♚ II - 12 ♛

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PV: Manuella

Os homens do Paulo não param de comer e conversar, as bebidas são deixadas de lado e trocadas por refrigerante, eles sempre esperam um tiroteio no fim de algum acordo. Principalmente se esses acordos envolve o dinheiro do Complexo.

Conan mantem um olho em nós e outro no rádio do seu lado. Ele já levantou umas quatro vezes pra conversar em particular com o PL. Quando pergunto o que está acontecendo, se faz de desentendido. Tina mantem os olhos e ouvidos atentos nas conversas dos "tios". Uma velha fuxiqueira no corpo de uma criança.

Estou impaciente, a garota não me sai da cabeça, tento formular a todo instante um modo de entrar naquela casa sem ser vista, ou pelo menos fingir que preciso de algo de dentro dela antes que o PL apareça e queira cortar o meu barato.

Não sei o que vou fazer se conseguir tira-la de lá, mas não gosto de pensar nisso. O primeiro passo é entrar sem fazer estrago, pra sair é só atirar em todo mundo e tentar não morrer ou não matar alguém importante para os negócios do Paulo.

O sol está quase às escondidas e aqueles homens não param de beber, cheirar e dançar se esfregando nas mulheres, ninguém arreda o pé. Uma ideia me surge, que Deus me perdoe por usar minha própria filha, mas é pra um bem maior.

-Quer ir no banheiro, filha? - Ela balança a cabeça negando e volta a prestar atenção na conversa dos homens.

-O que você tem, tá nervosa ? - Conan me olha como se eu tivesse aprontado algo

-Nada, só estou preocupada com a demora do PL - Não é totalmente mentira.

Sei que o paiol tem difícil acesso, mais são quase duas horas de espera e, na real, espero que ele demore um pouco mais pra me dar tempo. Pego um refrigerante da caixa e coloco num copo limpo.

-Toma Tina. - Ela abre o sorriso e toma com alegria.

-Num é você que fala pra não dar tanto açúcar pras tuas cria? - Ele volta a me olhar daquele jeito

-Fica queto na sua. - Ele sorrir

Não demora tanto pra o efeito surgir, dois copos e ela começa a se contorcer na cadeira. Ela não quer parar de escutar a conversa e não aceita que precisa fazer xixi. Ela me olha e desce da cadeira.

-Banheiro, mamãe. - Abro um sorriso de orelha a orelha, como se aquilo fosse a coisa mais importante na minha vida. É na vida de alguém pelo menos.

-Vou levar a Tina no banheiro - Digo ao Conan e aos caras enquanto coloco a pistola na cintura.

Direciono a Tina para a frente da casa, na porta dou de cara com um mal encarado idiota, mas ele não impede minha entrada, não quando eu ameaço que ela vai fazer xixi nos pés dele.

A casa é pequena a vista da minha. Um andar apenas, uma sala-cozinha em um único cômodo e um corredor com portas. Assim que chego na entrada do corredor percebo um homem forte guardando uma porta no fim dele. Sinal que algo ali importa.

Ele me olha e me observa enquanto empurro a Valentina pro fim do corredor. Vejo ele arrumar o fuzil nas costas e prender os braços atrás dela. Se ele protege aquela porta é porque algo não deve entrar, ou algo não deve sair.

-Onde fica o banheiro? - Pergunto com um sorriso. Ele aponta com a cabeça para a porta a minha frente.

Entro no banheiro. Ajudo a Tina a fazer xixi e fico impaciente pensando no próximo passo, essa é a única chance de tentar falar com aquela garota, não posso mais inventar algo pra entrar ali. Visto a roupa dela e ajudo a lavar as suas mãos.

Salva Pelo Traficante (Livro 2 - Versão Original)Onde histórias criam vida. Descubra agora