♚ II - 09 ♛

14.5K 1.2K 461
                                    

AGORA

PV: Sofia

Ele virou o próprio pai. Estou agarrada a Flávia enquanto Trek grita atrás da porta do quarto dela, esmurra e grita que eu sou uma vadia de merda. Minha filha chora de soluçar em meus braços.

A culpa daquilo, dele estar furioso com o mundo, não é minha, mas ele parece não enxergar sobre tanto ódio. Eu estava na cozinha dando o almoço da Flavia quando ele chegou furioso, quebrando tudo dentro de casa.

Quando nos viu, sentada a mesa, parece que se transformou em alguém ainda pior, veio na minha direção e me bateu. Só escutei o grito da minha filha e a dor, não pensei duas vezes e joguei o que estava na minha frente nele. Um prato e uma garrafa de café cheia. Não deve ter feito estrago já que ele correu atrás de mim.  

Consegui agarra-la e corri para o nosso quarto com ele as minhas costas. Ela estava aos prantos, quando me viu com o nariz sangrando levou um choque e gritou ainda mais por medo de algo acontecer a mim, já que gritava que eu não poderia morrer. 

Me vejo na pele da mãe dele, me vejo apanhando e sendo violentada pelo resto da vida pelo homem que me deu a coisa mais preciosa. E ainda vejo o meu futuro com ele, onde ele me mata no final e deixa a minha filha no meu lugar, passando por tudo que eu passei.

Agarro a Flavia tentando faze-la parar de chorar para que aquele mostro nos esqueça e continue a se irritar sozinho. Não posso deixar a minha menina no meio daquele furacão por mais tempo.


♛♛♛


4 horas depois, quando a casa está em silencio abro uma fresta da porta e olho para o corredor escuro. Flavia tem fome, já que não chegou a almoçar. E só quem é mãe sabe o quanto é doloroso ter um filho com fome e não poder fazer nada.

Abro mais a porta e coloco o pé pra fora esperando que o mostro apareça a qualquer instante. Olho na direção do banheiro, na porta vizinha, e não há ninguém. Me volto para a Flavia segurando a porta.

-Fecha a porta na chave! 

-Não vai mamãe, por favor - Lagrimas descem dos seus olhinho que me aperta o coração. Mas já fazem quatro horas que está tudo em silencio, ele não deve estar em casa. 

-Vai, filha, fecha a porta - Ela tranca com rapidez e escuto o barulho da chave. 

Caminho devagar, abrindo as portas dos outros comodo lentamente, procurando aquele demônio. Ele não está em nenhum lugar do corredor, continuo na ponta dos pés indo até a cozinha.

A luz da cozinha está acessa dando pra iluminar a sala, não tem ninguém. Vou rápido na direção da geladeira e a abro. Pego o pote com uva e a caixa de leite, agarro um garfo e a farinha láctea do armário. Só preciso disso esta noite.

Rapidamente, sem olhar pra trás ou pra qualquer outro lugar, vou na direção do quarto passando pelo corredor. Meu coração bate descompassado, além de suar frio  já sorriu pensando que tudo deu certo e que amanhã é outro dia.

Poderia ter dado certo se ele não surgisse na minha frente saindo do quarto dele, com o susto, de ver alguém no completo escuro, grito. Esse foi o meu erro.

Ele me agarra pelos cabelos, tudo nas minhas mãos caem, ele me joga no chão do seu quarto, sinto a estrutura da cama bater na minha cabeça. O escuro não me deixa enxergar muita coisa e com aquela batida estou quase vendo estrelas.

Sinto sua mão agarrar meu tornozelo e ele me puxar com força, minha testa bate na quina da porta e sinto uma dor excruciante e o latejar. Tenho certeza que escorre sangue.

Salva Pelo Traficante (Livro 2 - Versão Original)Onde histórias criam vida. Descubra agora