Antes de começar esse capítulo gostaria de dizer que ele foi de longe uma das coisas mais tristes que escrevi na minha vida e quem não chorar junto comigo é falso. Brincadeiras a parte, espero que gostem porque eu escrevi com muito carinho pra vocês.
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Entrei no carro e dirigi de volta pra casa. Ignorei todas as pessoas que falavam comigo, só queria sair dali logo.
Enquanto dirigia milhares de pensamentos rodeavam minha cabeça: como vai ser agora? Como vou me acostumar sem os meninos? Como vai ser acordar sem o Lucas do meu lado? Com quem vou conversar sem o Mauro aqui? Com quem vou brigar? Será que vou sentir falta do Christian? Será que eu realmente me apaixonei pelo Lucas e vou sofrer quando ele ir embora?
Eram tantos questionamentos que quando percebi eu estava com falta de ar e sentia como se meus pulmões estivessem sendo esmagados, eu queria chorar mas as lágrimas não saiam. Era uma sensação muito agonizante que eu já tinha sentido tantas outras vezes, era ansiedade. Parei o carro e abri as janelas, queria sentir o vento frio no meu rosto.
- Eles não podiam ter feito isso comigo. - Sussurrei pra eu mesma.
Olhei o banco de trás e vi o boné de um dos três, peguei nas mãos e apertei, nesse momento eu já não sabia se sentia tristeza ou raiva. Joguei com raiva o objeto no banco do carona e me debrucei sob o volante tentando fazer os exercícios de respiração que o terapeuta tinha me recomendado.
Decidi retomar meu caminho e voltar pra casa, ouvi meu celular tocando dentro da bolsa e o som dele me deixava mais agoniada. Não vou atender ninguém.
Cheguei em casa e joguei a bolsa com o celular tocando no sofá da sala. Me sentei na mesa da cozinha e senti meu coração disparado no peito. Resolvi beber alguma coisa, então peguei uma garrafa de whisky e enchi um copo, a bebida queimando minha garganta afastava um pouco o que eu estava sentindo.
Eu acabei me acostumando com toda essa movimentação na minha casa, com o barulho e a bagunça deles, eu devia ter me preparado pra quando eles fossem embora, desde o início eu sabia que não era pra sempre. Então comecei a achar que a culpada era eu. Minha cabeça doía muito.
Ouvi a porta abrir e não tive força de ir ver quem era, nesse momento eu sentia como se uma força me prendesse naquela cadeira. Foi quando vi o Lucas invadindo a cozinha e sentando na cadeira que ficava na minha frente. Ele baixou a cabeça e ficou em silêncio junto comigo. Ele sabia que eu não precisava de palavras.
Ficamos em silêncio por longos minutos evitando contato visual um com outro. Foi quando Lucas levantou e pegou um copo, encheu de Whisky e bebeu em um gole.
- Você podia ter me avisado. - Disse cortando o silêncio.
- Eu ia contar. - Ele sussurrou.
- Quando? Quando estivesse embarcando no avião? - Gritei o que fez ele olhar pra mim.
- Eu não sabia como contar. Não queria que você ficasse triste, estava tudo tão bem entre nós.
- E em qual momento você pensou em me dar essa notícia? - Disse e ele ficou em silêncio olhando pro copo, aquilo me irritou. - Me diz. - Gritei e bati o copo na mesa o que fez com que ele quebrasse em vários pedaços..
Lucas vendo aquilo se levantou depressa pegou um pano e envolveu minha mão, em seguida me abraçou. Eu devolvi o abraço e o apertei.
- Não vai embora, por favor. - Pedi.
- Desculpa. - Foi a única coisa que ele disse. - Vem embora comigo. A gente vai poder ficar junto.
- Você não entende. - Dei dos passos pra trás. - Eu não pertenço aquele lugar. Eu só fui feliz quando vim pra cá.
Ele baixou a cabeça e ficou olhando seus próprios dedos, a covardia dele em não me olhar na cara me irritava.
- Fala Lucas. Fala alguma coisa. - Implorei.
- Eu gosto de você. Gosto muito, mas não posso ficar. - Ele disse.
- Só isso?
- Meu trabalho, minha família, meus amigos estão todos lá. Entendo que você não goste do Brasil, sua vida pode ter sido uma merda lá, mas a minha é boa e eu não posso deixar tudo por você, assim como você não pode deixar tudo aqui por mim.
- Então é isso? Acaba aqui então? - Senti uma lágrima quente escorrer pela minha bochecha.
- Acho que sim. - Ele disse.
- Tudo bem. - Sequei aquela lágrima e tentei me recompor.
Comecei a juntar os cacos de vidro da mesa e larguei na pia, peguei outro copo e me sentei bebendo outra vez. Em momento algum o Lucas me olhou. Ele olhava pro chão o tempo todo.
Ele voltou a sentar na minha frente e encheu novamente seu copo. Bebemos os dois juntos sem trocar uma palavra.
~~
O Lucas pegou todas as coisas do meu quarto e levou pro do Mauro, essa noite ele dormiria lá, provavelmente amanhã também já que depois eles iriam embora. Coloquei meu pijama e me enrolei nas minhas cobertas, eu queria ficar sozinha.
Ver ele levando seus pertences adiantou a despedida, eu sentia como se essa fosse a primeira e depois viria a definituva, isso despedaçou meu coração e eu senti que levaria um tempo para refaze-lo.
Ouvi a porta abrir e gentilmente a Carol entrar, ela se aproximou de mim e sentou na minha cama.
- Você está bem? - Ela me questionou.
- Sim. - Respondi.
- Como foi com o Lucas? - Ela questionou vendo eu sentar na cama.
- Ele vai voltar pro Brasil. - Respondi.
- E você? - Ela questionou.
- Eu vou ficar aqui. - Respondi.
- Saiba que se for por minha causa você não precisa, eu sei me virar... - Ela começou a se justificar e eu a interrompi.
- Não precisa se sentir assim, você sabe mais do que ninguém que eu amo minha vida aqui e que eu vou esquecer ele rapidinho, é só questão de voltar ao trabalho e ocupar a cabeça. - Respondi.
- Que pena, o que vocês sentem é tão bonito. - Ela lamentou.
- É bonito, mas não forte o suficiente pra fazer qualquer um dos dois abrir mão da sua vida pelo outro. - Disse por fim.
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Opostos - T3ddy
Fanfiction🚫 NÃO AUTORIZO ADAPTAÇÕES Duas pessoas, uma casa e 30 dias pra fazer sentimentos acontecer!