Salva Pelo Traficante (Livro 2 - Versão Original)

♚ II - 44 ♛

PV: Sofia

Anteriormente

—Obrigada! Você salvou a minha vida- Falei chorando pra sombra a minha frente reforçando a porta - Eles queria me levar pro Trek, um deles me p...—E a luz acendeu.

O cabeça estava olhando pro chão com a mãos sobre os cabelos. Parecia que estava reprovando a sua escolha, ele tinha se arrependido de ter me ajudado? E foi ai que ele me encarou. Suspirei e me retrai dando alguns passos pra trás até esbarrar em alguma coisa. Aquele não era o Cabeça que eu conhecia.

Tentei me segurar na coisa que pressionava a minha cintura e deslizei as mãos por ela. Algo se moveu junto com a minha mão. Desviei os olhos tentando não deixar que mais lágrimas rolasse. Havia fotos em cima da mesa que eu tinha esbarrado. Fotos minhas, fotos minhas com a Manuella, fotos da Manuella.

Tremia quando percebi que tinha corrido direto pra quem me queria.

— Eu tinha que fazer isso — Sua voz sai fraca

Agora

"—Vou morrer!" — foi isso que passou na minha cabeça depois de ouvir aquilo.

Senti as lágrimas começarem a descer quando pressionei minhas costas na parede ao lado da mesa, não deixei de encara-lo eu não ia permitir que ele me arrastasse dali. Procurei na pequena sala algo pra minha defesa, eu tremia como nunca, mas não podia deixar o medo dominar. A sala pequena só possuía um sofá a minha esquerda, uma mesa pequena e apenas uma cadeira ao meu lado. 

Em cima do sofá, nada, na mesa, fotos e mais fotos. Aquilo só me deixava mais aterrorizada. Pelo canto do olho vi uma porta, estava muito perto dele que ainda me encarava com indecisão, aquela porta não era uma opção. Eu gritaria se ele se aproximasse, imploraria, mesmo que a arma fosse apontada pra minha cabeça, gritaria. 

—Por favor, não faça isso — Pedi com medo. Eu deveria concordar com tudo, mas primeiro recorreria ao seu coração. Ele tinha que ser diferente do Trek.

—Eu preciso — Solucei escutando aquilo. Doía muito pensar em voltar para aquela casa.

Não era possível que aquela pessoa que ria e nos ensinava a se proteger, fosse a mesma pessoa que estava na minha frente. Eu só podia ter batido a cabeça em algum lugar da minha corrida louca, deveria estar em um hospital, em coma, alucinando esse universo paralelo no meu inconsciente.

Eu precisava acordar!

—Porque? Porque tá fazendo isso?— Fechei os punhos, permitindo que a dor me desse algum pingo de coragem.

Vi quando ele baixou a cabeça negando novamente. Ele não queria fazer aquilo, e por incrível que pareça me vi nele. Me vi tentando parar de ter medo, me vi lutando pra acreditar no que meu coração dizia, lutando pra que ele coincidisse com a voz insistente na minha cabeça. Absorvi aquela imagem, eu lutava pela minha filha quando aquilo acontecia, por quem ele lutava?

— Cê não entende — Ele tinha medo na voz? Suas mãos voaram na direção dos cabelos, o bagunçando, nervoso, indeciso.

— Você tá ajudando ele? — Eu tremia e chorava, mas precisava forçar a voz a sair firme. Precisava que ele demorasse a tomar aquela decisão que se colidiam por dentro dele.— Ele te ameaçou?

—FICA CALADA! — Me retrai com o seu grito, instintivamente fecho os olhos e escondo o rosto.

Eu poderia ter saído das mãos do Trek a mais de um mês, mas o terror que ele me causou ainda era enraizado em mim. Não importava quem gritasse, minha vontade era sempre se encolher e esperar que a surra não me matasse. Na hora da raiva eu sempre conseguia demonstrar coragem, mas quando o medo de morrer era maior, eu queria correr, me esconder.