PV: Sofia
Sai do quarto sem fazer barulho, no automático. Na sala o Caveira e a Bia discutiam, disputavam com a barulheira da buzina insistente lá fora. Passei pela porta e assim que abri o portão o meu mundo parou um pouco, ele tava lá sem camisa com o cabelo bagunçado em cima da moto. Assim que ele me viu parou de buzinar.
—Avisa a essa mina pra não brincar comigo, não tô pedindo permissão pra te ver! — Ele grita descendo da moto me fazendo da alguns passos pra trás e encostar na parede
—O que quer? — Era uma pergunta óbvia, já que de manhã ele nem tinha me olhando.
Sinto o cheiro dele invadir o meu nariz quando ele chega perto demais de mim, me olha nos olhos fazendo o resto do mundo cair aos seus pés, mas fala com os dois na porta
—Como foi o movimento?— Abro a boca pra falar, mas me calo quando um deles começa
—Saiu uma vez, o Formiga foi atrás. Disse que tinha ido pra tua casa, voltou rapidinho. — Conan volta a olhar pra mim
—O que tá fazendo? — Sussurro apenas pra ele ouvir
—E a menina?
—Escola, Caveira levou e trouxe. Tava de conversa com um menorzinho lá, dividiu o que o leque levou. — Encaro o cara falar tudo automático, se eu me olhasse no espelho tinha certeza que minha boca estaria bem aberta.
— Que moleque?— Olho pro Conan no automático quando ele pergunta
— O que?
— Dividiu o lanche ae, quem é o menorzinho?— Balanço a cabeça sem entender e volto a olhar pro moreno alto que olha pro chão e não pro Conan.
— O que foi isso? — Pergunto
—Tô te mostrando que não vai se livrar de mim — Diz grosso — Flavia não levou o lanche porque? Fez o que o dia todo trancada em casa, o problema não era a porcaria da minha casa?
Volto a olhar o Conan. Ele vigiava a Flava na escola? Com quem a menina andava, com quem falava? Deixo transparecer a raiva que eu começava a sentir dele, eu não tinha ido parar ali só por causa de estar o tempo inteiro trancada em casa.
—Não é da sua conta — Ele refaz a cara de mau e me arrasta pra perto da moto
—Fez o que trancada aí com essa maluca?! Te encheu o ouvido de mim, deve ter feito a minha cova, né não?
—Não me deixo influenciar e você sabe bem. Caso contrário eu não tava aqui olhando pra você— Puxo meu braço— E você tá fazendo o que, quando fui na sua casa cê nem me olhou.
—Você decidiu sair e não foi lá atrás de mim, foi atrás dessa coisa aí que cê chama de roupa.
Olho pro vestido solto que tinha colocado pra dormir, era curto sim, de alcinha, um pouco de decote e fazia os meus seios preencherem todo o lugar, mas eu não andaria com aquilo no meio da rua. Só era confortável pra dormir, cruzo os braços sobre eles quando vejo o que o vento frio tinha feito com eles.
— Eu ia dormir— Ele faz careta
— Tô ligado. Mas também não vim atrás de tu. — Vou pra trás com o soco bem dado que ele me dá sem precisar levantar a mão. — Cadê a Flávia
—Assistindo—Pelo menos dela ele não tinha esquecido.
—Se não quer que eu entre na porrada com aquela vadia é melhor trazer a minha filha aqui! — Não respondo, lhe viro as costas e entro.
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Salva Pelo Traficante (Livro 2 - Versão Original)
Ficção GeralSérie - Contos de Favela ATENÇÃO! O livro aqui disponibilizado está registrado na biblioteca do livro e qualquer cópia disponibilizada sem autorização terá o seu autor processado. Livro contém: Cenas de sexo Palavrões Apologia ao Crime Mortes Crime...