Vigesimo sexto dia (parte dois)

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Ponto de vista: Isadora

Fomos pro almoço, Mauro e Lucas conversavam bastante, eu fiquei observando. Parece que quando eu não estava no assunto Lucas conseguia agir naturalmente com o amigo.

Eu sei que dei mole pro Mauro desde que ele chegou aqui, mas eu nunca ficaria com ele. Acho que eu fazia mais pra ser divertido, não queria que o Lucas se sentisse assim.

Pagamos o almoço e saímos do restaurante. Assim que chegamos na rua Lucas sacou um cigarro do bolso, acendeu e começou a fumar. Mauro e eu nos entreolhamos e começamos a rir.

- Isadora tá quieta. Tô sentindo falta de ouvir suas histórias de bêbada. - Mauro disse lembrando das histórias que contei no vídeo.

- Isadora é muito engraçada bêbada. Uma vez nós saímos e de madrugada ela inventou que queria sorvete. Fez eu caminhar a pé com ela. Sem contar que ela fica sociavel. - Lucas disse.

- Que daora. - Mauro disse. - Qualquer dia desses nós podíamos sair. Só os três pra beber.

- O trisal mais simpático dos EUA. - Eu disse.

Lucas fechou a cara.

É só uma brincadeira e isso já tá me irritando.

- Vamos pra casa? - Sugeri.

- Eu queria ir numa exposição de fotos num museu. - Mauro disse.

- Vai com o Lucas então, Maurinho. Eu tô cansada. - Disse.

- Eu não quero ir. - Lucas disse.

- Então eu vou sozinho. - Mauro disse.

- Não, Mauro. Pode deixar eu vou com você então. - Disse.

- Não Isa. Não precisa, eu pego um uber e vou. Você tá cansada. - Ele insiste.

- Tudo bem. Qualquer coisa você me liga que eu vou te buscar. - Disse.

- Tá bom. Tchau pessoal, encontro vocês em casa. - Mauro disse se afastando de nós.

Olho pro Lucas e ele devolve o olhar, ambos visivelmente incomodados. Vou em direção ao carro e ele vem atrás de mim, embarco e ele no lado do carona também, mas ele bate a porta do meu carro com força e eu tenho vontade de mata-lo. Fico em silêncio e vou pra casa.

Estaciono o carro na garagem de casa e desço. Lucas e eu não trocamos nenhuma palavra até em casa e eu agradecia mentalmente por isso. Sei que nesse momento a voz dele me irritaria.

Caminho em direção a dentro de casa, abro a porta e ele vem atrás de mim, tento entrar e nessa hora ele também, então ficamos entalados na porta. Aquilo me irrita e me faz gritar com ele.

- Qual o seu problema? - Gritei.

- Qual o seu problema? - Ele grita de volta.

- Não grita comigo. - Grito novamente.

- Então porque você tá gritando?

Respirei fundo.

- Não fala comigo. - Disse irritada e entrei pra dentro de casa.

Ele veio atrás de mim outra vez.

- As coisas sempre tem que ser como você quer. - Ele disse vindo atrás de mim.

- O que você quer? - Parei e ele também.

- Quero que você deixe de ser egoísta e enxergue o lado dos outros.

- Lucas, não acredito que isso tudo é porque eu brinquei com o Mauro sobre sermos um trisal. - Disse.

- Desde que ele chegou aqui você vive pagando pau pra ele. Eu demorei semanas pra poder chamar você de Isa.

- Sério que você tá com ciúmes. - Virei as costas, mas ele segurou meu braço.

- Sim. É ciúmes. Eu demorei muito tempo pra conseguir ficar de bem com você, pra acabar todas aquelas brigas e quando eu consegui o Mauro apareceu e nós não tivemos mais nenhum momento a sós. Eu vou embora daqui uns dias. O curso do Chris vai acabar e quanto tempo mais você acha que vou conseguir segura-lo aqui? Se eu fosse embora hoje, você não ficaria com uma sensação de que poderíamos ter aproveitado mais? Porque eu sim.

Ele disse e ficou esperando que eu o desse uma resposta, mas eu fiquei sem reação ao ve-lo assim. Ele virou de costas pra mim.

No fundo eu também achava isso. Achava que Lucas e eu demoramos demais pra nos acertar e assumo a total responsabilidade minha. Ele sempre foi incrível e eu uma vacilona que brigava por qualquer coisa. Eu precisava consertar isso.

Abracei suas costas e senti como se ele se desarmasse, como relaxasse. Esse momento era muito importante para nós.

- Desculpa. - Foi a única coisa que consegui dizer e senti o coração dele disparar.

E o meu também.

Opostos - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora