PV: Paulo
Chego em casa na hora do almoço matando cachorro a grito. Cumprimento os cara enquanto eles contam os feitos do dia.
-A patroa saiu. Ficou toda irritada quando viu o Dinho ir atrás dela.
-Irritada? Ela enfio o cano na minha cara e falou que se eu não voltasse rapidinho ela ia colocar aquela merda por baixo - A risada me domina quando olho pra cara de assustada do Dinho.
-A melhor coisa que eu fiz foi arraste aquela maluca pro meu quarto quando ela chegou dizendo que tava grávida.
-Pelo menos é gostosinha
-Tem medo de morrer não, filho da puta? Vem com graça que tu chega rapidinho no inferno
Nem espero pela resposta, entro em casa já irritado. Falei pra doida controlar a mão, que isso chama a atenção dos puto, mas tem jeito? Aquela ali passa por cima de mim até se eu apontar uma arma pra cabeça dela.
Escuto a gritaria das crianças no terraço. Olho pelas portas de vidro e vejo os três brincando, usam os carrinhos pra fingir acidentes enquanto bete uns nos outros. A Dna Sônia, a babá que a Manuella decidiu contratar, olha as crianças meio que em desespero. Não sei se é normal, mas esses três tem a tendência a criar brincadeiras violentas do nada.
Polícia e ladrão, acidentes, guerras, invasão e entre outras que nem eu e nem a Manú chega a dar a devida atenção. Não acho que seja ruim essa criatividade suicida, melhor que tá brincando de salada mista e querendo beijar qualquer um que aparecer.
Como sempre o prato está pronto na mesa a minha espera. Me sento e ataco a comida encarando as crianças. Antes que coloque a última colherada na boca as crianças entram correndo com braços abertos sem notar que estou na cozinha.
Entram gritando, imitando barulho de avião eu acho, na direção da sala com a Valentina comandando tudo. Dna Sônia corre atrás delas pedindo pra pararem de correr.
O barulho não me incomoda, gosto de ver que a minha família agora é real e que não tramam nada contra mim. Só esperam eu dormir pra pintarem as minhas unhas e deixarem meu rosto cheio de reboco da Manuella. Pelo menos não é só eu que fico puto.
A porta é aberta e o resto da tropa entra correndo na direção da piscina. Manuella chegar com a Ritinha e com mais duas crianças pra encher a casa. Gosto disso, as risadas e gritarias das crianças me fazem saber que não estou sozinho e que , de alguma forma, fiz algo certo na minha vida de merda.
Manú se aproxima sorrindo quando me ver.
-Tava onde até agora?
-Fui buscar os meninos na associação - Ela me dá um beijo
-Com quem?
-Ninguém, Paulo, é aqui do lado.
-Quero tu saindo sozinha daqui não. Tá ligado?
-Tô ligada - ela diz engrossando a voz tentando imitar a minha voz e se conter pra não rir
-Palhaça - Ela sorrir.
-Vamo tina colocar o biquíni! - Manuella grita na direção da gritaria dos meninos.
Quando escutam a voz dela os gritos ficam mais alto e o barulho dos pezinhos batendo no chão começam. Os meninos chegam correndo, Manuella tenta parar os dois antes que se estabaquem no chão. Eles riem gostoso quando um esbarra no outro sem freio.
-Vamo tina! - A valentina aparece com um resto de carro rosa com a carcaça arrebentada. Quando me ver ela se aproxima
-Quebou papai. - Ela me mostra o carrinho todo destruído
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Salva Pelo Traficante (Livro 2 - Versão Original)
Ficción GeneralSérie - Contos de Favela ATENÇÃO! O livro aqui disponibilizado está registrado na biblioteca do livro e qualquer cópia disponibilizada sem autorização terá o seu autor processado. Livro contém: Cenas de sexo Palavrões Apologia ao Crime Mortes Crime...