Décimo quinto dia

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Acordamos cedo, fizemos nossas malas e partimos. Antes de entrar no quarto acendi um cigarro e fumei na frente do homem que implicava com isso. Depois o cigarro joguei no chão e pisei em cima, ele observou tudo sem dizer nada. Sabia que se dissesse não voltaríamos. E nem íamos.

Lucas e Christian voltaram no meu carro pois a Carol ia direto pro trabalho. Apesar de cedo era impossível sentir sono já que Christian não calava a boca. Fazia piadinhas sem graça o tempo todo.

- O garoto, para de falar bobagem meio minuto e me responde uma coisa. Você tem alguém no Brasil. - Questionei.

- Gostaria de informa-la que jamais trairia meu amigão T3ddy. - Ele diz.

- Como se eu fosse querer um cabeçudo como você. - Lucas tranca o riso. - Me responde.

- Tenho várias. - Se gaba.

- Fala sério Christian. - Peço.

- Ele tá falando. - Lucas me diz.

- Credo, como existe gente com mau gosto.

- Por que a pergunta? - Christian me questiona e eu penso seriamente em contar a verdade, mas sei que a Carol me mataria.

- Curiosidade. Queria saber se existe gente louca a ponto de querer você.

- Aposto com você que eu ficaria com a menina mais legal que você conhece. - Christian disse.

- Tipo a Carol? - Lucas questionou e eu quase gritei.

- Sim, tipo a Carol. Mas porque ela? - Christian disse confuso.

- Você disse a menina mais legal e a Carol é legal. - Lucas respondeu.

- Sim, ela é. Bem diferente de umas e outras aí. - Fez referência a mim.

- Fica com ela então, ue. - Disse e o Lucas trancou o riso.

- Não tô entendendo porque vocês estão insistindo tanto assim. Não vou dar rolê de casalzinho com vocês não. - Christian disse.

- Prefere segurar vela. - Lucas disse.

Christian mudou de assunto completamente depois disso, não sei se ele não entendeu as indiretas ou se fez de sonso, mas de um jeito ou de outro isso irritava. Viemos pra cá nesse fim de mundo pra passar um fim de semana pra ver se ele reparava na Carol mas no final tudo virou em pizza e uma cama com quatro pessoas na última noite.

Paramos em uma cafeteria pra tomar nosso café da manhã. Marcava 09:00AM no relógio e ainda teríamos umas duas horas de viagem até em casa, hoje os meninos não iriam pro curso e provavelmente a casa estaria uma bagunça.

Carol disse pra não nos preocuparmos com isso porque quando ela chegasse em casa daria um jeito, mas achei muito sacanagem e combinei com Lucas e Christian que quando chegássemos em casa arrumariamos a bagunça.

A casa realmente estava uma bagunça, separamos as tarefas e cada um ficou responsável por um cômodo e por fim nos encontraríamos na cozinha onde a bagunça era maior.

- Eu tô muito cansado. - Christian se jogou emcima de uma das cadeiras da cozinha.

- Nem pensar mano, a gente tem que terminar de arrumar a cozinha ainda. - Lucas disse enquanto segurava uma vassoura.

- Quando eu assinei o contrato do aluguel da casa não falava nada sobre faxina. - Christian disse.

- Quando eu assinei o contrato do aluguel de vocês não falava nada sobre um babaca cabeçudo. - Respondi.

- Bem feito. - Lucas disse. - Acho que terminamos né Isa.

- Acredito que sim. A Carol vai ficar muito orgulhosa. - Sorri satisfeita.

- Agora eu preciso de um banho. - Lucas disse.

- Eu também. - Christian e eu falamos em uníssono e nos encaramos.

- Vamos ter que tirar no jokenpo. - Lucas disse.

Christian e eu aceitamos, colocamos os três a mão pra cima e gritamos juntos "jokenpo" e então mostramos as mãos. Christian e eu colocamos pedra e Lucas papel. Em seguida ele deu um grito de comemoração e foi em direção pro banheiro. Christian saiu correndo pro banheiro e eu também.

Christian chegou antes e se trancou no banheiro, Lucas e eu batemos na porta mas ele não abriu. Lucas deu um soco na porta por fim.

- Cabeçudo trapaceiro. - Gritei.

- Deixa ele, Isa. Ele vai ter o que merece ainda.

- Sim, mas o que? - Questionei e ele me olhou com cumplicidade. - No que você tá pensando?

- Fica quieta. - Ele disse com o ouvido colado na porta, me questionei sobre o que ele tava fazendo. - Espera aí.

Ele abriu bem devagar a porta do banheiro e entrou, lentamente ele puxou algumas peças de roupa e a toalha que devia ser de Christian. Cobri a boca pra rir, Lucas pegou as peças de roupa e fechou a porta, em seguida jogou tudo no chão.

- E agora? - Cochichei.

- A gente pega a câmera e grava.

Lucas buscou sua câmera no quarto e posicionou pra gravar, Christian tomava banho e cantava e nem sequer percebeu tudo que acontecia do lado de fora. Logo o chuveiro foi desligado.

- Oxi. - Ouvimos Christian falar confuso. - Cadê minhas coisas? - Ele gritou e nos gargalhamos sem fazer barulho. - Vou matar vocês dois.

Lucas e eu ficamos em silêncio esperando que Christian saísse do banheiro e assim foi, a porta abriu lentamente e Christian saiu do banheiro tentando se cobrir com um rolo de papel higiênico, Lucas e eu gargalhamos. Enquanto ele gravava, eu tirava fotos com o celular. Christian gritou alguma coisa e saiu correndo pro quarto com o bumbum de fora.

- Bom trabalho. - Lucas disse e me abraçou enquanto gargalhavamos.

Opostos - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora