♚ II - 77♛

9.5K 1.1K 390
                                    

PV: Sofia

Continuo trancada no quarto com a cama fazendo o papel de fechadura. A Flávia acorda assim que a voz do Trek começa a se alterar na sala, parecia ter gente demais lá e não tive coragem de olhar o porque de tanto desespero na voz. Fiquei encostada na parede com ela sonolenta em meu colo ouvindo por alto as ordens. Pensei ter ouvido a voz do Conan em certo momento, mas tava tão barulhento que posso ter ouvido demais.

Durou pouco tempo aquela movimentação, a porta bateu e o silêncio reinou. Mas assim que suspirei encostando a cabeça na parede e fechando os olhos, ouvimos o mundo cair. Ouvi apenas uma explosão no céu antes do tiroteio começar, das vozes e gritaria chegar ao quarto vindo das ruas laterais, me joguei no chão com a Flávia virada pra mim. Nunca ouvi tantos disparos ao mesmo tempo.

—É o papai? — A voz em sussurro da Flávia me vez virar pra ela.

Seus olhos não tinham mais a sonolência de antes e me perdi no sorriso tímido no seu rosto. Não respondi, não queria iludir sua cabeça e apenas agarrei ela um pouco mais. Se fosse o Conan ele parecia irritado demais pra que eu sorrisse, comecei a olhar ao redor do quarto procurando algo que me ajudasse se o Conan não conseguisse chegar até ali.

Tentei pensar nas opções, mas o barulho lá fora ficava cada vez mais alto, a gritaria não diminuia como acontecia nas operações de antes. O barulho de moto, carro ou o que fosse, disputavam com a barulheira que vinha de onde parecia ser a entrada do Adeus. Parecia que as pessoas corriam do inferno e não do Diabo que era o Trek.

—Espera aqui meu, amor.— Encostei ela na parede ainda deitada e me levantei.

Fui direto pro guarda-roupa. Retirei todas as roupas, tudo que estava ali dentro coloquei pra fora procurando algum buraco que em sete anos eu não havia visto. Afastei ele da parede com dificuldade e procurei buracos ali atrás, eu via na casa do PL e do Conan esconderijos invisíveis aos olhos de visitantes, e agora eu procurava por eles ali. Mas no meu quarto não estaria, claro que o Trek não seria tão idiota assim. Voltei pra Flávia que me olhava atenta.

—Vem com a mamãe. — Eu não deixaria ela ali por nada.

Ela me deu a mão e, ainda com a barulheira lá fora fiz ela andar comigo de cabeça baixa até a porta, arrastei a cama pro lado e ouvindo o silêncio na casa dei um passo pra fora. Ela vinha caladinha ao meu lado e assim que cheguei no quarto do Trek, entrei. Levei ela pra dentro. Não tranquei a porta, abri ela inteira e prestei atenção nos barulhos que viriam de baixo caso ele entrasse na casa.

Puxei a Flávia comigo e deixei ela o mais longe que conseguia da entrada e fui pro guarda-roupa. A bagunça que fiz quando derrubei tudo no chão deixaria claro as minhas mãos ali, então não me preocupei com a bagunça que faria no resto da casa e continuei. Depois de revira-lo afastei ele. Soquei a parede procurando algo oco e nada. Xinguei fazendo a Flávia rir no meio daquilo tudo e fui arrastando ela pro banheiro, a descarga era óbvia demais, mas foi a primeira coisa que olhei.

Não tinha nada além de 3 montes de dinheiro numa liga e algumas coisa branca dentro de uma sacola muito bem embalada. Peguei toda a grana e coloquei no vestido, na lateral da calcinha, eu não sabia se precisaria, mas não ia joga-la fora. No espelho não tinha nada e puxei a Flávia direto pro quarto, a única coisa que sobrava era a cama box gigante. Acariciei a barriga soltando as mãos da Flávia e fui na fé. 

Suspendi o colchão quase morrendo e joguei ele contra a parede fazendo a mesma coisa com a cama. Assim que ela ficou na lateral vi o buraco no TNT. Não pensei duas vezes, abri, rasgando o quanto podia, e assim que deu  vi as coisas grudadas. Uma arma, dinheiro e uma chave. Eu sorria enquanto a Flávia agarrava as minhas pernas. 

Salva Pelo Traficante (Livro 2 - Versão Original)Onde histórias criam vida. Descubra agora