Sétimo dia

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Mal dormi naquela noite, acho que o fato de eu estar dormindo demais pelos últimos dias está acabando com meu sono. Logo após a Carol sair pra trabalhar, levantei da cama, coloquei uma calça, uma camiseta curtinha e me sentei na sala. Liguei a televisão e fiquei trocando de canal sem parar.

Deu 09:00 no relógio quando ouvi alguns passos no corredor. Logo o Lucas apareceu na sala todo descabelado e esfregando os olhos, assim que me viu, ele passou a mão nos cabelos e sorriu tímido.

- Bom dia! - Ele disse manhoso.

- Dia porque o bom ficou na cama. - Me afundei no sofá.

- Acordou cedo?

- Aham. - Troquei o canal mais uma vez.

- Não tem café da manhã? - Ele disse se atirando no sofá ao meu lado.

- Vê se eu tenho a cara de empregada que a Carol tem? - O encarei. - Faz você.

- Tudo bem. - Ele diz se levantando. - Você quer também?

O olhei confusa, por que ele me trata bem mesmo eu sendo grossa com ele? Por que não pode ser como o cabeçudo babaca? Suspiro tentando me acalmar.

- Quero. - Digo forçando a paciência.

- Tudo bem. - Ele sorriu agitado. - O que você quer?

- Qualquer coisa.

- Ok. - Ele foi pra cozinha conversando sozinho. - Vou passar café, preparar ovos, fazer torradas...

Minha consciência pesou, por que drogas desse garoto tem que ser tão engraçadinho? Me levanto irritada do sofá e vou até a cozinha.

- Quer ajuda? - Pergunto chegando na porta.

- Na verdade eu quero. - Ele diz com um saco de pão em uma mão e um ovo na outra. - Onde tem uma frigideira?

- Não sei. - Disse honestamente.

- Não? Há quanto tempo você mora aqui? - Ele me questiona surpreso.

- Não importa. Eu só venho na cozinha pra comer, eu nunca cozinho. - Dou de ombros.

- Nossa. - Diz ele pensativo. - Mas você nunca viu a Carol usar?

- Vi uma vez. - Suspirei impaciente. - Se eu não me engano fica aqui.

Vou até um armário que ficava emcima da pia e pego um banquinho pra subir, dou um impulso e subo no meu apoio.

- Você não vai cair? - Lucas perguntou chegando perto de mim.

- Se você não empurrar com certeza não. - Respondo ríspida.

- Por mais que a minha vontade seja essa é claro que não vou fazer.

- Quê? - Pergunto incrédula com o que ele acaba de dizer.

- To brincando. - Ele da uma risada tensa. - Achou a panela?

- Ainda não. - Disse ficando na ponta do pé. - Droga de armário alto.

- Não vai cair. - Ele me alerta. - E agora?

- Não garoto, cala a boca. - Gritei e fiquei ainda mais na ponta dos pés.

- Isadora cuidado, você vai cair. - Lucas segura minha perna e nessa hora meu sangue ferve.

- Garoto da pra você me soltar? - Gritei.

Nesse momento eu puxei minha perna e então o banco virou. Eu desiquilibrei e quando pensei que cairia no chão o Lucas segurou minha cintura e me puxou bem de frente pra ele. Com o susto eu dei um grito e meu coração disparou, o Lucas não me soltou e assim ficamos frente a frente, corpo a corpo e nossos rostos bem próximos um do outro.

- Eu disse que você ia cair. - Ele sussurrou calmo demais.

- Obrigada. - Disse num sussurro ainda assustada com o que acabara de acontecer.

- Pelo que? - Lucas olhava profundamente nos meus olhos com um meio sorriso nos lábios.

- Por não ter me deixado cair. - Digo.

- Sabe, você é ainda mais linda de perto. - Lucas cochichou enquanto sua mão gelada segurava na minha cintura descoberta. - Eu já estava com saudade de te ter assim tão pertinho de mim. Não consegui tirar aquela noite da minha cabeça.

As palavras sumiram da minha boca, fiquei apenas o encarando enquanto ele me sondava também. Parecia que a cada momento nossos rostos se aproximavam mais e que o ar a nossa volta sumia, eu já podia sentir a respiração do Lucas se alinhar a minha e suas mãos puxarem mais minha cintura pra próximo de si.

- Que lindo! Parecia que eu tava assistindo uma cena de filme. - Christian batia palma como um retardado. - Uma pena que eu não trouxe minha câmera.

Olhei pro Lucas pela primeira vez depois de voltar a mim e então o empurrei, nesse momento senti a raiva que sentia antes, minha vontade era de esmurrar aquele babaca que se aproveitou da situação.

- Vocês querem que eu saia pra deixa-los sozinhos? - Christian perguntou.

- Cala a boca garoto. Você não se cansa de só falar bobagem? - Gritei.

- Desculpa Isadora. - Deu ênfase no meu nome. - Desculpa incomodar seu momento romance, ouvi uns gritos e pensei que você poderia estar matando meu amigo.

- Era o que eu deveria ter feito. - Olhei pro Lucas e vi seus olhos arregalados.

- Mano, por que você não volta pra cama? - Lucas perguntou calmo ao seu amigo.

- É melhor mesmo. - Christian diz virando de costas. - Bom romance pra vocês.

Ele saiu e eu fiquei o acompanhando até sumir no corredor, olhei pro Lucas e ele me olhava com um meio sorriso nos lábios.

- Onde paramos? - Ele questionou com um sorriso malicioso, eu o olhei incrédula e dei  as costas voltando pro meu quarto. - Eu to falando da panela. - Ele gritou.

Voltei pisando pesado pro meu quarto, bati com força a porta e então me atirei emcima da cama. Peguei um travesseiro e então sufoquei um grito.

Dois idiotas! Dois babacas! Quero eles longe da minha casa o quanto antes.

Opostos - T3ddyOnde histórias criam vida. Descubra agora