Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.
Lispector, C
PV: Conan
Ela estava atirando. Atirando!
—Que tal tu ficar calmo? — PL diz do lado do passageiro enquanto saio cantando pneu da biqueira.
Eu só tinha ido ver as armas que havia chegado, as armas que o PL pediu permissão de enviar pro Vidigal. O plano de invasão a Rocinha, tinha começado, Paulo tinha resolvido sair da zona vermelha do Trek.
Ele tinha razão, o Alemão era o pior centro de comando se tu queria ficar em paz. O complexo era cercado de construções e outras favelas sem comando, lotado de pontos cegos e banhada por gente que odiava o novo dono.
Morei lá por muito tempo, comandar aquele lugar com o Caveira foi a coisa mais fácil de se fazer. Não foi diferente quando a Manuella assumiu, afinal era a herdeira daquele lugar, mas com o PL, um ex ADA, a historia era diferente.
A primeira tentativa contra ele, se deu quando foi confirmada a saída da Manuella do comando, ela tava no hospital cuidado dos gêmeos prematuros quando o carro que o PL voltava da maternidade, foi alvejado.
Blindado ou não, eles queriam matar. O recado foi dado. Os suspeitos foram queimados, nem todos na minha opinião, foram mortos.
A segunda veio em duas semanas, uma emboscada com os cana na cola, sorte que o PL não deu as caras. Mas todo o resto dos soldados, foram presos por causa de um x9 que queria um chefe de sangue pra representar o CV.
Acabou morto eletrocutado, era a forma como o Comando Vermelho matava os x9. A revolta do uso do choque, dito como deles, pelo ex ADA, acabou com a casa que eles moravam, incendiada.
Foi ai que o pente-fino rolou. De casa em casa, todos os que acreditávamos conspirar contra o novo comando, foi morto na frente da própria família. Paulo deixou claro que com ele, ex ADA ou não, não se mexia.
Não reclamei que eles voltassem para a Rocinha, era ali seu lugar. E ter a minha irmã mais perto, seria... uma tormenta pra minha cabeça e um alivio pro meu coração.
Aquelas baboseira lá, era verdade, minha prioridade tinha mudado, mas eu nunca a deixaria de lado. Minha branca de neve ainda tomava parte do meu juízo, continuava querendo tranca-la em algum lugar, mesmo que ela soubesse como se cuidar sozinha.
A Manú tinha um dom, me fazia ama-la e odiá-la em questões de segundos.
A primeira remessa de armas e equipamentos tinha acabado de sair, quando a noticia que ela havia levado a Sofia pra uma roda de homens, chegou.
—Manuella sabe o que faz, cê viu a briga, cê tava lá, sabe que ela tem razão.
—Tem razão em se meter nas tuas coisa, mas trazer a Sofia pra esse meio? Não!
—Tu não manda nela. — Me viro pra ele, ele tava querendo ser jogado do meu carro em movimento?
—Cala a boca! —Ele bufa.
—Vocês dois brigam porque são iguais! Dois teimosos que querem fazer as merda sem pensar nas consequências. A branquinha e eu estamos no meio de dois maluco!
— Vou te jogar do meu carro! — Ele não para
— Manuella querendo ser macho, salvando todo mundo, e tu sendo macho, tentando fazer a outra se trancar num quarto pra poder salvar o mundo. Dois locão!
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Salva Pelo Traficante (Livro 2 - Versão Original)
Ficção GeralSérie - Contos de Favela ATENÇÃO! O livro aqui disponibilizado está registrado na biblioteca do livro e qualquer cópia disponibilizada sem autorização terá o seu autor processado. Livro contém: Cenas de sexo Palavrões Apologia ao Crime Mortes Crime...