

- Isa? - Ouvi a voz do Lucas próximo ao meu ouvido. - Tá tudo bem?

- Tá sim. - Disse sem vontade.

- Você tá tão quieta. - Ele disse com uma expressão de preocupação.

- O vinho é ruim. - Disse e ele riu. Sua expressão mudou completamente.

- Esse vinho é péssimo. - Carol disse fazendo uma careta. - Até vinho de garrafão é melhor.

- Você já tomou vinho de garrafão? - Christian questionou rindo.

- Meu querido, aquela ali - Apontou com a taça pra mim. - E eu já tomamos todos os tipos de bebidas alcoólicas possíveis e imagináveis. Do mais caro, ao mais barato.

- Com quantos anos vocês vieram pra cá? - Lucas questionou.

- 15. - Respondemos em uníssono.

- Como foi viver uma adolescência americana? - Lucas questionou.

- Nós fomos adolescentes? - Questiono e a Carol dá de ombros. - Nós tivemos que trabalhar desde muito cedo pra nos sustentar.

- Mas e a família de vocês? - Lucas questionou interessado.

- O que fez eu me apaixonar por essa maluca aqui foi o fato de não gostar de depender de ninguém. Assim como eu. - Carol respondeu se referindo a mim.

- Com 13 anos eu decidi que iria morar aqui, então comecei a juntar todo dinheiro que eu ganhava. Com 15 anos ao invés de uma festa como minhas colegas, eu quis uma passagem pra cá. Meus pais me deram achando que eu ia passar somente uns dias, aprimorar meu inglês, mas eu nunca mais voltei. - Eu respondi. - Acho que a Carol foi quase a mesma coisa.

- Vocês vieram juntas? - Lucas continuou perguntando, eu neguei com a cabeça e ele pareceu surpreso. - E como se conheceram?

- No hotel onde ficamos hospedadas. - Respondi e ele pareceu satisfeito.

- O vinho é tão ruim que tá fazendo a Isadora falar sobre a vida dela. - Carol disse fazendo Lucas rir. - Christian? Tá tudo bem?

Christian estava olhando pra taça fixamente, parecia distante, disperso.

- Tá tudo bem sim. Só tô ouvindo a história de vocês duas. - Ele respondeu.

- E precisa estar com essa cara? - Carol questionou.

- Achei triste. - Ele respondeu.

- Como triste? Somos felizes, bem sucedidas e moramos nos Estados Unidos. - Carol respondeu.

- Por isso. Com 15 anos eu só falava besteira na internet. - Ele disse arrancando gargalhadas do Lucas e da Carol. - Isadora, você não ri?

- Ela só ri das minhas piadas, né Isa? - Lucas disse e me abraçou de lado.