♚ II - 55 ♛

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  Ciumes não é besteira. Ciumes é medo de  perder o que foi tão difícil de encontrar.

(Desconhecido)

PV: Conan

Ele ainda tava inconsciente quando voltei pro barraco. Tinha quatro dos meus monitorando o doutorzinho que tinha conseguido me fazer roubar sangue pro merdinha acordar. Eu era do tipo que montava assalto a carro forte, mas tinha acabado de assaltar o hospital que o ruivo tava internato.

Tava na segunda bolsa quando me sentei pra olhar o desgraçado, a unica coisa que eu queria era que ele abrisse os olhos pra olhar na minha cara. Abri a boca pra bocejar, eu não dormia direito desde o início das investidas dele, e a última noite tinha passado desviando de bala e da morte. Suspirei.

Não via a Sofia fazia mais de 14 horas e isso tava me matando. Sai de casa tão cedo que ela não chegou a me ver e agora não achava tempo de falar com ela, de saber como ela estava. A única coisa que me fazia não correr até ela era aquele bosta deitado inconsciente e a Manuella que eu fiz montar plantão na Sofia. 

Eu teria que conversar com ela, Sofia era ingenua demais pra ver o lado mal de alguém e aquela maluca não parecia que ia me colocar no pedestal e agradecer pela amiga ainda tá viva. 

A tal Bia era o tipo de pessoa que matava e escondia o cano, se ela abrisse a boca pra dizer que eu não prestava eu acabaria tacando eu mesmo ela dentro de um saco e jogando no lixão mais próximo. Já tava de boa o trabalho que eu já tinha pra mostrar que eu não era totalmente ruim.

Meu medo era que as merda vindo da boca de alguém fizesse ela abrir os olhos e me ver de verdade. Ver o monstro que se escondia por trás do rosto bonito que ela enxergava, e ainda mais agora que ela esperava um filho meu, que eu tinha me apaixonado pelas duas. Seria uma terceira guerra mundial se ela resolvesse me deixar.

Abro a boca mais uma vez e encosto a cabeça na parede fechando os olhos. Era uma sexta feira, tinha baile no morro, o fluxo de caminhão de bebida e de vagando montando as farinha pra venda era grande, mas eu só queria arrumar uma cama e me jogar. 

A última coisa que lembro de pensar foi perguntar pra desmiolada da minha irmã como eu fazia pra marcar um medico pra Sofia, e ai apaguei. Acordei com as vozes tentando tristemente não me acordar.

  — ...é melhor só ter trocado o necessário, tá ouvindo?

  — Falei que tinha viajado a trabalho, ninguém vai me procurar, senhora 

—Senhora é a vó!— Era a voz da Manú—  Como eu vou saber se ele tá dormindo ou morto? 

—Ele ainda respira, viu só?— Pelo visto o PL não tava ali, o doutorzinho não estaria abrindo a boca na direção dela

—Mas olha a cor dele

—Tá escuro, mas ele tá melhor o coração já bate no ritmo certo— Abro o olho

—Com que tu tirou a bala dele?— O barulho de metal contra metal surgi— com isso aqui?

Manuella está de um lado e o doutor do outro com a maca entre os dois, o Trek ainda estava imóvel. Eu tinha dormido em algum momento e não tinha percebido, olhei entre a frecha da porta e a escuridão estava lá. A noite já tinha caído.

O rosto da Sofia me veio a mente, mas horas sem vê-la e a agonia de sair correndo ficava cada vez maior. Volto a encarar o dois tentando não fazer barulho.

  — Limpou com álcool ou algo assim? 

—Que que tá fazendo aqui!? —Falo grosso e alto fazendo os dois se assustarem e olharem na minha direção

Salva Pelo Traficante (Livro 2 - Versão Original)Onde histórias criam vida. Descubra agora