PV: Manuella
Paulo entra no carro com cara feia depois de atribuir tarefas a cada um dos homens que iriam com ele, fecha a porta com força e dirige sem falar nada.
-Mamãe, vamo pa onde? - Ela tenta cochicha em meu ouvido se colocando entre os dois bancos da frente
-Vai atazanar a minha vida, é isso que sua mãe mais gosta.
-Senta lá, filha - Ela volta a sentar no banco mais elevado. Volto a encarar o Paulo - Bom saber que você queria ir sozinho.
-Eu ia com o teu irmão!
-Como se fizesse diferença! Aquele é outro que num pode ver um rabo de saia - Paulo bufa enquanto faz toque com o olheiro e sai do complexo
- O que é rabo de saia, mamãe? - Valentina volta a ficar entre os bancos
Paulo me encara por um instante rindo e esperando a minha resposta, dou de ombros e respondo
-São mulheres, Valentina.
-A mamãe é um rabo de saia, pai? - Paulo cai na risada
-Vá sentar no seu lugar e coloque o sinto.
-Deixa a menina, amor - Ele tenta não rir
-Você também fique na sua, se meta a besta que você vai ver o que é um rabo de saia - Ele para de rir e volta a encarar a estrada com raiva.
...
Chegamos na casa de alguém que eu nem sequer quis saber o nome. Paulo coloca Valentina nos braços e me faz colar nele. As pessoas na rua andam com medo e rápido, principalmente quando um dos caras com cordão de ouro encara um deles.
Paramos o carro próximo a esquina de uma casa de muro branco, vejo uma mulher passar apressada, quando me nota a encarando parece acreditar que eu iria ataca-la de alguma forma. Tropeça em algo no chão e sai correndo.
Que povo estranho! É o mesmo "comando" que o Alemão e Vidigal, mas é como se aquele fosse outro mundo. Chegamos na frente da casa, tem homens mal encarados com armas no mesmo naipe que as do PL.
Paulo cumprimenta uns caras que se portam como ele, mal humorados e que transmite um ar de poder por onde passam. PL nem sequer me apresenta as pessoas, e nem ela fazem questão. Me olham com raiva e saem sem dizer "oi". Eu nem mordo. Vai intender!
Chegamos no portão de ferro que dá acesso a área interna. O portão está aberto proporcionando uma visão completa do lugar, está lotado de gente que deveria tá na prisão a muito tempo, nós somos um deles na verdade.
PL me pressiona ainda mais em sua lateral. Um cara estranho com um cigarro negro entre os lábios vem ao nosso encontro, vem com aquele cabelo ridículo e um sorriso de satisfação na fuça. Vejo seus olhos se desviarem para a minha filha no braço do pai quando chega mais perto, ele fechar a cara instantaneamente.
"Não gosto dele!"
-Iae - Ele faz toque com o PL enquanto solta a fumaça perto da Valentina.
PL a tira do alcance encarando o cara com raiva. Ele toma o cigarro de sua mão com rapidez e o joga no chão o pisando com força e se aproximando do cara.
-Você é sego? Se fizer essa merda de novo vou fazer questão de furar os dois pra ter certeza que tu num encherga. - O cara olha espantado por um instante e depois gargalha
-Cê precisa de calma, parceiro - Ele põe a mão no ombro do PL. PL encara a mãos dele com odeio. - Tomar uns lance, mano. A boneca nem sentiu a brisa.
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Salva Pelo Traficante (Livro 2 - Versão Original)
General FictionSérie - Contos de Favela ATENÇÃO! O livro aqui disponibilizado está registrado na biblioteca do livro e qualquer cópia disponibilizada sem autorização terá o seu autor processado. Livro contém: Cenas de sexo Palavrões Apologia ao Crime Mortes Crime...