Vigésimo primeiro dia (parte dois)

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Nesse momento eu assistia minha irmã, Lucas e Christian gravarem um vídeo pro YouTube. Eles queriam gravar um eu nunca, aquela brincadeira que brincamos quando eles chegaram aqui, mas eu não deixei. Não queria ver a dignidade da minha irmã indo pelo ralo na internet.

A cada 10 palavras do Christian, 9 eram bobagens, enquanto Lucas só ria. No meio disso a Dani falava sem parar, ela se comunicava bem, era dinâmica, exatamente do jeito que sempre quis ser, mas na verdade eu sempre fui tímida e quase morria pra falar em público.

Saí da sala deixando eles gravando ali e fui pra cozinha, enchi um copo com água e comecei a beber devagar. Fui surpreendida com a Carol aparecendo ali. Há algum tempo não conversávamos direito.

- Você deve estar feliz, não é? - Ela questionou me fazendo ficar confusa. - Lucas e Dani estão se dando bem.

- E o que isso tem haver?

- Seu quase namorado e sua irmã se darem bem é legal.

- Menos Carolina. Lucas e eu somos apenas... - Tentei buscar palavras, mas não encontrei.

- Amigos? Você não acha realmente que a relação de vocês é profunda demais pra serem só amigos? - Carol provoca.

- E rasa demais pra sermos considerados namorados.

- Talvez vocês não sejam namorados. Pelo menos não por enquanto.

- Não vou discutir com você. - Dei as costas pra ela.

- Isadora você não é criança, mas eu te conheço bem e sei que o que você menos quer é ser amiga desse garoto. Só falta você aceitar pra si própria. - Carol disse e saiu da cozinha.

Suspirei de raiva, não preciso que as pessoas digam o que sinto. Eu me conheço, sei o que está acontecendo dentro de mim.

- Mana, os meninos estão nós convidando pra jantar fora.  - Dani apareceu na cozinha falando.

- Tá bom. Eu já vou. - Disse.

~~

Fomos em um restaurante perto da nossa casa, era pequeno e aconchegante. As luzes eram escuras o que dava um clima especial, assim como gosto. Sentou ao meu lado direito a Dani e do outro Carol. Eles conversavam enquanto eu reparava no meu redor.

Lucas sentou exatamente na minha frente, eu me perdi nos meus pensamentos o observando. Ele era tão lindo, tão doce e bobo ao mesmo tempo. Tinha um sorriso tão sincero e um olhar atencioso...

O que é isso, Isadora?

É só o Lucas.

Sacudi minha cabeça tentando colocar meus pensamentos em ordem. Não podia me apegar nele. Ele vai embora daqui a alguns dias e eu não posso fazer nada para impedir.

- Você tá caidinha pelo T3ddy. - Dani cochichou.

- Menos Daniela. - Disse.

- Não adianta, Dani, ela tenta negar mas não percebe que ta mentindo pra si própria. - Carol disse.

- Da para as duas pararem. - Pedi antes que eles ouvissem e isso virasse um circo.

- Não disse. - Carol deu de ombros.

- O que as moças estão conversando? - Christian perguntou.

- Nada que seja do seu interesse. - Daniela disse.

- Mas é igualzinha a irmã. - Christian respondeu olhando pro Lucas que só riu.

- Você que é tonto. - Disse a ele.

- Eu vou embora desse lugar. To sendo humilhado. - Christian fingiu estar ofendido.

- Você provoca Chriszao. - Lucas disse.

- Vai defender a namorada e a cunhadinha? - Christian disse.

- Depois elas te ofendem você não gosta. - Lucas disse ao amigo.

- Tá todo mundo contra mim. - Christian falou encerrando o assunto.

- Eu não estou contra você. - Carol disse.

- Interesses. - Lucas falou olhando para o lado, como se quisesse disfarçar.

- Cala a boca. - Carol grunhiu.

- Hei, não manda meu cunhado calar a boca. - Dani disse a Carol. - Quer dizer então que a Carol quer beijar o Christian? É isso mesmo que entendi?

- Entendeu errado. - Carol disse.

- Entendeu certo. - Lucas e eu dissemos em uníssono o que fez com que nos olhassemos surpresos.

- Eu vou matar vocês. - Carol cobriu os olhos com as mãos em sinal de vergonha.

- Pimenta nos olhos dos outros é refresco, não é amiga. - Bati no ombro dela que me olhou de canto de olho e os cobriu com as mãos outra vez.

Como o restaurante era perto de casa fomos à pé, Lucas detestou a ideia porque era sedentário e preguiçoso, mas acabou sendo vencido pela maioria. Ele caminhava ao meu lado ansioso, eu sabia que ele queria falar ou fazer alguma coisa, mas estava com vergonha, eu não dizia nada o que o deixava pior.

- Isa, eu quero fazer uma coisa. - Lucas tomou a iniciativa e disse.

- O quê? - O questionei.

- Isso. - Ele disse e segurou minha mão entrelaçando nossos dedos.

- Só isso, Lucas? Caminhar de mãos dadas?

- Eu estava nervoso. Não sabia qual seria sua reação. Tudo que vem de você é tão inesperado. - Ele disse.

- Realmente, eu não gosto de andar de mãos dadas. - Respondi.

- Tudo bem. - Ele disse entristecido e soltou minha mão.

- Acho que com esse friozinho andar abraçado é mais gostoso. - Disse e ele me olhou com um risinho.

- Também acho. - Ele disse e me abraçou de lado. - Gosto mais assim também.

Andamos assim um pouco, até que a Daniela que andava com Christian e Carol na nossa frente parou e nos esperou deixando que os dois caminhassem sozinhos.

- É sério que a Carol quer o Christian? - Dani questionou alinhando seus passos aos nossos.

- Sério. - Lucas disse.

- E ele quer ela? -  Dani questionou.

- Acho que não. - Respondi.

- Sério isso? Por vídeo o Chris parece ser muito galinha. Aqueles caras que pegam qualquer uma. E a Carol é tão bonita. - Ela disse.

- Acho que ele considera ela só amiga. Ela é muito gente boa sabe. - Lucas disse.

- Ou seja, seja escrota que eles vão gostar. - Disse irônica.

- Foi assim que você fez com o T3ddy? - Dani questionou.

- Foi, mas eu gostei de você porque consegui enxergar o seu interior. - Lucas respondeu entrando na brincadeira. - Tipo o silicone que você tem no peito.

- Garoto ridículo, depois sou grossa ele não gosta. - Respondi o que fez ele rir.

Opostos - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora