PV: Sofia
A Bia me deixa só enquanto carrega as malas pra dentro de um quarto no fim do corredor. Me sento no sofá trazendo a Flávia pra mais perto. Era uma sala normal, apenas um sofá e uma TV, a sala dava entrada pra um corredor longo com a cozinha bem na entrada, já o resto do corredor era bem escondido, com três ou quatro portas fechadas.
Bia vem sorrindo do corredor, num rompante maluco se joga em cima de mim fazendo a Flávia rir também. Abracei ela sentindo a diferença do seu peso, da sua pele e principalmente das marcas de cicatriz que cobria seus ombros e seu rosto sem maquiagem.
— Agente tá junta agora.
-Por alguns dias - Ela me solta, mas passa as mãos pelos meus cabelos sorrindo — Cê que ta dizendo — E depois olha a Flavinha. —E você pequenininha — Flávia rir quando é tirada do meu colo — Cresce mais a cada dia, e fica mais linda. —Flávia gargalha quando ela a beija e faz cócegas.
Ela continua brincando com a Flavinha quando a porta da frente se abre, o Caveira entra irritado. Eu esperava que não fosse pela companhia indesejada. Eu sabia que ele não gostava de mim, não precisava dizer, não olhar pra minha cara quando me via já era suficiente.
—O que foi dessa vez? — A Bia pergunta ainda agarrada com a Flavia, como se o conhecesse ha anos.
—Minha filha... — E troca enfim olhares comigo — ...os meus filhos.
Baixo a cabeça. Aquilo também já era suficiente, respiro fundo, eu precisava ficar longe do Conan por uns dias e se fosse pra aguentar aquilo só por alguns dias, eu aguentaria. Foram anos numa situação bem pior, aquilo não seria nada em comparação.
—E você? — Levanto a cabeça e vejo ele encarando a Flávia — Veio passar uns dias com o seu avô chato? — Fico tensa imediatamente.
—Ahhh, cala a boca! — Bia começa
—Fica queta! — Ele diz grosso me assustando — Não se meta nisso!
—Era só o que faltava, dois lunáticos! — Ela diz se encostando no sofá e cruzando os braços. O Caveira para de lhe dar atenção e olha pra Flávia.
—Você sabe o que é avô? — Eu encarava ele de boca aberta.
—A Tina te chama de vovô — Ela diz tímida, ele rir.
—Você também pode me chamar de vovô. — Ela olha pra mim rápido.
Eu não sabia o que dizer, nem o que pensar de toda aquela mudança de humor repentina. Ele só podia ser pai do Conan, balanço a cabeça devagar pra ela, confirmando. Ela olha pra ele então, e balança a cabeça. Ele rir.
—Vamo lá assistir desenho, sua mãe quer conversar com essa insuportável aí. — Flávia sorrir e lhe dá a mão saindo do colo da Bia.
Vejo os dois saírem e fico ouvindo baixo a conversa dos dois mesmo sem entender, ele entra na primeira porta a deixando aberta. Olho pra Bia que também olhava pro dois, ela olha pra mim de cara feia.
—O que foi?— Pergunto, ela queria que eu fizesse o que? Saísse na porrada com o Caveira por fazer a Flavia sorrir?
—Ele não é o pai dela! — Suspiro me encostando no sofá
—Não se mete nisso — Ela bufa
—Serio? O filho da puta chega e só por abrir o sorriso tu cai na conversa do desgraçado?
—Você não o conhece— Digo irritada
—Nem você! Um mês Sofia, na porra de um mês do caí na lábia do bárbaro?
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Salva Pelo Traficante (Livro 2 - Versão Original)
General FictionSérie - Contos de Favela ATENÇÃO! O livro aqui disponibilizado está registrado na biblioteca do livro e qualquer cópia disponibilizada sem autorização terá o seu autor processado. Livro contém: Cenas de sexo Palavrões Apologia ao Crime Mortes Crime...