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A MORTE VEM PRA TODOS — PARTE 2

PV: Manuella

O carro balançava enquanto passava por cima de mato e pedra, dava pra ver as pessoas correndo e lá na frente o barraco que eu tanto conhecia, o barulho dos disparos ainda tava alto. Tinha dois homens conversando na lateral da boca, rezei internamente pra que ele não nos visse antes de chegar a uma distância considerada boa.

— Baixa o vidro— A Sofia encarava os dois homens

— Se você atirar e erra, a gente morre!—Eu queria chacoalhar ela.

— Baixa o vidro e me deixa de frente pra eles e eu dou um jeito. — Acelerei rezando pra o barulho das balas fossem maior que a do motor do Santa fé do PL 

 O carro era rápido e em menos de 2 minutos estava a alguns metros deles, reconheci apenas um deles e no calor do momento vendo um deles encarar o céu a procura de alguma coisa, virei o carro provocando uma derrapagem cheia de poeira, deixei a Sofia de frente. Baixei o vidro e vi a Sofia colocar a arma pra fora. Assim que a poeira baixou lá estavam os dois, encarando nós duas.

Não tive tempo nem de respirar, o barulho do meu lado foi alto e dois disparos saíram, os dois caíram sem conseguir firmar a arma na nossa direção. A Sofia gritou entre risadas e eu acelerei. Ela comemorava do meu lado e eu fiz questão de passar por cima dos dois caídos antes de virar a esquerda e seguir pra qualquer lugar.

Eu não tinha rádio, eu não tinha sinal de fumaça ou o caralho a 4, eu só sabia onde encontrá-los se eu conseguisse algo tão desumano quanto eu pudesse imaginar. Não questionei as minhas loucuras ou pensei na possibilidade de estar errada, eu só fui. Peguei o celular novamente e busquei no whatsapp a foto do garotinho com a mesma fuça do PH.

  — Quem é esse?— Ela arrancou o aparelho da minha mão e eu voltei a me concentrar na rua que dava pra casa da Renata.

— Alguém que vai nos ajudar.

— Vai pegar ele, não vai? É assim que funciona, eu sei.

Não respondi e em menos de alguns minutos estacionei na casa. As pessoas corriam com armas nas mãos e nem notavam duas gravidas malucas dentro de um carro preto, a pessoa ser mulher no meio deles era o mesmo de ser completamente invisível.

  — Você fica no carro— Puxei a arma e deixei ela resmungando enquanto fechava a porta.

Eu até pensei que fosse loucura pegar aquela criança, o PH não tinha contato com o filho e a Renata se escondia dele ali fazia quase 4 meses. De acordo com a Ritinha a garota tava mais que ferrada na mão dele e fugir tinha sido uma saída rápida, mesmo que fosse pra tão perto do desgraçado.

Bati no portão. Fiquei um tempo esperando e nada, bati de novo e dessa vez ouvi o arrastar de chinelo. O portão abriu e eu não esperei que a pessoa se identificasse, coloquei o cano da M16 na frecha que abriu e a senhora tomou um susto indo pra trás, agarrei o portão e escancarei.

— Cadê o garoto? Quero os dois aqui, agora!— A mulher olhou pra mim, talvez me reconhecendo, e logo depois pra baixo, pra minha barriga.

— Não sei do que tá falando.

Eu não queria papo, levantei a arma e disparei contra a parede da casa, a mulher gritou se encolhendo e em poucos segundos a garota tava na minha frente. Renata tava velha, seu cabelo volumoso se resumia a um coque alto, sua pele morena agora tinha cicatrizes e manchas. Controlei a boca, mas eu queria perguntar se ela tinha se arrependido de ter jogado o Cabeça pra escanteio. 

 — Manuella?— Ela parecia assustada

  — Quero o garoto.

— Não tem garoto nenhum

Salva Pelo Traficante (Livro 2 - Versão Original)Onde histórias criam vida. Descubra agora