Quantas coisas perdemos por medo de perder?
(Paulo Coelho)
PV: Cabeça
Eu deveria ter adivinhado o que aconteceria depois daquela noite.
Ela me ignorava a maioria do tempo, parecia, que o que rolou naquela noite, não importava pra ela. Se dirigia a mim como se eu não estivesse a encarando por tempo demais.
Ela não era tão burra a ponto de não notar o quão maluco por ela estava, apesar de manter quieto e calado pro nosso bem, mostrei pra ela que estava ali exclusivamente por ela. Mas, quanto mais eu demonstrava, mais ela se afastava. Me mandava fazer coisas que não mais envolvia sua presença.
Aquilo tava me enlouquecendo.
Grudei nela, mesmo que ela não quisesse, e fazia de tudo pra vê-la quantas vezes fosse possível.
Tudo que viesse a cabeça, que a interessaria, era um modo de vê-la mais uma vez com a desculpa de ter algo pra falar. Eu queria que ela conversasse comigo, principalmente quando notei que não havia camisinha pelo chão do meu quarto naquela manhã.
Eu não queria que ela se prejudicasse por minha causa, se ela queria esconder o que aconteceu entre a gente, tudo bem. Mas ela me devia uma explicação.
A gente tinha transado afinal, não era um beijo na porta da escola. Eu tinha tocado sua pele, tinha entrado nela e sentido o quão macia era. Apesar de querer aquilo mais uma vez, respeitava, que ela não.
Mantive a minha lealdade, a protegia de tudo, pra onde ela fosse eu ia atrás mesmo que ela não me visse. Me irritava ver ela com o PL, só me fazia pensar que ela tinha me usado de alguma forma, mas quando seu sorriso era me direcionado, toda a raiva ia embora e eu aceitava ser tudo o que ela quisesse.
A raiva me dominava quando algo era escondido dela, ou quando ele vinha com a merda de querer ser macho pro meu lado. Eu não a tinha e ela não me queria, porque aquele merda a deixava tão vunerável?
Com a falta de responsabilidade dele, me coloquei na função de ser sua sombra, tanto dela quanto das crianças. Acho que esse foi o meu erro, só fui saber disso três meses depois da minha melhor noite.
As primeiras fotos que chegaram, foi nossa.
Um envelope amarelo foi deixado na contenção endereçado a mim. Eu não sabia o que era, não fazia ideia de que merda tinha ali dentro.
Marcelo tava no quarto e minha mãe colocava minha comida depois de chegar em casa de uma missão. Manuella me fez acatar ordens do PL pra que ajudasse a pegar uma carga na madrugada. Mais uma vez me deixando longe dela.
Joguei o capacete no sofá e me larguei por lá, tava morto. Eram horas de espera num matagal. Com medo de emboscada, tanto das outras facções quanto da polícia. Abri sem esperar nada, mas na hora que puxei, gelei.
Eram fotos nossas, minha e da Manuella. Retirei uma por uma do envelope. Todas eram nossas, as mais comprometedoras não eram reais, era tiradas sem contexto. Toquei fogo e fiquei calado, aquela porra não tava cheirando bem, e ninguém acreditaria em mim se eu dissesse que nada daquilo realmente tinha acontecido.
Tentei falar com ela naquela tarde, mas, tendo churrasco acontecendo na casa, o PL me comeria vivo se eu resolvesse conversar com a Manuella em algum lugar separado. Eles queria destruir o Trek, queria que começassem as invasões pra enfraquecer o Adeus.
Coloquei mais pessoas prestando atenção nos seus movimentos. Era a vez de enlouquecer de verdade. Não me deixaram ir junto quando resolveram ir no Vidigal, era baile e Manuella não se conteria, ela iria nem que arrastasse o PL amarrado. Eu queria ir apenas pra protege-la.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Salva Pelo Traficante (Livro 2 - Versão Original)
Ficção GeralSérie - Contos de Favela ATENÇÃO! O livro aqui disponibilizado está registrado na biblioteca do livro e qualquer cópia disponibilizada sem autorização terá o seu autor processado. Livro contém: Cenas de sexo Palavrões Apologia ao Crime Mortes Crime...