Trigesimo dia (parte três)

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Decidi seguir o conselho da Carol, passei o batom mais vermelho que tenho, coloquei um vestido preto de brilho e ao invés de salto escolhi uma bota de verniz com salto baixo e tratorado. Me senti ótima com essa roupa, lembrou uma fase que eu me sentia confiante da minha vida, não tinha medo das coisas e estava disposta sempre a dar minha cara pra bater. Achei que esse look afastaria esse sentimento de perda e derrota que eu estava sentindo.

Fui até minha penteadeira e escolhi o perfume que eu considerava mais cheiroso, avaliei se realmente valia a pena, pois ele é caro, mas considerei que sim. Não viveria esse momento novamente. Na verdade nunca vivemos o mesmo momento duas vezes então cabe a nós aproveitar as situações e nessa noite eu beberia e me divertiria pensando exatamente nisso.

Sai na sala e encontrei apenas o Mauro sentado no sofá, pela primeira vez eu não era a última a sair do quarto e essa sensação era boa.

- Acho que essa roupa representa exatamente quem você é. - Mauro disse.

- Eu sei. Também gostei. - Sorri.

Logo ouvi Carol vindo no corredor e atrás dela Christian e Lucas, eles caminharam lentamente até nós.

- Você não vai de salto? - Carol me perguntou olhando para meus pés.

- Não, dançar de salto é ruim. - Respondi.

- Isadora, você é capaz de mijar de salto. - Ela disse.

- Eu sei, mas eu quero dançar muito. - Respondi.

- Ah eu vou tirar meu salto também. - Ela disse indo em direção ao seu quarto, mas esbarrou nos meninos.

- Você vai querer ir de cópia dela? Vai de salto mesmo, é mais elegante. - Disse o Christian.

- Você entende muito de elegância né Christian, da pra ver na sua roupa. - Disse irônica.

- Óia, ela voltou a ser venenosa. É assim mesmo que eu gosto. - Christian disse e eu ri.

- Vamos pessoal? - Mauro disse.

- Vamos. - Lucas disse pela primeira vez.

- Isadora você dirige. - Carol disse.

- Eu não. - Disse e ela me olhou com estranheza. - Eu quero aproveitar e beber, não vou ser a mãe de ninguém.

- Vamos de uber então. - Christian disse.

- Não cabe todos num carro só. - Mauro disse.

- A gente pode se dividir. - Christian insistiu.

- O mais legal é irmos juntos. - Carol disse. - Tá bom, eu dirijo.

- Ótimo, vamos? - Disse indo em direção a porta, mas parei quando vi todos parados me olhando. - O que foi? Vocês não esperam que eu desista, né?

- Tá, eu vou dirigindo. - Carol diz vindo em direção a porta visivelmente desanimada.

Eu fui no banco do carona, os meninos sentaram atrás, dessa vez não teve discussão. Fomos o caminho todo em silêncio, a única coisa que se podia ouvir era a música que a Carol colocou, mas esse silêncio logo foi cortado quando chegamos no local.

Eu fui logo pro bar e pedi uma dose de Whisky, precisava esquecer tudo logo pra poder me divertir, depois de beber olhei pra trás e não encontrei mais ninguém, pedi mais um drink e fui procura-los, mas fui interrompida por uma menina que me puxou pelo braço me convidando pra dançar. Ela me levou pra um grupo que tinha uma energia incrível, eles dançavam e se divertiam e eu logo entrei no clima, era legal conhecer pessoas assim, mas assim que acabou a música eu fui procurar meus amigos.

Encontrei primeiro o Christian escorado em uma parede com algo que parecia uma cerveja, caminhei até ele que parecia não ter me visto ainda.

- Acorda cabeçudo. - Gritei sob a música alta.

- Sai daqui, você vai estragar meus planos. - Ele disse.

- Quais planos? - Questionei.

Ele apontou com um aceno pra uma menina que dançava a nossa frente, que visivelmente não ligava pra ele.

- Ela tá nem aí pra você. - Disse.

- Invejosa. Ela me olhou várias vezes. - Ele respondeu.

- Christian observa bem, ela tá dançando pra aquele cara escorado no bar, deve ser namorado dela. - Disse e logo em seguida ela se aproximou do cara e o beijou. - Viu?

- Foi a sua inveja que fez isso.

- Só tem uma garota na sua aqui.

- Você? - Ele questionou.

- Deus me livre. - Gritei e gargalhei. - A Carol.

- Para com isso. A Carol é minha amiga.

- Ela era sua amiga. Você vai embora amanhã, não vai ter constrangimento, nem vergonha. Da uns beijinhos nela.

- Porque ela não quer. - Ele disse.

- Não dá bola pro doce que ela faz, te garanto que ela tá sim.

- A gente tá procurando vocês, o que estão fazendo aqui? - Mauro chegou perguntando.

- Tô convencendo o Christian a fazer uma coisa. - Sorri e deu um gole do meu drink.

- Isadora, eu vou chegar nela e vou levar um fora.

- Vai nada. Vem comigo. - Segurei a mão dele e caminhei entre as pessoas, mas antes parei e dei meu copo pra ele.

- O que é isso? - Ele questionou.

- Encorajador, bebe. - Disse e ele tomou um gole.

Continuamos caminhando até encontrar o Lucas e Carol em um canto. Fui até eles e puxei a minha amiga pela mão pro centro para dançarmos, nós três dançamos até que eu bati com o quadril na Carol dando um impulso pra ela ir pra cima do Christian. Queria que parecesse natural, e deu certo.

- Eu não acredito que consegui. - Disse me aproximando do Lucas e Mauro.

- Esse casal sempre existiu? - Mauro questionou vendo Carol e Christian se beijando.

- Sim, só ficavam fazendo doce. - Lucas respondeu.

- Igual um outro casal aí. - Mauro disse. - Acho que vou dançar.

- Eu vou junto. - Disse indo atrás dele.

- Não. Você fica. - Mauro disse e saio andando no meio das pessoas deixando Lucas e eu sozinhos.

Opostos - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora