Vigésimo sexto dia

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Depois da diversão que foi a noite passada todos fomos para a cama cedo e mais uma noite eu dormi ao lado da Isadora e isso me deixava muito feliz.

Quando acordei pela manhã ela não estava na cama, levantei achando que iria encontra-la na cozinha, ou quem sabe na sala, mas pra minha surpresa também não estava. Fui até o banheiro, mas ali também estava vazio, então olhei em todos os quartos, mas ela também não estava. Aliás, ninguém estava.

Carol foi trabalhar, Christian devia ter ido pro curso, mas e o Mauro? E a Isa? Nesse momento tento ser racional e não sentir ciúmes, mas é mais forte que eu.

Eles claramente já mostraram ter interesse um no outro, eles demonstram respeito na minha frente, mas e quando eu não estou, será que também seria assim?

Começo a exasperar e penso em ligar pro Mauro, mas no segundo toque ouço seu celular tocar de dentro do quarto. Meu coração bate mais forte e eu sinto como se não conseguisse mais respirar, então resolvo pegar um ar na rua.

Não é nada demais, Lucas.

Quando chego na porta da frente vejo Mauro e Isa sentados na grama conversando. Sinto um alívio no meu corpo, mas ao mesmo tempo outra pontada de ciúmes invade meu peito. Os dois estavam tão entrosados, conversavam de maneira tão espontânea que eu sentia que se me aproximasse agora iria estragar o momento.

Penso em voltar pra dentro de casa, mas acho minha atitude boba, não posso fugir assim, então vou até eles.

Ao chegar perto percebo que eles fumavam o mesmo cigarro. Não entendo o Mauro, ele sempre foi contra pessoas que fumavam e desde que chegou aqui virou uma chaminé junto com a Isa, que também estava parando com esse hábito.

- Bom dia. - Tento não parecer afetado.

- Bom dia Toddy. - Mauro disse e ambos riram.

- Eu tive que contar pra ele. - Isa se justificou.

- Tudo bem. Eu não me importo. - Disse um pouco incomodado.

Sento ao lado da Isadora.

- O quê estávamos falando mesmo? - Ela pergunta ao Mauro.

- Não lembro mais. - Ele responde.

Os dois riem.

- Porque vocês fumam tanto? - Questionei.

- Porque a gente quer. - Isadora responde séria.

- Você nunca me ofereceu seu cigarro. - Disse.

- Você não tem cara de quem fuma. - Isadora respondeu.

- E o Mauro tem? - A questionei.

- O Mauro é diferente. - Isa diz olhando pra ele. - Ele é mais maduro, mais cult, mais complexo de explicar. - Ela dizia.

- Mas eu quero experimentar. - Interrompo ela.

- Deixa ele, Isa. - Mauro diz.

- Lucas, você tem paladar infantil, isso tem gosto de fumaça. - Isadora insistiu.

- Deixa eu experimentar, Isadora? - Peço e ela revira os olhos e me entrega o cigarro.

Olho pra aquela coisa na minha mão, eu sei que isso ia totalmente contra tudo que eu acreditava, mas eu achava que tinha que fazer. Sei que isso era só pra impressionar a Isadora e por alguns segundos pensei em desistir, mas então não hesitei e traguei a fumaça daquele cigarro.

Era horrível o gosto e a sensação. Não sei o que fiz de errado e me engasguei com a fumaça, Isadora e Mauro riram e imediatamente a menina ao meu lado tirou aquela porcaria da minha mão e entregou ao meu pseudo amigo e em seguida começou a dar tapinha nas minhas costas.

- Eu falei que você não ia gostar. - Ela disse.

- Eu queria provar. - Mal consegui falar no meio da tosse.

- Mauro faz um favor pra mim? Vai até o meu quarto e pega uma caixinha que fica ao lado da minha cama e traz aqui. - Isadora pede e Mauro imediatamente vai.

Eu sentia meu rosto queimar, em parte pela tosse e também pelo vexame que acabara de passar.

- O que eu fiz de errado? - Questionei me referindo ao cigarro.

- Tentou ser alguém que você não é. - Ela respondeu me olhando séria e mantemos o olhar até Mauro aparecer.

Ele entregou a ela uma caixa e ela tirou um cigarro de dentro. Imediatamente sacou um isqueiro do bolso do seu short e acendeu o mesmo, deu uma tragada e me entregou o mesmo.

- Você não cansou de rir de mim? - Perguntei com o cigarro na mão.

- Se você quer fumar acredito que esse aqui vai ser melhor, mas primeiro você precisa aprender a segurar um cigarro. - Ela disse ajeitando o mesmo entre meus dedos. - Agora você vai coloca-lo na boca e devagar vai chupar a fumaça. Se preferir pode segurar a respiração para não inalar a fumaça.

Enquanto ela explicava eu fazia todo o passo a passo sob os olhares atentos de Mauro e ela. Aquele cigarro estava longe de ser bom, mas era bem melhor que o anterior, ele tinha um gosto diferente.

- Esse é diferente, o que ele tem? - Questionei.

- Maconha. - Ela respondeu e eu me engasguei com a fumaça fazendo ela e Mauro gargalharem. - É brincadeira garoto e para de inalar a fumaça.

- É sério? - Disse com dificuldade.

- Claro que não. Ele só e mentolado. É mais fraco que esse que Mauro e eu fumamos. - Ela disse tragando meu cigarro.

- Eu quero experimentar esse. - Mauro diz e ela entrega o cigarro a ele que logo fuma.

Bem melhor que eu, diga-se de passagem.

- É melhor. - Respondi recebendo o cigarro de volta da mão do Mauro.

- Pode ficar com essa caixa. Eu não fumo esse, só em festas pra não ficar com cheiro forte. - Isa diz e me entrega a caixa, eu a olho por alguns segundos e enfio no bolso da calça.

- O que vamos fazer agora? - Mauro questiona.

- Tô sem ideia. - Isa responde.

- Tá quase na hora do almoço, a gente podia sair pra comer. - Respondo.

- Por mim tudo bem. - Isa respondeu e Mauro concordou.

Opostos - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora