PV: Sofia
A minha filha aguentou, Deus é tão maravilhoso que nada aconteceu com ela. Nasceu perfeita, saudável e forte. Dei-lhe o nome de Flavia, o mesmo nome da minha mãe. Mamãe sempre quis que eu fosse feliz, e a minha menina era minha felicidade.
O Trek nunca se aproximou de mim depois que tive a Flavia, as vezes o via olhando pra ela com o olhar fixo, as vezes o pegava sorrindo para a gargalhada que e a mãe dele provocava nela, mas nada além disso.
Era meu paraíso mesmo tendo que olhar para a cara dele todo santo dias. Confesso que um desespero me tomava quando via ele encarando minha filha, ele não era bom e nada que ele fizesse ia conseguir mudar a minha cabeça.
A dona Dalva vivia em uma completa alegria com a Flavinha fazendo bagunça pelos cantos, dava-lhe tudo que quisesse, era sim uma avó babona. Ela a amou e mimou até o dia de sua morte. A vida não é justa pra todo mundo.
Era uma sexta-feira quando acordei com a Flávia tendo pesadelo, a agarrei junto a mim e a levei a cozinha para poder acalma-la. Dar-lhe água, leite qualquer coisa que a fizesse parar de chorar.
Antes de chegar a cozinha já escutava os seus resmungos, apressei os passos no corredor e dei de cara com a Dona Dalva tentando se sustentar apenas com um lado do corpo em uma cadeira.
Eu não soube o que fazer de imediato, há três horas atrás tinha a deixado em seu quarto e ela estava ótima.
-Não sinto nada, filha. Acho que tô morrendo - Custo a entender por causa da sua fala enrolada
Corro em sua direção e tento ajudar a se levantar, mas não consigo com uma criança nos braços, parecia que tinha chumbo do seu lado esquerdo.
-Chame o Bruno, preciso ver o meu menino antes de ir. - Sua boca meio torta já me deixa em desespero
Vacilei em meus pés e com a Flávia ainda choramingando em meus braços corri para a porta de saída. Sabia que o Trek não estava em casa, hoje era dia de baile
-Chamem o Trek, a mãe dele tá passando mal! - Gritei na direção dos homens que se assustaram. Dois entraram na casa, um subiu na moto e saiu cantando pneu e o outro tentava falar no rádio com alguém
-Onde ela está?
-Não cozinha, na cozinha. Ela precisa ir pro hospital!
-Me ajude a levar ela pro quarto - Ele fala para o outro cara que entra com ele
-Não, ela precisa de um médico - Falo indignada
-Não podemos sair sem permissão do patrão
O que? A mãe dele tava passando mal, a mãe dele! Ele não ligaria se um dos seus soldados saísse pra salvar a vida da sua mãe.
Eu não sabia o quão grave tudo aquilo era ou o que estava acontecendo, mas se fosse minha mãe sem poder movimentar um lado do corpo eu beijaria os pés de quem a ajudasse de alguma forma.
Eles a levaram para o quarto sobre meus protestos e a colocaram em sua cama. Ela choramingava falando sobre a morte, sobre não poder mais ver o Trek. Eu ficava mais desesperada por ver ela assim. A cobri e vi os homens saindo.
-O que aconteceu? - Coloco a Flávia mais calma a seu lado
-Acordei com muita dor minha filha. Levantei pra pegar um comprimido pra tomar e já fui caindo, quando cheguei na cozinha me senti fraca e fui caindo devagar. - Ela fala estranho
-Porque não gritou por mim? A senhora poderia ter ficado ali a noite toda. - Ela apenas sorri e alisa os cabelos da Flavinha que se deitou ao seu lado.
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Salva Pelo Traficante (Livro 2 - Versão Original)
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