PV: Sofia
Sabe quando você acha que tudo vai dar errado e aparece uma luzinha no fim do túnel e te mostra que você estava errada? Estou vivendo isso agora.
Quando coloco a Flávia no chão que olho pra direção da gritaria das crianças, vejo ela. Ritinha me encara já em prantos.
Minha prima, a única família viva que eu tenho está na minha frente. Ela vem até mim e me abraça apertado, não consigo segurar as lágrimas.
É o terceiro abraço que recebo em menos de 24 horas, porque não saí de lá antes? Ela se livra do meu aperto e segura meu rosto sorrindo.
-Quando a Manú me contou que tinha tirado uma Sofia do Adeus, eu não acreditei que poderia ser você. - E limpa algumas lágrimas que descem do meu rosto - Meu Deus. Como você tá, Sofia?
E volta a me abraçar, apertar e beijar o meus rosto. Realizada, é assim que eu me sinto. Consegui encontrar alguém da minha família. Alguém que sabe tanto quanto eu do que passei na mão do Trek.
Alguém que não preciso contar a minha história e esperar que fique com pena de mim.
-Você morava na Rocinha!
-Que bom que eu vim, que bom que estou aqui. A gente vai ficar junta agora, nada mais vai acontecer com vocês
Volto a chorar e abraça-la com força. Minha família, minha família.
-Você conseguiu sair de lá. Você foi forte, Sofia. Forte. - Ela volta a me encarar.
-Fui mãe. - Ela sorrir confirmando - Senti tanta falta de você.
-Também senti a sua, meu amor. Que pena que a vovó não está mais aqui pra te ver livre. Ela ia fazer uma festa - E sorri bagunçando o meu cabelo. - Você tá bem agora.
Confirmo sorrindo. Estou livre, estou livre e a salvo. Consegui tirar a minha menina de lá, encontrei a única família que me restava. É isso que importa, o que vier a partir de agora não é nada comparado ao que já passei. Estamos livres, estamos bem!
-Vem, vamos sentar. - Ela me leva pra cadeira mais próxima da piscina de costa para a entrada
-Aqueles são o casal confusão? - Ela gargalha.
-São os meus pequenos. - Ela aponta pra um casal que discute sobre quem vai descer primeiro no escorrego.
Manuella sai de uma das portas da casa, parece séria. Nós ver e sorrir, pega um dos meninos que está numa parte de areia do terraço.
-Vem sujeira. - O garotinho não gostou muito e tenta sair de seu aperto - Valentina, olha o Vitor, vou trocar o seu irmão
-Não, mamãe. - A garotinha parece assustada e se levanta apressada - Toca ele não, gosto dele - Manuela cai na risada junto com a gente
-Vou só dar um banho nele. - Ela se abaixa e lhe dá um beijo alisando seus cabelos. - Prometo não troca-lo, tudo bem?
A garotinha confirma, mas fica alguns segundos assustada encarando a mãe subir as escadas. Ela pega a mão da Flávia, que não desgruda dela, e vai pra junto do irmão brincar com alguns carrinhos
-Ficam assim a manhã inteira se deixar - Volto a atenção para Ritinha.
-Flavinha parece gostar, né?
-Ela tá bem depois de tudo que aconteceu? Ela não fala muito.
-Ela disse que quer ficar aqui. Que aqui não deixa ela com muito medo - Vejo os olhos da Ritinha encherem de lágrimas, ela desvia o olhar antes que desça.
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Salva Pelo Traficante (Livro 2 - Versão Original)
Fiction généraleSérie - Contos de Favela ATENÇÃO! O livro aqui disponibilizado está registrado na biblioteca do livro e qualquer cópia disponibilizada sem autorização terá o seu autor processado. Livro contém: Cenas de sexo Palavrões Apologia ao Crime Mortes Crime...