♚ II - 45 ♛

11.5K 1.2K 134
                                    

PV: Manuella

Eu tinha chegado naquele barraco por um motivo. Tava correndo do PL e do Conan que tinha acabado de invadir o meu quarto a procura da Sofia. Eu tinha problemas pra lhe dar, achar a Sofia era o menor dos meus problemas naquele momento. 

Eu estava gravida.

Eu tinha acabado de despedaçar um teste de gravidez e jogado pelo ralo quando o Conan invadiu o quarto, me agarrou pelo braço e perguntou aos gritos a onde ela estava. Mais uma vez aquilo provava que ela estava em primeiro lugar, eu entendia, juro que entendia, mas eu não merecia aquilo. Não quando eu estava tentando me conter pra não entrar em pânico.

Eu tinha fodido com tudo.

Sai de casa pelo portão lateral, era um bônus ter aquilo numa casa que não era preparada pra um ataque. Eu sai sem pensar em muita coisa, tava agarrada a uma arma e me contendo pra não gritar de raiva. A única pessoa que poderia me manter sã naquele momento estava a algumas vielas de distância.

Eu tinha 26 anos. Era corajosa, forte e irracional até ter uma criança crescendo dentro de mim. Eu a amava, mas naquele momento aquilo tinha sido um balde de água fria na minha tentativa de ser ativa em uma guerra que tava surgindo.

Bati na porta ainda anestesiada. Esconder aquelo era uma prioridade, e quem sabia dimais acabava dando com a língua nos dentes. 

Eu não sabia o que iria enfrentar quando abri a porta, de tudo havia passado na minha cabeça, mas não tava preparada pra um mar de sangue no chão daquela cozinha, muito menos que as confissões que saiam da boca do Cabeça me afetaria tanto.  Havia alguma coisa bem errada nelas.

Permaneci calada olhando pra cara dele. Eu não estava entendendo mais nada, minha cabeça girava nos problemas que eu tinha criado pra mim mesma e ele ainda vinha cheio de droga pro meu lado.

— Do que tá falando? — Vejo sua feição mudar pra raiva

— Como do que to falando?— Da noite que passamos juntos, no baile da 12. Te trouxe na minha moto, a noite que a gente transou e tu simplesmente acordou e correu pros braços daquele idiota me deixando aqui sem saber o que fazer!

— O que?— Do que ele tava falando? Falta de sangue fazia a pessoa delirar assim?

— Como "o que"? — Ele geme quando tenta firmar a mão de volta na minha cintura—Tu me ignorou esse tempo todo e agora vai se fazer de louca, agora que provavelmente vou morrer por hemorragia?

Aquilo tava errado. Desviei os olhos pra minha mãos e vi a quantidade de sangue ensopando minha camiseta, ele tava delirando. Voltei os olhos pra sofia, ela nos olhava espantada. Ela tinha acreditado naquelas coisas? Ela deveria tá mais assustada do que eu.

— Chama o PL e diz o que mandei, diz a casa que estou — Volto a olhar a careta que o Cabeça continua fazendo. Aquilo tava piorando rápido demais. Voltei a olha-la. Ela encara o aparelho nas mãos como se tivesse sem acreditar em algo.

— Ai meu Deus — Ela sussurra e libera o botão do rádio que o polegar prendia. 

Puxo o ar, ia ser mais difícil do que eu pensava. Aquele botão transmitiu qualquer coisa que foi dito naquela sala. Toda a confusão que saiu da boca do Arthur tinha atravessado aquela sala e entrado no ouvido de quem estivesse com na frequência do PL. Isso quer dizer, a favela inteira que veio junto com a gente.

 — Eu sinto muito —  Ela fica na minha frente com o aparelho na mãos. Cabeça sorrir 

 — Agora ele vem rápido me matar — Ele tenta sorrir, mas logo volta a ficar serio  — Você precisa saber de tudo.

Salva Pelo Traficante (Livro 2 - Versão Original)Onde histórias criam vida. Descubra agora