Algum tempo depois (parte quatro)

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Lucas levantou da cama e caminhava de um lado pro outro, meu coração batia nervoso por não saber qual seria a atitude dele, mas eu não podia negar que estava mais tranquila em ter contado a verdade.

Ninguém além do médico e eu sabíamos da minha gestação, quis dar a notícia em primeira mão para o Lucas, não achava justo o pai ser o último a saber da notícia.

Johny deitou devagar no meu colo e se acomodou, ele é tão carinhoso, do mesmo jeitinho que o Lucas, mas nesse momento eu queria mata-lo. Essa não era o tipo de notícia que eu gostaria de dar a ele, mas também não queria receber esse silêncio como resposta.

- Eu vou embora. Meus pais estão me esperando. - Disse tirando o Johny do meu colo.

- Não, espera. - Lucas se voltou pra mim. - Você não pode vir até a minha casa me dizer que tá grávida e simplesmente virar as costas e ir embora.

- Sim, eu concordo, mas desde que eu te contei você ficou caminhando de um lado pro outro e não me disse nada. - Respondi.

- Desculpa, mas é que eu tô tentando digerir. - Ele disse sentando na minha frente. - A cinco minutos atrás o que eu tinha mais próximo de um filho era o Johny, agora recebi a noticia que tem um ser humano se desenvolvendo dentro de você.

- Se você quiser a gente pode fazer DNA. - Eu sugeri mesmo me sentindo desconfortável.

- Cala a boca, não precisa disso. Eu vivi 31 dias colado em você 24 horas. Eu sei que esse filho é meu. - Ele disse olhando pra minha barriga.

- Obrigada. - Disse sentindo meu coração ficar mais calmo.

- Eu só preciso me acostumar com a ideia. Eu não vou ser mais um garoto trancado no meu apartamento que joga videogame, eu vou ter um filho. - Ele respondeu.

- É difícil pra mim também. - Respondi.

- Meus pais vão ficar malucos. - Lucas disse olhando pra minha barriga.

- Tenho certeza que os meus também, inclusive você precisa ir comigo contar a eles. - Disse.

- Você ainda não contou? - Lucas me olhou assustado.

- Não, o filho não é só meu, eu não tenho porque passar por isso sozinha.

- Mas os pais são seus.

- É assim que você quer assumir responsabilidades? Fugindo da primeira que apareceu?

Lucas riu.

- O personagem dramática não combina com você. - Ele disse.

- Eu não venho pra casa dos meus pais a muitos anos, não acredito que eles vão ficar felizes em saber que eu vim porque eles vão ter um neto.

- Mas eles nem me conhecem e se eles não gostarem de mim?

- Foda-se a opinião deles Lucas, eu só não quero dar a notícia sozinha.

- Tudo bem. - Ele disse e me olhou assustado novamente. - Como vai ser depois que o bebê nascer? Você mora lá e eu aqui.

- A gente pode discutir isso depois?

- Vai ser a parte mais difícil.

Eu realmente não queria pensar nisso agora. Sei que tanto Lucas, como eu também não vamos ceder.

- Você tá feliz? - Questionei mudando de assunto.

- Estou. Mas ainda tô assustado.

- Vai dar tudo certo. - Segurei sua mão. - Eu ainda não fiz nenhum ultrassom, queria que você estivesse presente no primeiro.

- Será que vai dar pra ver se é menino ou menina? - Lucas perguntou de sobressalto.

- Acredito que ainda não.

Lucas deitou na cama e ficou olhando para cima um pouco risonho. Acredito que a noite tenha sido difícil pra ele. Primeiro que ele não esperava me receber aqui e segundo que não imaginava que eu não chegaria sozinha, traria um filho dentro de mim.

Deitei ao seu lado e fiquei olhando pro teto também. Instintivamente levei a mão na minha barriga, Lucas me olhou, sorriu e também acariciou o lugar.

- Estamos ligados pra sempre agora. - Lucas disse segurando a minha mão.

- Gostaria de dizer infelizmente, mas no fundo eu gosto disso.

- Aposto que quando você me conheceu, nunca imaginaria isso.

- Nunca mesmo. Nem depois de conhecer. - Respondi.

Ficamos em silêncio por algum tempo.

- Já pensou em um nome? - Lucas cortou o silêncio.

- Não.

Continuamos em silêncio.

- Será que vai parecer com você ou comigo?

- Espero que se pareça com os dois.

- Tomara que não tenha o meu nariz. - Lucas disse e eu olhei pro seu nariz e ri.

Me virei de frente pra ele na cama.

- Espero que tenha o seu carisma. - Disse.

- Se tiver o seu vai ser complicado. - Lucas disse.

- Você não tá me chamando de antipática, não?

- Nunca, só estou dizendo que você tem a personalidade forte. - Lucas disse me fazendo rir. - Qual vai ser a cor do quartinho?

- Eu voto em lilás, sabe, nem azul e nem rosa.

- Eu gosto. Podia ter decoração de games. Sabe como é, pai gamer.

- E por acaso vai ter uma máquina de costura em homenagem a mãe?

Lucas pensou um pouco.

- Acho que pode ser decoração de ursinho. - Ele respondeu e eu ri. - Johny você vai ter um irmão. - Lucas disse com uma voz fina pro cãozinho que balançou o rabo.

- Você vai ser o irmão mais velho.

Lucas e eu seguimos conversando sobre o bebê. Antes pensar sobre a gravidez me fazia ficar desconfortável, mas agora com o apoio do Lucas me sinto feliz em pensar no meu filho. Me sentia mais leve.

Opostos - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora