♚ II - 53 ♛

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PV:Sofia

Conan continuava ali na minha frente, ajoelhado e atordoado no meio da porta do quarto me encarando. Ele parecia cansado, estava ferido no rosto, nos braços e boa parte da lateral da camiseta junto ao colete estava faltando pedaços, como se tivesse brigado com alguém que usava uma faca como arma.  

A Flávia se remexe nos meus braços e olha pro Conan ainda paralisado olhando pra nos duas. Sem parar de chorar baixo ela sai dos meus braços e corre pra ele, enlaça seu pescoço com força e se encolhe no seu abraço. Mesmo com ela colada a ele seu rosto cheio de tormenta não muda. Ele a prende em seus braços e senta no chão pra conforta-la enquanto fala coisas em seu ouvido. que não consigo escutar.

Coloco a mão na minha barriga enquanto vejo aquela cena, poderia ser só um atraso, não poderia? 

Minha menstruação nunca tinha sido regular, sempre pulando uma semana ou duas, eu poderia tá imaginando coisa. Tento calcular na minha cabeça quanto tempo fazia que ela não vinha, duas semanas antes daquele churrasco ela tinha chegado junto a uma cólica insuportável. Parecia fazer tanto tempo.

Sinto o coração acelerar ao pensar na possibilidade de não ser do Conan, mas não era justo se fosse do Trek. Aquele exame revelaria alguma coisa. Uma doença, uma gravidez ou qualquer coisa errada que tivesse vindo junto comigo daquela casa.  Suspiro procurando mais sintomas do que apenas um atraso. Eu precisava saber o que tava acontecendo. Poderia não aparecer naquele exame se eu tivesse grávida de poucos dias?

—O que é isso?! — Vejo o Conan se levantar com a Flávia nos braços e vim apressado até mim,  ele agarra meu braço me fazendo levantar sem nenhuma delicadeza. O que ele tinha visto?

—Eu...— Tento amenizar se ele tivesse visto a minha mão alisar a barriga. Eu não poderia dizer algo assim, não se eu não tivesse certeza

— SANGUE! isso é sangue? De onde veio isso?— Ele grita

Suas mãos agarram o local da camiseta que circulam a minhas pernas. Observo o sangue escuro que ainda secava entre suas mãos, elas tremiam descontroladamente. Encaro ele pra tentar amenizar a situação, ele enlouqueceria se soubesse o que o Trek tinha tentado fazer, mas antes que eu possa falar ele sobe a barra da camiseta, o frio sobe até a minha barriga.

Seus olhos se abrem, sua boca tem a mesma reação e vejo o medo e a dor transformar seu belo rosto. Com medo desço os olhos pra ver o que tinha feito aquilo. Era as minhas pernas que ele olhava. Até me assustei quando vi a mancha vermelha sobre a calcinha e entre as pernas, como se tivesse escorrido tanto pra baixo quanto pra parte de trás da calcinha.

Abro a boca pra dizer o que tinha acontecido, mas parei quando vi a dor crua em seus olhos.

—Não! —  Ele diz— Você... Sofia... Não, você não. Não! —  Ele parecia estar se contorcendo na própria dor. Era só sangue porque tanto espanto? 

— Escuta...—Tento falar

—Isso... Não. Não pode ta acontecendo, Deus! — Ele agarra a barra da camiseta com força—Isso não!

—Conan? — Continuo— CONAN! —Mesmo com a Flávia nos braços ele voltou a se ajoelhar no chão. 

Aquilo me aterroriza. Seu outro braço livre agarra minha cintura com força e me puxa pra mais perto dele. Seu braço só faltava me quebrar no meio de tão apertado que ele me prendia contra si.

—Por favor— Ele continua. Ele preciosa seu rosto contra minha barriga como se sentindo dor, uma dor tão terrível e insuportável que começo a entra em desespero.

—Conan, eu tô bem— Tento buscar seu rosto com as mãos pra que ele me olhe e veja que estou bem, mas ele não deixa.

—Não, não tá! Meu Deus, de novo não, não!— Eu já não conseguia entender a sua agonia. Fungo e tento tirar as lágrimas que eu não tinha notado escorrer.

Salva Pelo Traficante (Livro 2 - Versão Original)Onde histórias criam vida. Descubra agora